Aspectos evolutivos em Stevardiinae (OSTARIOPHYSI: CHARACIDAE) : filogeografia e filogenia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Hirschmann, Alice
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/141820
Resumo: Peixes de água doce apresentam muitas vezes uma estrutura filogeográfica marcante, fortemente associada com as mudanças históricas e ecológicas do ambiente aquático. Tem sido sugerido que os padrões atuais de distribuição da fauna de peixes em rios de água doce das drenagens costeiras do Brasil espelhem conexões passadas ou presentes entre estas drenagens. Sendo assim, diferentes condições ecológicas em uma mesma drenagem podem agir como barreiras permeáveis à dispersão e ao fluxo gênico. Estudos anteriores reconheceram dois componentes espaciais discretos para a ictiofauna das bacias costeiras de água doce do sul do Brasil (ecorregião Tramandaí-Mampituba): a ictiofauna das lagoas da planície e a ictiofauna dos rios que drenam pelos vales da encosta da Serra Geral. Duas das três espécies de Stevardiinae endêmicas dessa ecorregião, Diapoma itaimbe e Bryconamericus lethostigmus, são simpátricas e restritas a ambientes fluviais, sendo ausentes nas lagoas da planície costeira. Assim, essa ecorregião é particularmente interessante para estudar processos filogeográficos e de especiação recentes, sendo ambas as espécies bons modelos de estudo. A fim de testar se as lagoas costeiras podem limitar a dispersão de uma espécie restrita aos rios, descrevemos a história filogeográfica das populações de D. itaimbe. Após, abordamos os aspectos filogeográficos de B. lethostigmus com uma discussão baseada na comparação entre estas duas espécies simpátricas. Além disso, uma redescrição de B. lethostigmus é realizada com adição de dados morfológicos e moleculares. Recentemente ambas as espécies tiveram sua classificação alterada em uma nova proposta de classificação para tribos e gêneros em Stevardiinae baseada em uma filogenia com dados moleculares. Por este motivo, estas espécies são apresentadas com grafias diferentes (Odontostoechus lethostigmus e Cyanocharax itaimbe) no capítulo 1 (já publicado) em relação aos demais. Odontostoechus foi considerado sinônimo junior de Bryconamericus sensu stricto e Cyanocharax, juntamente com Hyphessobrycon guarani, foram atribuídas ao gênero Diapoma a fim de definir um gênero monofilético e para ser coerente com a classificação filogenética. Enquanto filogenias moleculares apresentam tanto Diapoma como Cyanocharax como gêneros parafiléticos mas com as espécies dos dois gêneros formando um único clado, filogenias morfológicas apresentam Diapoma e Cyanocharax como gêneros distintos em Stevardiinae. Assim, buscou-se esclarecer as relações filogenéticas entre as espécies de Diapoma através de análises moleculares e morfológicas comparativas e também da análise simultânea destes dados. Surpreendentemente Diapoma itaimbe e Bryconamericus lethostigmus apresentaram padrões filogeográficos distintos. O monofiletismo de Diapoma (incluindo Cyanocharax) foi recuperado neste estudo em análises separadas, bem como na análise simultânea dos dados moleculares e morfológicos. No entanto, as relações entre as espécies de Diapoma foram incongruentes entre as análises morfológicas e moleculares independentes sendo que as filogenias moleculares apresentaram maior suporte para os clados do que as filogenias morfológicas. Já, a análise simultânea mostrou uma resolução para as relações internas de espécies Diapoma com suporte superior e com as sinapomorfias morfológicas.
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