Vivendo nas margens da “terra da soja” : narrativas não hegemônicas frente às investidas produtivas e socioculturais homogeneizantes no município de Capão do Cipó/RS
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/271871 |
Resumo: | Esta dissertação dedica-se a abordar as narrativas não hegemônicas frente às investidas produtivas e socioculturais homogeneizantes no município de Capão do Cipó/RS, reconhecido cotidianamente como a “terra da soja”. Assumindo meu lugar nas margens sociais e adotando a corporificação em um saber científico situado adoto como objetivo geral a descrição de perspectivas não hegemônicas diante da consolidação da soja no município de Capão do Cipó, na região das missões do estado do Rio Grande do Sul, a partir do reconhecimento de outros modos de vida e da descrição de conflitos, estratégias, narrativas e resistências. Apostando em uma abordagem qualitativa, usufrui de uma perspectiva teórico-metodológica onde os encontros com as(os) interlocutoras(es) e com a paisagem são priorizados para aprender a pensar junto com eles(as) sobre o território, através de uma perspectiva autoetnográfica. A técnica de entrevista aberta em profundidade, o diário de campo físico, a “observação participante”, os registros fotográficos, as fotografias antigas, o bordado livre em fotografias, os “poemas” e os mapas confeccionados compõem o arcabouço de instrumentos da pesquisa. Levantou-se que a chegada dos colonizadores, a distribuição de sesmarias, a escravização, a instalação de novos modos de cultivar a terra e a introdução da soja contribuíram para a concentração de terras, a desigualdade na distribuição de terras e as relações de trabalho baseadas na exploração. Desde a “observação participante”, foi possível vislumbrar que as narrativas desenvolvimentistas e homogeneizantes do ponto de vista sociocultural e produtivo estão presentes no cotidiano do município, criando um panorama que legitima violências discursivas como a ocorrida no aniversário de 22 anos do município, contudo, nessa situação, se desvelou a resistência de assentadas(os) contra a necropolítica instituída. A partir da entrevista com Débora, foi possível colocar em evidência o choque entre o que podemos chamar de dois mundos, marcando um conflito ontológico, existencial. Mais do que isso, foi possível entender que mesmo no novo cenário duramente instituído no território onde cresceu, a homogeneização não foi completa, deixou brechas, respiros, vidas humanas e não humanas que não cederam às pressões do extrativismo predatório da soja. Geraldo, contribuiu para entender a estigmatização contra as(os) assentadas(os) e sobre como foi a chegada e instalação delas(es) em Capão do Cipó, trazendo à tona a complexidade que envolve a adoção da produção da commodity agrícola nos assentamentos. O encontro com o Sr. Aguinelo possibilitou apresentar sua história através de fotografias antigas que fazem parte de seu acervo pessoal, apostando nelas como um recurso de narrativa imagética que retrata mudanças na paisagem, nas relações sociais, nas vestimentas, na agricultura e pecuária, dentre outras. Como considerações finais, saliento que ao abarcar as narrativas não hegemônicas, busquei explorar o potencial delas de desafiar e questionar as narrativas dominantes, abrindo espaço para a criação de novas perspectivas que poderão construir soluções coletivas e integradas frente às consequências de um modo insustentável de habitar o território. Por esse ângulo, estabelecer laços e ampliar diálogos com outros grupos sociais às margens na “terra da soja” é uma tarefa necessária e não exaurida neste trabalho. |
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Ferreira, Eduarda GarciaMarques, Pâmela Marconatto2024-02-10T05:08:01Z2023http://hdl.handle.net/10183/271871001195337Esta dissertação dedica-se a abordar as narrativas não hegemônicas frente às investidas produtivas e socioculturais homogeneizantes no município de Capão do Cipó/RS, reconhecido cotidianamente como a “terra da soja”. Assumindo meu lugar nas margens sociais e adotando a corporificação em um saber científico situado adoto como objetivo geral a descrição de perspectivas não hegemônicas diante da consolidação da soja no município de Capão do Cipó, na região das missões do estado do Rio Grande do Sul, a partir do reconhecimento de outros modos de vida e da descrição de conflitos, estratégias, narrativas e resistências. Apostando em uma abordagem qualitativa, usufrui de uma perspectiva teórico-metodológica onde os encontros com as(os) interlocutoras(es) e com a paisagem são priorizados para aprender a pensar junto com eles(as) sobre o território, através de uma perspectiva autoetnográfica. A técnica de entrevista aberta em profundidade, o diário de campo físico, a “observação participante”, os registros fotográficos, as fotografias antigas, o bordado livre em fotografias, os “poemas” e os mapas confeccionados compõem o arcabouço de instrumentos da pesquisa. Levantou-se que a chegada dos colonizadores, a distribuição de sesmarias, a escravização, a instalação de novos modos de cultivar a terra e a introdução da soja contribuíram para a concentração de terras, a desigualdade na distribuição de terras e as relações de trabalho baseadas na exploração. Desde a “observação participante”, foi possível vislumbrar que as narrativas desenvolvimentistas e homogeneizantes do ponto de vista sociocultural e produtivo estão presentes no cotidiano do município, criando um panorama que legitima violências discursivas como a ocorrida no aniversário de 22 anos do município, contudo, nessa situação, se desvelou a resistência de assentadas(os) contra a necropolítica instituída. A partir da entrevista com Débora, foi possível colocar em evidência o choque entre o que podemos chamar de dois mundos, marcando um conflito ontológico, existencial. Mais do que isso, foi possível entender que mesmo no novo cenário duramente instituído no território onde cresceu, a homogeneização não foi completa, deixou brechas, respiros, vidas humanas e não humanas que não cederam às pressões do extrativismo predatório da soja. Geraldo, contribuiu para entender a estigmatização contra as(os) assentadas(os) e sobre como foi a chegada e instalação delas(es) em Capão do Cipó, trazendo à tona a complexidade que envolve a adoção da produção da commodity agrícola nos assentamentos. O encontro com o Sr. Aguinelo possibilitou apresentar sua história através de fotografias antigas que fazem parte de seu acervo pessoal, apostando nelas como um recurso de narrativa imagética que retrata mudanças na paisagem, nas relações sociais, nas vestimentas, na agricultura e pecuária, dentre outras. Como considerações finais, saliento que ao abarcar as narrativas não hegemônicas, busquei explorar o potencial delas de desafiar e questionar as narrativas dominantes, abrindo espaço para a criação de novas perspectivas que poderão construir soluções coletivas e integradas frente às consequências de um modo insustentável de habitar o território. Por esse ângulo, estabelecer laços e ampliar diálogos com outros grupos sociais às margens na “terra da soja” é uma tarefa necessária e não exaurida neste trabalho.Esta disertación está dedicada a abordar las narrativas no hegemónicas frente a los avances productivos y socioculturales homogeneizadores en el municipio de Capão do Cipó/RS, reconocido diariamente como la “tierra de soja”. Al asumir mi lugar en los márgenes sociales y adoptando la encarnación en un saber científico situado es que adopto como objetivo general la descrición perspectivas no hegemónicas frente a la consolidación de la soja en el municipio de Capão do Cipó, en la región de las misiones del estado de Rio Grande do Sul, a partir del reconocimiento de otros modos de vida y la descripción de conflictos, estrategias, narrativas y resistencias. Apostando por un enfoque cualitativo, se aprovecha una perspectiva teórico-metodológica donde se priorizan los encuentros con los interlocutores y con el paisaje para aprender a pensar con ellos el territorio, a través de una perspectiva autoetnográfica. La técnica de la entrevista abierta en profundidad, el diario de campo físico, la “observación participante”, los registros fotográficos, las fotografías antiguas, el bordado libre sobre fotografías, los “poemas” y los mapas elaborados conforman el entramado de instrumentos de investigación. Se encontró que la llegada de colonizadores, el reparto de sesmarias, la esclavización, la instalación de nuevas formas de cultivo de la tierra y la introducción de la soja contribuyeron a la concentración de la tierra, la desigualdad en la distribución de la tierra y las relaciones laborales basadas en la exploración. A partir de la “observación participante”, se pudo vislumbrar que las narrativas desarrollistas y homogeneizadoras desde el punto de vista sociocultural y productivo están presentes en la cotidianidad del municipio, configurando un panorama que legitima violencias discursivas como la ocurrida en el municipio. 22 aniversario, sin embargo, en esta situación, se reveló la resistencia de los colonos contra la necropolítica instituida. De la entrevista con Débora, fue posible resaltar el choque entre lo que podemos llamar dos mundos, marcando un conflicto ontológico, existencial. Más que eso, era posible comprender que aún en el nuevo escenario instituido con dureza en el territorio donde creció, la homogeneización no fue total, dejando vacíos, respiros, vidas humanas y no humanas que no cedieron ante el presiones del extractivismo depredador de la soja. Geraldo, contribuyó a comprender la estigmatización contra los colonos y cómo fue su llegada y asentamiento en Capão do Cipó, sacando a la luz la complejidad que envuelve la adopción de la producción de la mercancía agrícola en los asentamientos. La reunión con el Sr. Aguinelo posibilitó presentar su historia a través de fotografías antiguas que forman parte de su colección personal, apostando por ellas como recurso narrativo de la imagen que retrata cambios en el paisaje, las relaciones sociales, la vestimenta, la agricultura y la ganadería, entre otros. Como consideraciones finales, destaco que al abrazar narrativas no hegemónicas, busqué explorar su potencial para desafiar y cuestionar las narrativas dominantes, abriendo espacio para la creación de nuevas perspectivas que puedan construir soluciones colectivas e integradas a las consecuencias de una manera insostenible de habitar el territorio. Desde este ángulo, establecer vínculos y ampliar diálogos con otros grupos sociales en los márgenes de la “tierra de la soja” es una tarea necesaria y no agotada en este trabajo.application/pdfporAgriculturaSojaTerritórioTransformacionesConflictosResistenciasMonocultivoVivendo nas margens da “terra da soja” : narrativas não hegemônicas frente às investidas produtivas e socioculturais homogeneizantes no município de Capão do Cipó/RSinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Ciências EconômicasPrograma de Pós-Graduação em Desenvolvimento RuralPorto Alegre, BR-RS2023mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001195337.pdf.txt001195337.pdf.txtExtracted Texttext/plain242477http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/271871/2/001195337.pdf.txtb1e12d63c8e8cc40569392bc14736583MD52ORIGINAL001195337.pdfTexto completoapplication/pdf5329959http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/271871/1/001195337.pdfc1524efb323f1c73e5c26c7a7bce055aMD5110183/2718712024-02-11 06:04:25.122059oai:www.lume.ufrgs.br:10183/271871Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-02-11T08:04:25Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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