Sintomas de ansiedade e sua influência no desempenho neuropsicológico, nas queixas subjetivas de perda cognitiva e no funcionamento eletrofisiológico cerebral em mulheres na perimenopausa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Miná, Camila Schorr
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/265661
Resumo: A perimenopausa é considerada uma etapa da vida da mulher com muitas mudanças do ciclo menstrual, gerando flutuações hormonais constantes, e por isso, surgem sintomas que podem se tornar disfuncionais, como alterações emocionais, especificamente ansiedade, e sintomas cognitivos. O objetivo geral do presente estudo foi investigar a presença de sintomas ansiosos em mulheres na perimenopausa e estudar a relação desses sintomas no desempenho em tarefas neuropsicológicas (atenção, memória e funções executivas), nas queixas subjetivas de perda cognitiva (em relação à performance da memória no dia-a-dia) e no funcionamento cerebral (através de medidas eletrofisiológicas). Participaram do estudo 83 mulheres, com idades entre 45 e 55 anos (M=49,87; DP=2,80), que estavam no período da perimenopausa. Elas foram recrutadas pela mídia para realizar uma avaliação psiquiátrica e neuropsicológica e para responderem a questionários de autorrelato sobre queixas de memória e metamemória (Fase 1). Uma sub-amostra (N=39) foi convidada a participar novamente, em torno de seis meses após a primeira fase do estudo, para realizar uma tarefa atencional computadorizada enquanto era conduzido o eletroencefalograma (EEG; Fase 2). Foram realizadas as seguintes análises: 1) correlações de Pearson entre os escores brutos da Escala Hamilton de Ansiedade (HAMA) e os escores brutos dos testes neuropsicológicos, dos questionários de autorrelato sobre queixas de perda cognitiva (MAC-Q, questões subjetivas de perda de memória e PRMQ-10), e sobre metamemória (MIAr); 2) regressões lineares múltiplas, em que os escores da HAM-A foram testados como preditores dos escores dos testes neuropsicológicos e dos escores dos questionários de autorrelato; e 3) correlação de Spearman entre os escores da HAM-A e a média de amplitude da onda analisada no EEG (Error-Related Negativity - ERN). Foi possível observar que 57% da amostra apresentou sintomas ansiosos leves a graves, e 34,9% apresentou transtorno de ansiedade generalizada. Em geral, as correlações foram negativas e fracas entre os escores brutos da HAM-A e os escores brutos das variáveis neuropsicológicas das tarefas de Fluência Verbal Ortográfica (FVO) e Semântica (FVS) e para o número de trials corretos após erros na tarefa de atenção computadorizada (fase 2; correlação marginalmente negativa e fraca). Com relação às queixas subjetivas de perda cognitiva, destacam-se as correlações negativas e moderadas entre os escores brutos das variáveis da HAM-A e os escores brutos das subescalas do MIAr (Capacidade, Mudança e Ansiedade). Destacam-se também correlações positivas leve à moderadas entre os escores brutos da HAM-A e os escores brutos das subescalas do MIAr (Estratégia e Meta), da MAC-Q, do PRMQ-10, e das questões subjetivas de perda de memória números 1, 2, 3 e 4. As análises de correlação de Spearman não foram significativas, provavelmente pelo baixo número de participantes e baixa variabilidade de escores (foi necessário a exclusão de 27 participantes da sub-amostra devido a problemas com o experimento). Com relação às regressões lineares múltiplas realizadas, com os escores brutos da HAM-A como preditores, dentre as variáveis neuropsicológicas preditas, a variável da tarefa de Fluência Verbal Ortográfica – Letra A (46 a 60s) apresentou uma associação mais forte (β=-0,233; p=0,034), explicando 4,2% da variância. Dentre as variáveis do MIAr preditas, a subescala Ansiedade apresentou uma associação mais forte (β=-0,577; p=0,001), explicando 32,4% da variância. Dentre as variáveis dos questionários de queixas subjetivas de perda cognitiva preditas, o PRMQ-10 apresentou uma associação mais forte (β=0,441; p=0,001), explicando 18,3% da variância. Foi possível analisar que quanto mais sintomas ansiosos, menor foi o desempenho em fluência verbal e houve mais queixas subjetivas de perda de memória. Além disso, quanto mais sintomas ansiosos menor é a percepção da capacidade de memória, maior é a percepção de mudança da memória ao longo do tempo e maior é a ansiedade frente à memorização. Em tarefas que recrutam processos atencionais, o fator tempo envolvido para realizá-la pode ter contribuído para o aumento da ansiedade e consequente queda de desempenho em algumas das tarefas neuropsicológicas avaliadas nessa amostra. O valor atribuído aos processos de memória pelas mulheres do estudo pode estar por trás da percepção de perda cognitiva que relatam ter. Além de intervenções medicamentosas, poderiam ser conduzidos outros tipos de tratamentos para melhorar aspectos relacionados a esse período, como psicoterapia voltada à diminuição de sintomas ansiosos e adaptação de crenças metacognitivas relacionadas ao desempenho de memória.
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Elas foram recrutadas pela mídia para realizar uma avaliação psiquiátrica e neuropsicológica e para responderem a questionários de autorrelato sobre queixas de memória e metamemória (Fase 1). Uma sub-amostra (N=39) foi convidada a participar novamente, em torno de seis meses após a primeira fase do estudo, para realizar uma tarefa atencional computadorizada enquanto era conduzido o eletroencefalograma (EEG; Fase 2). Foram realizadas as seguintes análises: 1) correlações de Pearson entre os escores brutos da Escala Hamilton de Ansiedade (HAMA) e os escores brutos dos testes neuropsicológicos, dos questionários de autorrelato sobre queixas de perda cognitiva (MAC-Q, questões subjetivas de perda de memória e PRMQ-10), e sobre metamemória (MIAr); 2) regressões lineares múltiplas, em que os escores da HAM-A foram testados como preditores dos escores dos testes neuropsicológicos e dos escores dos questionários de autorrelato; e 3) correlação de Spearman entre os escores da HAM-A e a média de amplitude da onda analisada no EEG (Error-Related Negativity - ERN). Foi possível observar que 57% da amostra apresentou sintomas ansiosos leves a graves, e 34,9% apresentou transtorno de ansiedade generalizada. Em geral, as correlações foram negativas e fracas entre os escores brutos da HAM-A e os escores brutos das variáveis neuropsicológicas das tarefas de Fluência Verbal Ortográfica (FVO) e Semântica (FVS) e para o número de trials corretos após erros na tarefa de atenção computadorizada (fase 2; correlação marginalmente negativa e fraca). Com relação às queixas subjetivas de perda cognitiva, destacam-se as correlações negativas e moderadas entre os escores brutos das variáveis da HAM-A e os escores brutos das subescalas do MIAr (Capacidade, Mudança e Ansiedade). Destacam-se também correlações positivas leve à moderadas entre os escores brutos da HAM-A e os escores brutos das subescalas do MIAr (Estratégia e Meta), da MAC-Q, do PRMQ-10, e das questões subjetivas de perda de memória números 1, 2, 3 e 4. 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Foi possível analisar que quanto mais sintomas ansiosos, menor foi o desempenho em fluência verbal e houve mais queixas subjetivas de perda de memória. Além disso, quanto mais sintomas ansiosos menor é a percepção da capacidade de memória, maior é a percepção de mudança da memória ao longo do tempo e maior é a ansiedade frente à memorização. Em tarefas que recrutam processos atencionais, o fator tempo envolvido para realizá-la pode ter contribuído para o aumento da ansiedade e consequente queda de desempenho em algumas das tarefas neuropsicológicas avaliadas nessa amostra. O valor atribuído aos processos de memória pelas mulheres do estudo pode estar por trás da percepção de perda cognitiva que relatam ter. Além de intervenções medicamentosas, poderiam ser conduzidos outros tipos de tratamentos para melhorar aspectos relacionados a esse período, como psicoterapia voltada à diminuição de sintomas ansiosos e adaptação de crenças metacognitivas relacionadas ao desempenho de memória.Perimenopause is considered a stage in a woman's life with many changes in the menstrual cycle, generating constant hormonal fluctuations, and therefore, symptoms appear that can become dysfunctional, such as emotional changes, specifically anxiety, and cognitive symptoms. The aim of the present study was to investigate the presence of anxious symptoms in women in perimenopause and to study the relationship of these symptoms in their performance in neuropsychological tasks (attention, memory and executive functions), in their subjective complaints of cognitive loss (about performance of memory in daily life) and in their brain function (electrophysiological measurements). The study included 83 women, aged between 45 and 55 years old (M=49.87; SD=2.80), who were in the perimenopause period. They were recruited by the media to perform a psychiatric and neuropsychological assessment and to answer self-report questionnaires about complaints of memory and metamemory (Phase 1). A smaller sample (N = 39) was invited to participate again, about six months after the first phase of the study, to perform a computerized attention task while the electroencephalogram was conducted (EEG; Phase 2). The following analyzes were performed: 1) Pearson's correlations between total scores of the Hamilton Anxiety Scale (HAM-A) and the total scores of the neuropsychological tests, self-report questionnaires about complaints of cognitive loss (MAC-Q, subjective questions of memory loss and PRMQ10), and metamemory (MIAr); 2) multiple linear regressions, in which the HAM-A scores were tested as predictors of the scores of the neuropsychological tests and the scores of the self-report questionnaires; and 3) Spearman's correlation between the HAM-A scores and the mean wave amplitude analyzed in the EEG (Error-Related Negativity - ERN). It was observed that 57% of the sample had mild to severe anxiety symptoms, and 34.9% had generalized anxiety disorder. In general, the correlations were negative and weak between HAM-A scores and the scores of neuropsychological variables, such as tasks of Phonological Verbal Fluency (FVF) and Semantic Verbal Fluency (SVF) and for the number of correct trials after errors in computerized attention task (phase 2; marginally negative and weak correlation). Regarding the subjective complaints of cognitive loss, the negative and moderate correlations between the scores of the HAM-A and the scores of the MIAr subscales (Capacity, Change and Anxiety) stand out. There are also positive mild to moderate correlations between HAM-A scores and the MIAr (Strategy and Goal) subscales, MAC-Q, PRMQ-10 and the subjective questions of memory loss numbers 1, 2, 3 and 4. Spearman's correlation analyzes were not significant, probably due to the low number of participants and low score variability (it was necessary to exclude 27 participants from the smaller sample due to problems with the experiment). Regarding the multiple linear regressions performed, with the HAM-A scores as predictors, among the predicted neuropsychological variables, the Orthographic Verbal Fluency task – Letter A (46 to 60s) scores presented a stronger association (β=-0.233; p=0,034), explaining 4.2% of the variance. Among the predicted MIAr variables, the Anxiety subscale showed a stronger association (β=-0.577; p=0,001), explaining 32.4% of the variance. About the predicted subjective complaints of cognitive loss questionnaires variables, the PRMQ-10 showed a stronger association (β=0.441; p=0,001), explaining 18.3% of the variance. It was possible to analyze that the more anxious symptoms, the lower the verbal fluency performance and there were more subjective complaints of memory loss. Besides, the more anxious symptoms, the lower the perception of memory capacity, the greater the perception of memory change over time and the greater the anxiety about memorization. In tasks that are recruited attentional processes, the time factor involved to perform it may have contributed to increased anxiety and consequent decrease in performance in some of the neuropsychological tasks evaluated in this sample. The value attributed to the memory processes by the women in this study may be behind the perception of cognitive loss that they are reporting. In addition to drug interventions, other types of treatments could be conducted to improve aspects related to this period, such as psychotherapy aimed at reducing anxious symptoms and adapting metacognitive beliefs related to memory performance.application/pdfporTranstornos de ansiedadePerimenopausaDisfunção cognitivaFunção executivaMemóriaNeuropsicologiaPerimenopauseAnxious symptomsCognitive declineSubjective memory complaintsNeuropsychologyMetamemorySintomas de ansiedade e sua influência no desempenho neuropsicológico, nas queixas subjetivas de perda cognitiva e no funcionamento eletrofisiológico cerebral em mulheres na perimenopausainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Ciências Básicas da SaúdePrograma de Pós-Graduação em NeurociênciasPorto Alegre, BR-RS2020mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001117205.pdf.txt001117205.pdf.txtExtracted Texttext/plain169770http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/265661/2/001117205.pdf.txtc70490bc1205a41619d9e35230983c2fMD52ORIGINAL001117205.pdfTexto completoapplication/pdf1221772http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/265661/1/001117205.pdf70050ae2e4a205e3aa1fd3807f541ecaMD5110183/2656612023-10-05 03:34:52.872711oai:www.lume.ufrgs.br:10183/265661Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-10-05T06:34:52Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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