Variação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae)
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2007 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/10948 |
Resumo: | A grande diversidade de plantas e de insetos herbívoros reflete na diversidade de interações entre os mesmos. Dentre estas interações, destacamos o papel dos tricomas na defesa mecânica e química das plantas contra o ataque de insetos herbívoros. As folhas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) apresentam uma variedade de tricomas que atuam como barreira, mesmo para insetos especialistas como Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae). Tais estruturas dificultam o acesso ao alimento das larvas, principalmente nos ínstares iniciais, ocasião em que as larvas sofrem alta mortalidade quando alimentadas de folhas de alta densidade de tricomas. Não se sabe se as causas destes índices estão relacionadas com as barreiras físicas ou químicas impostas pela presença de tricomas. Neste trabalho, verificamos se a dificuldade em acessar o alimento, causada pela presença de tricomas, reflete ou não alterações na utilização da planta e no comportamento das larvas de G. spadicea. Para tanto, cultivamos plantas de S. sisymbriifolium no sol e na sombra para induzir variações na densidade de tricomas foliares. As folhas correspondentes foram caracterizadas quanto ao tipo de tricomas existentes, densidade dos mesmos e histoquímica dos glandulares. Foi qualificado o comportamento alimentar das larvas, bem como a taxa de remoção e ingestão de tricomas frente a tal variação. As folhas de S. sisymbriifolium apresentaram quatro tipos de tricomas: tector unicelular, tector estrelado com quatro ou mais raios laterais, glandular longo-pedicelado pluricelular com cabeça clavada unicelular e glandular curto-pedicelado com cabeça globosa pluricelular, os quais variaram significativamente entre as folhas de sol e de sombra. Os tricomas tector estrelado e glandular longo-pedicelado foram mais numerosos nas plantas mantidas no sol, enquanto o tector unicelular, nas plantas de sombra. O número de tricomas glandular curto-pedicelado não diferiu significativamente entre os dois tipos de planta. Os testes histoquímicos foram positivos para fenóis, alcalóides e lipídios nos dois tipos de tricomas glandulares. As larvas removeram os tricomas das folhas para atingir o alimento (mesofilo foliar) e a alta densidade de tricomas, principalmente dos estrelados, interferiu no tempo dedicado à alimentação, já que o maior tempo dedicado à remoção destas estruturas diminuiu o tempo empregado na ingestão de alimento. O tempo dedicado as demais atividades (repouso, prova do alimento e deslocamento) não apresentou diferenças significativas entre as folhas de alta e baixa densidade de tricomas. Os ritmos de alimentação das larvas de G. spadicea foram de curta duração, sendo o tempo de assimilação do alimento ingerido menor que uma hora, principalmente em larvas de quinto ínstar. A ingestão de fragmentos de tricomas de S. sisymbriifolium ocorreu em todos os ínstares larvais, mas, a retenção destes fragmentos no intestino anterior das larvas deu-se, principalmente nos iniciais, quando as larvas são menores e o diâmetro do tubo digestivo também, o que dificulta a passagem de fragmentos. Para a liberação dos fragmentos retidos sugerimos duas possibilidades: podem ser regurgitados de uma estrutura anterior ao papo que teria a função de armazená-los até o momento de regurgitar, ou ainda, de liberá-los com a exúvia na ocasião da muda. A ingestão de tricomas e a passagem de alguns fragmentos através do canal alimentar podem estar relacionados com a alta mortalidade observada para estas larvas, principalmente nos ínstares iniciais. |
id |
URGS_e74115a412bde1847d3b353f61179999 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.lume.ufrgs.br:10183/10948 |
network_acronym_str |
URGS |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
repository_id_str |
1853 |
spelling |
Boligon, Danessa SchardongMoreira, Gilson Rudinei PiresMedeiros, LeniceIsaias, Rosy Mary dos Santos2007-10-16T16:04:58Z2007http://hdl.handle.net/10183/10948000600079A grande diversidade de plantas e de insetos herbívoros reflete na diversidade de interações entre os mesmos. Dentre estas interações, destacamos o papel dos tricomas na defesa mecânica e química das plantas contra o ataque de insetos herbívoros. As folhas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) apresentam uma variedade de tricomas que atuam como barreira, mesmo para insetos especialistas como Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae). Tais estruturas dificultam o acesso ao alimento das larvas, principalmente nos ínstares iniciais, ocasião em que as larvas sofrem alta mortalidade quando alimentadas de folhas de alta densidade de tricomas. Não se sabe se as causas destes índices estão relacionadas com as barreiras físicas ou químicas impostas pela presença de tricomas. Neste trabalho, verificamos se a dificuldade em acessar o alimento, causada pela presença de tricomas, reflete ou não alterações na utilização da planta e no comportamento das larvas de G. spadicea. Para tanto, cultivamos plantas de S. sisymbriifolium no sol e na sombra para induzir variações na densidade de tricomas foliares. As folhas correspondentes foram caracterizadas quanto ao tipo de tricomas existentes, densidade dos mesmos e histoquímica dos glandulares. Foi qualificado o comportamento alimentar das larvas, bem como a taxa de remoção e ingestão de tricomas frente a tal variação. As folhas de S. sisymbriifolium apresentaram quatro tipos de tricomas: tector unicelular, tector estrelado com quatro ou mais raios laterais, glandular longo-pedicelado pluricelular com cabeça clavada unicelular e glandular curto-pedicelado com cabeça globosa pluricelular, os quais variaram significativamente entre as folhas de sol e de sombra. Os tricomas tector estrelado e glandular longo-pedicelado foram mais numerosos nas plantas mantidas no sol, enquanto o tector unicelular, nas plantas de sombra. O número de tricomas glandular curto-pedicelado não diferiu significativamente entre os dois tipos de planta. Os testes histoquímicos foram positivos para fenóis, alcalóides e lipídios nos dois tipos de tricomas glandulares. As larvas removeram os tricomas das folhas para atingir o alimento (mesofilo foliar) e a alta densidade de tricomas, principalmente dos estrelados, interferiu no tempo dedicado à alimentação, já que o maior tempo dedicado à remoção destas estruturas diminuiu o tempo empregado na ingestão de alimento. O tempo dedicado as demais atividades (repouso, prova do alimento e deslocamento) não apresentou diferenças significativas entre as folhas de alta e baixa densidade de tricomas. Os ritmos de alimentação das larvas de G. spadicea foram de curta duração, sendo o tempo de assimilação do alimento ingerido menor que uma hora, principalmente em larvas de quinto ínstar. A ingestão de fragmentos de tricomas de S. sisymbriifolium ocorreu em todos os ínstares larvais, mas, a retenção destes fragmentos no intestino anterior das larvas deu-se, principalmente nos iniciais, quando as larvas são menores e o diâmetro do tubo digestivo também, o que dificulta a passagem de fragmentos. Para a liberação dos fragmentos retidos sugerimos duas possibilidades: podem ser regurgitados de uma estrutura anterior ao papo que teria a função de armazená-los até o momento de regurgitar, ou ainda, de liberá-los com a exúvia na ocasião da muda. A ingestão de tricomas e a passagem de alguns fragmentos através do canal alimentar podem estar relacionados com a alta mortalidade observada para estas larvas, principalmente nos ínstares iniciais.application/pdfporSolanum sisymbriifoliumInteração inseto-plantaHerbivoriaGratiana spadiceaComportamento animalVariação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de BiociênciasPrograma de Pós-Graduação em Biologia AnimalPorto Alegre, BR-RS2007mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000600079.pdf000600079.pdfTexto completoapplication/pdf2267414http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/10948/1/000600079.pdf89d9fd236ee3cf4a04f23b61c77ea80bMD51TEXT000600079.pdf.txt000600079.pdf.txtExtracted Texttext/plain97739http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/10948/2/000600079.pdf.txtebbb78bc0ec28bd58ecacfcdc031e3e8MD52THUMBNAIL000600079.pdf.jpg000600079.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1221http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/10948/3/000600079.pdf.jpg89c9d6ea7d7555fb6d97f2933fe20d88MD5310183/109482018-10-08 08:18:01.216oai:www.lume.ufrgs.br:10183/10948Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-08T11:18:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Variação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae) |
title |
Variação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae) |
spellingShingle |
Variação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae) Boligon, Danessa Schardong Solanum sisymbriifolium Interação inseto-planta Herbivoria Gratiana spadicea Comportamento animal |
title_short |
Variação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae) |
title_full |
Variação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae) |
title_fullStr |
Variação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae) |
title_full_unstemmed |
Variação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae) |
title_sort |
Variação nos tricomas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) e herbivoria por larvas de Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae) |
author |
Boligon, Danessa Schardong |
author_facet |
Boligon, Danessa Schardong |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Boligon, Danessa Schardong |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Moreira, Gilson Rudinei Pires |
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv |
Medeiros, Lenice Isaias, Rosy Mary dos Santos |
contributor_str_mv |
Moreira, Gilson Rudinei Pires Medeiros, Lenice Isaias, Rosy Mary dos Santos |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Solanum sisymbriifolium Interação inseto-planta Herbivoria Gratiana spadicea Comportamento animal |
topic |
Solanum sisymbriifolium Interação inseto-planta Herbivoria Gratiana spadicea Comportamento animal |
description |
A grande diversidade de plantas e de insetos herbívoros reflete na diversidade de interações entre os mesmos. Dentre estas interações, destacamos o papel dos tricomas na defesa mecânica e química das plantas contra o ataque de insetos herbívoros. As folhas de Solanum sisymbriifolium (Solanaceae) apresentam uma variedade de tricomas que atuam como barreira, mesmo para insetos especialistas como Gratiana spadicea (Coleoptera, Chrysomelidae). Tais estruturas dificultam o acesso ao alimento das larvas, principalmente nos ínstares iniciais, ocasião em que as larvas sofrem alta mortalidade quando alimentadas de folhas de alta densidade de tricomas. Não se sabe se as causas destes índices estão relacionadas com as barreiras físicas ou químicas impostas pela presença de tricomas. Neste trabalho, verificamos se a dificuldade em acessar o alimento, causada pela presença de tricomas, reflete ou não alterações na utilização da planta e no comportamento das larvas de G. spadicea. Para tanto, cultivamos plantas de S. sisymbriifolium no sol e na sombra para induzir variações na densidade de tricomas foliares. As folhas correspondentes foram caracterizadas quanto ao tipo de tricomas existentes, densidade dos mesmos e histoquímica dos glandulares. Foi qualificado o comportamento alimentar das larvas, bem como a taxa de remoção e ingestão de tricomas frente a tal variação. As folhas de S. sisymbriifolium apresentaram quatro tipos de tricomas: tector unicelular, tector estrelado com quatro ou mais raios laterais, glandular longo-pedicelado pluricelular com cabeça clavada unicelular e glandular curto-pedicelado com cabeça globosa pluricelular, os quais variaram significativamente entre as folhas de sol e de sombra. Os tricomas tector estrelado e glandular longo-pedicelado foram mais numerosos nas plantas mantidas no sol, enquanto o tector unicelular, nas plantas de sombra. O número de tricomas glandular curto-pedicelado não diferiu significativamente entre os dois tipos de planta. Os testes histoquímicos foram positivos para fenóis, alcalóides e lipídios nos dois tipos de tricomas glandulares. As larvas removeram os tricomas das folhas para atingir o alimento (mesofilo foliar) e a alta densidade de tricomas, principalmente dos estrelados, interferiu no tempo dedicado à alimentação, já que o maior tempo dedicado à remoção destas estruturas diminuiu o tempo empregado na ingestão de alimento. O tempo dedicado as demais atividades (repouso, prova do alimento e deslocamento) não apresentou diferenças significativas entre as folhas de alta e baixa densidade de tricomas. Os ritmos de alimentação das larvas de G. spadicea foram de curta duração, sendo o tempo de assimilação do alimento ingerido menor que uma hora, principalmente em larvas de quinto ínstar. A ingestão de fragmentos de tricomas de S. sisymbriifolium ocorreu em todos os ínstares larvais, mas, a retenção destes fragmentos no intestino anterior das larvas deu-se, principalmente nos iniciais, quando as larvas são menores e o diâmetro do tubo digestivo também, o que dificulta a passagem de fragmentos. Para a liberação dos fragmentos retidos sugerimos duas possibilidades: podem ser regurgitados de uma estrutura anterior ao papo que teria a função de armazená-los até o momento de regurgitar, ou ainda, de liberá-los com a exúvia na ocasião da muda. A ingestão de tricomas e a passagem de alguns fragmentos através do canal alimentar podem estar relacionados com a alta mortalidade observada para estas larvas, principalmente nos ínstares iniciais. |
publishDate |
2007 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2007-10-16T16:04:58Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2007 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10183/10948 |
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv |
000600079 |
url |
http://hdl.handle.net/10183/10948 |
identifier_str_mv |
000600079 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
instacron_str |
UFRGS |
institution |
UFRGS |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
bitstream.url.fl_str_mv |
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/10948/1/000600079.pdf http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/10948/2/000600079.pdf.txt http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/10948/3/000600079.pdf.jpg |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
89d9fd236ee3cf4a04f23b61c77ea80b ebbb78bc0ec28bd58ecacfcdc031e3e8 89c9d6ea7d7555fb6d97f2933fe20d88 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
repository.mail.fl_str_mv |
lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br |
_version_ |
1810085103167078400 |