Um território que ressoa: o abrir de portais para um Haiti de Loas e de lutas em País sem chapéu e O pau de sebo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/249738 |
Resumo: | Os países que compõem as Américas viveram uma experiência colonial semelhante na história e, consequentemente, os povos adotaram estratégias para manterem vivos os saberes populares, a cultura das civilizações africanas e indígenas e as cosmovisões já existentes antes do saqueamento. Nesse ínterim, há o protagonismo do vodu na história e literatura haitianas, sendo ele uma expressão viva da memória dos revolucionários escravizados que, juntos, tomaram os rumos da primeira nação a se libertar da presença dos colonizadores em território americano. Todavia, o “pecado do Haiti”, como postulou Eduardo Galeano (2010), de reaver o poder sobre a colônia foi duramente repreendido pela influência externa, e os embargos e reflexos do declínio da nação no cenário mundial ainda são sentidos pela população mesmo dois séculos após a Revolução Haitiana (1791 - 1804). Isso gerou o que o escritor René Depestre chamou de zumbificação: uma condição de morte em vida na qual o sujeito não mais tem chance de exercer sua identidade, fator que foi acentuado com as crises políticas subsequentes e com as ditaduras (Papa Doc e Baby Doc) vividas pela ilha caribenha, em um contexto que consideramos como alvo de necropolítica. Na contramão desses cenários de morte, a literatura é uma forma de manter viva a verdadeira história do país, que é alvo de silenciamento e de miséria, retomando a tradição e os saberes ancestrais. Assim, as obras O pau de sebo (1993), de René Depestre, e País sem chapéu (2011), de Dany Laferrière, expõem a visão intracêntrica de dois autores sobre seu próprio território: escrevem o que viram, ouviram e viveram nesse território, de maneira a retomar o conceito de escrevivência, da autora brasileira Conceição Evaristo. Dentre suas principais experiências narradas está o vodu, que nesse escopo se apresenta como uma forma de sentipensar o território da antiga colônia antilhana, em uma relação de ontologia relacional, teoria cunhada pelo antropólogo Arturo Escobar (2016). Com isso, o presente trabalho de dissertação pretende analisar como a religião com símbolos de origem africana promoveu para o povo haitiano uma capacidade de marronagem cultural e de resistência a partir da conexão dos praticantes com a terra e com os loas (deuses), comprovando que nem experiência colonial nem a histórica necropolítica conseguiram apagar as heranças deixadas pela matriz africana, principalmente no que tange ao contato com natureza. Quer-se, igualmente, comprovar o papel da literatura (a partir da tradução e de maior circulação dos romances nas Américas) como propulsora de interrelações entre os países da América, como o Haiti e o Brasil, e de melhor entendimento sobre outras cosmovisões, abrindo os portais para essa nação antilhana de deuses e de lutas. |
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Silva, Ivana Amorim daTettamanzy, Ana Lúcia Liberato2022-10-07T04:49:56Z2022http://hdl.handle.net/10183/249738001151000Os países que compõem as Américas viveram uma experiência colonial semelhante na história e, consequentemente, os povos adotaram estratégias para manterem vivos os saberes populares, a cultura das civilizações africanas e indígenas e as cosmovisões já existentes antes do saqueamento. Nesse ínterim, há o protagonismo do vodu na história e literatura haitianas, sendo ele uma expressão viva da memória dos revolucionários escravizados que, juntos, tomaram os rumos da primeira nação a se libertar da presença dos colonizadores em território americano. Todavia, o “pecado do Haiti”, como postulou Eduardo Galeano (2010), de reaver o poder sobre a colônia foi duramente repreendido pela influência externa, e os embargos e reflexos do declínio da nação no cenário mundial ainda são sentidos pela população mesmo dois séculos após a Revolução Haitiana (1791 - 1804). Isso gerou o que o escritor René Depestre chamou de zumbificação: uma condição de morte em vida na qual o sujeito não mais tem chance de exercer sua identidade, fator que foi acentuado com as crises políticas subsequentes e com as ditaduras (Papa Doc e Baby Doc) vividas pela ilha caribenha, em um contexto que consideramos como alvo de necropolítica. Na contramão desses cenários de morte, a literatura é uma forma de manter viva a verdadeira história do país, que é alvo de silenciamento e de miséria, retomando a tradição e os saberes ancestrais. Assim, as obras O pau de sebo (1993), de René Depestre, e País sem chapéu (2011), de Dany Laferrière, expõem a visão intracêntrica de dois autores sobre seu próprio território: escrevem o que viram, ouviram e viveram nesse território, de maneira a retomar o conceito de escrevivência, da autora brasileira Conceição Evaristo. Dentre suas principais experiências narradas está o vodu, que nesse escopo se apresenta como uma forma de sentipensar o território da antiga colônia antilhana, em uma relação de ontologia relacional, teoria cunhada pelo antropólogo Arturo Escobar (2016). Com isso, o presente trabalho de dissertação pretende analisar como a religião com símbolos de origem africana promoveu para o povo haitiano uma capacidade de marronagem cultural e de resistência a partir da conexão dos praticantes com a terra e com os loas (deuses), comprovando que nem experiência colonial nem a histórica necropolítica conseguiram apagar as heranças deixadas pela matriz africana, principalmente no que tange ao contato com natureza. Quer-se, igualmente, comprovar o papel da literatura (a partir da tradução e de maior circulação dos romances nas Américas) como propulsora de interrelações entre os países da América, como o Haiti e o Brasil, e de melhor entendimento sobre outras cosmovisões, abrindo os portais para essa nação antilhana de deuses e de lutas.Los países que forman parte de las Américas tuvieron una experiencia colonial semejante a la nuestra y, por eso, los pueblos crearon estrategias para mantener vivos los saberes populares, la cultura de las civilizaciones africanas e indígenas, y las cosmovisiones ya existentes antes del saqueo. En esta época hubo el protagonismo del vudú en la historia y literatura haitianas, siendo este una expresión viva de la memoria de los revolucionarios esclavizados que juntos tomaron el rumbo de la primera nación que se liberó de la presencia de los colonizadores en territorio americano. No obstante, el “pecado de Haití”, como dijo Eduardo Galeano (2010), de recuperar el poder sobre la colonia fue fuertemente oprimido pela influencia externa y los embargos económicos, y reflejos del declinio de la nación en el escenario mundial todavía son sentidos por la población dos siglos tras la Revolución Haitiana (1714 - 1804). Ello generó la zombificación, término propuesto por el escritor René Depestre: una condición de muerte en vida en la cual el sujeto no consigue ejercer su identidad. Esta situación se profundizó con las crisis políticas posteriores y con las dictaduras (Papa Doc y Baby Doc), que asolaron el pueblo de la isla caribeña, en un contexto que resultó en un proceso de necropolítica. En contrapartida, la literatura es un modo de mantener viva la verdadera historia del país, que sufre con el silenciamiento y la miseria, recobrando la tradición y los saberes ancestrales. Así, las obras O pau de sebo (1993), de René Depestre, y País sem chapéu (2011), de Dany Laferrière, dan a conocer la visión interna de dos autores acerca de su propio territorio: escriben lo que vieron, oyeron y vivieron en este territorio, recuperando el concepto de escrevivência de la autora brasileña Conceição Evaristo. El vudú está entre sus principales experiencias narradas, que en este marco se presenta como una forma de sentipensar el territorio de la antigua colonia antillana, en una relación de ontología relacional, teoría propuesta por el antropólogo Arturo Escobar (2016). De este modo, el presente trabajo se propone a analizar cómo la religión con símbolos de origen africana le posibilitó al pueblo haitiano una capacidad de cimarronaje cultural y de resistencia a partir de la relación de la gente con la tierra y con los “loas” (dioses). Esta experiencia demuestra que ni la opresión colonial ni la historia “necropolítica” lograron borrar las herencias dejadas por las religiones africanas, sobre todo en lo que dice respecto al contacto con la naturaleza. Se plantea, asimismo, comprobar el rol de la literatura, a partir de la traducción y del mayor alcance de las novelas en las Américas, como impulsora de relaciones entre los países de América, como Haití y Brasil, y de una mejor comprensión sobre otras cosmovisiones, permitiéndose abrir los portales para la nación antillana de dioses y peleas.application/pdfporVodu na literatura haitianaOntologia relacionalNecropolíticaLiteraturaHaitiVudúZombificaciónOntología relacionalUm território que ressoa: o abrir de portais para um Haiti de Loas e de lutas em País sem chapéu e O pau de seboinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2022mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001151000.pdf.txt001151000.pdf.txtExtracted Texttext/plain298094http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/249738/2/001151000.pdf.txt2018ce2b1fe5b402b1d8017fc8692b02MD52ORIGINAL001151000.pdfTexto completoapplication/pdf3192163http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/249738/1/001151000.pdf6d3c516c30777fbfc457823ba805a29fMD5110183/2497382022-10-08 04:59:09.327494oai:www.lume.ufrgs.br:10183/249738Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-10-08T07:59:09Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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