A escuta em vertigem : otocartografias do presente
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/216205 |
Resumo: | Pesquisar à escuta é, para mim, um modo de operar com duas atitudes que realizo há muito tempo. Escolhi abordar este tema por dois motivos: 1) porque escuto e 2) porque escrevo. Invariavelmente, escrevo o que escuto. Escrevo ensaios, relatórios, diários, notas de aula, notas de leitura, listas e inventários, prontuários, mensagens de texto, artigos, crônicas e versos, resultado de minhas práticas musicais, tendo como instrumento o baixo elétrico, o exercício da profissão de psicóloga e a minha condição de andante atenta e à escuta das miudezas e grandezas cotidianas. Trato a escuta como indissociável da escrita, do que chamo de otocartografia (termo cunhado pela pesquisa na junção do conceito de otobiografia, de Jacques Derrida, e de cartografia, de Gilles Deleuze e Felix Guattari). A otocartografia me soa como uma resposta à questão que eu mesma me pus ao iniciar esta jornada de pesquisa: o que faço com o que escuto? Escrevo. A escuta surge aqui como uma espécie de objeto murmurante que habita as fronteiras do silêncio, demandando a elaboração de estratégias metodológicas para que pudesse com ela operar: escutar a escuta. Nesse sentido, lancei mão de diversos fragmentos poéticos (imagens, sons, poemas, enfim) para operar nesta otocartografia de escuta, aproximando-a ao campo da psicologia. Constatei que os termos escuta e escutar não aparecem nenhuma vez no Código de Ética Profissional do Psicólogo, mas o termo sigilo aparece 4 vezes, assim como os termos confidencial/confidencialidade. No entanto, a dimensão ética a que esta pesquisa se propõe está ligada à escuta como experiência, dado que, com Jean-Luc Nancy, parto da ideia de que não há sujeito senão ressoando, respondendo a um ímpeto, a um apelo, a uma convocação sempre coletiva em relação ao sentido. Assim, ao invés do sigilo confidencial (que estaria voltado a uma escuta individualizante), o pacto com o que rumoreja no encontro da pesquisadora com o silêncio, vertigens, sonoridades e vórtices do tempo presente, aproximando o escutar às dimensões estética e política. O resultado vocal é um texto que circula pela 1º pessoa do singular (de um eu que assume a fala), de uma 3º pessoa do singular (de um ela, a pesquisa) e de uma 1º pessoa do plural (de um nós, escutadores/escutadoras de uma pesquisa que também se quer coletiva). |
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Rosa, Géssica Carneiro daCosta, Luciano Bedin da2020-12-09T04:11:33Z2019http://hdl.handle.net/10183/216205001120448Pesquisar à escuta é, para mim, um modo de operar com duas atitudes que realizo há muito tempo. Escolhi abordar este tema por dois motivos: 1) porque escuto e 2) porque escrevo. Invariavelmente, escrevo o que escuto. Escrevo ensaios, relatórios, diários, notas de aula, notas de leitura, listas e inventários, prontuários, mensagens de texto, artigos, crônicas e versos, resultado de minhas práticas musicais, tendo como instrumento o baixo elétrico, o exercício da profissão de psicóloga e a minha condição de andante atenta e à escuta das miudezas e grandezas cotidianas. Trato a escuta como indissociável da escrita, do que chamo de otocartografia (termo cunhado pela pesquisa na junção do conceito de otobiografia, de Jacques Derrida, e de cartografia, de Gilles Deleuze e Felix Guattari). A otocartografia me soa como uma resposta à questão que eu mesma me pus ao iniciar esta jornada de pesquisa: o que faço com o que escuto? Escrevo. A escuta surge aqui como uma espécie de objeto murmurante que habita as fronteiras do silêncio, demandando a elaboração de estratégias metodológicas para que pudesse com ela operar: escutar a escuta. Nesse sentido, lancei mão de diversos fragmentos poéticos (imagens, sons, poemas, enfim) para operar nesta otocartografia de escuta, aproximando-a ao campo da psicologia. Constatei que os termos escuta e escutar não aparecem nenhuma vez no Código de Ética Profissional do Psicólogo, mas o termo sigilo aparece 4 vezes, assim como os termos confidencial/confidencialidade. No entanto, a dimensão ética a que esta pesquisa se propõe está ligada à escuta como experiência, dado que, com Jean-Luc Nancy, parto da ideia de que não há sujeito senão ressoando, respondendo a um ímpeto, a um apelo, a uma convocação sempre coletiva em relação ao sentido. Assim, ao invés do sigilo confidencial (que estaria voltado a uma escuta individualizante), o pacto com o que rumoreja no encontro da pesquisadora com o silêncio, vertigens, sonoridades e vórtices do tempo presente, aproximando o escutar às dimensões estética e política. O resultado vocal é um texto que circula pela 1º pessoa do singular (de um eu que assume a fala), de uma 3º pessoa do singular (de um ela, a pesquisa) e de uma 1º pessoa do plural (de um nós, escutadores/escutadoras de uma pesquisa que também se quer coletiva).Researching for listening is, for me, a way of operating with two attitudes that I have been doing for a long time. I chose to approach this topic for two reasons: 1) because I listen and 2) because I write. Invariably, I write what I listen. I write essays, reports, diaries, class notes, reading notes, lists and inventories, medical records, text messages, articles, chronicles and verses, the result of my musical practices, using the electric bass, the exercise of the profession of psychologist and my condition as an attentive wanderer and listening to everyday offal and greatness. I see listening inseparable from writing, what I call otocartography (a term coined by research into the combination of the concept of otobiography by Jacques Derrida and cartography by Gilles Deleuze and Felix Guattari). Otocartography sounds to me like an answer to the question I asked myself as I began this researching journey: what do I do with what I listen to? I write. Listening emerges here as a kind of murmuring object that inhabits the borders of silence, demanding the elaboration of methodological strategies so that I could operate with it: listening to listening. In this sense, I use various poetic fragments (images, sounds, poems) to operate in this listening otocartography, bringing it closer to the field of psychology. I have found that the terms “listening” and “to listen” do not appear in the Psychologist's Code of Professional Ethics, but the term confidentiality appears 4 times, as do the terms confidential/confidentiality. However, the ethical dimension to which this research proposes is linked to listening as experience, since, with Jean-Luc Nancy, I start from the idea that there is no subject but resonating, responding to an impetus, an appeal, a call always collective in relation to meaning. Thus, instead of confidential secrecy (which would be aimed at individualized listening), the pact with what the researcher encounters along the silence, vertigo, sonorities and vortices of the present time, bringing listening closer to the aesthetic and political dimensions. The vocal result is a text that circulates through the 1st person singular (from a self that assumes the speech), a 3rd person singular (from an it, the research) and a 1st person plural (from an us, listeners of a research that also wants to be collective).application/pdfporEscritaEscutaPsicologia socialEscritaLinguagemCartografiaListeningOtocartographyLanguageWritingPhilosophy of DifferenceA escuta em vertigem : otocartografias do presenteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de PsicologiaPrograma de Pós-Graduação em Psicologia Social e InstitucionalPorto Alegre, BR-RS2019mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001120448.pdf.txt001120448.pdf.txtExtracted Texttext/plain147794http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/216205/2/001120448.pdf.txtaa17c56da33c46e189eba51e290e9eb5MD52ORIGINAL001120448.pdfTexto completoapplication/pdf1395843http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/216205/1/001120448.pdf1874db8b11c9d2ca4ca579b9075daae1MD5110183/2162052020-12-10 05:10:29.776352oai:www.lume.ufrgs.br:10183/216205Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532020-12-10T07:10:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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Pesquisar à escuta é, para mim, um modo de operar com duas atitudes que realizo há muito tempo. Escolhi abordar este tema por dois motivos: 1) porque escuto e 2) porque escrevo. Invariavelmente, escrevo o que escuto. Escrevo ensaios, relatórios, diários, notas de aula, notas de leitura, listas e inventários, prontuários, mensagens de texto, artigos, crônicas e versos, resultado de minhas práticas musicais, tendo como instrumento o baixo elétrico, o exercício da profissão de psicóloga e a minha condição de andante atenta e à escuta das miudezas e grandezas cotidianas. Trato a escuta como indissociável da escrita, do que chamo de otocartografia (termo cunhado pela pesquisa na junção do conceito de otobiografia, de Jacques Derrida, e de cartografia, de Gilles Deleuze e Felix Guattari). A otocartografia me soa como uma resposta à questão que eu mesma me pus ao iniciar esta jornada de pesquisa: o que faço com o que escuto? Escrevo. A escuta surge aqui como uma espécie de objeto murmurante que habita as fronteiras do silêncio, demandando a elaboração de estratégias metodológicas para que pudesse com ela operar: escutar a escuta. Nesse sentido, lancei mão de diversos fragmentos poéticos (imagens, sons, poemas, enfim) para operar nesta otocartografia de escuta, aproximando-a ao campo da psicologia. Constatei que os termos escuta e escutar não aparecem nenhuma vez no Código de Ética Profissional do Psicólogo, mas o termo sigilo aparece 4 vezes, assim como os termos confidencial/confidencialidade. No entanto, a dimensão ética a que esta pesquisa se propõe está ligada à escuta como experiência, dado que, com Jean-Luc Nancy, parto da ideia de que não há sujeito senão ressoando, respondendo a um ímpeto, a um apelo, a uma convocação sempre coletiva em relação ao sentido. Assim, ao invés do sigilo confidencial (que estaria voltado a uma escuta individualizante), o pacto com o que rumoreja no encontro da pesquisadora com o silêncio, vertigens, sonoridades e vórtices do tempo presente, aproximando o escutar às dimensões estética e política. O resultado vocal é um texto que circula pela 1º pessoa do singular (de um eu que assume a fala), de uma 3º pessoa do singular (de um ela, a pesquisa) e de uma 1º pessoa do plural (de um nós, escutadores/escutadoras de uma pesquisa que também se quer coletiva). |
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