Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marques, André de Mattos
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/15353
Resumo: Nos últimos anos a discussão acerca da autonomia da política monetária esteve polarizada entre dois grupos de autores. Baseados numa concepção arqueológica da moeda (Cencini, 1997), alguns afirmam que os Bancos Centrais, diante da integração entre os mercados financeiros, teriam perdido a autonomia para praticar políticas monetárias em favor do crescimento econômico. Em contraste, outro grupo de autores sustenta que mesmo no atual contexto de “perfeita mobilidade do capital”, sob certas condições, a autoridade monetária conserva amplos graus de liberdade para definir o nível da taxa de juros doméstica, em qualquer contexto considerado. O objetivo principal do estudo é analisar teoricamente a questão da autonomia da política monetária nos termos em que a mesma vem sendo discutida na atualidade, e subseqüentemente, através de um modelo macroeconômico de simulação, examinar as conseqüências de uma política de juros alternativa àquela que o Banco Central do Brasil vem adotando. Constatou-se que em uma economia de mercado, em que muitos insumos produtivos são reproduzíveis, incluindo a força de trabalho e os bens de capital, emerge uma relação definida entre a dimensão do consumo produtivo da força de trabalho, visando a preservação das condições materiais da economia, e a magnitude dos meios de pagamento existentes: os meios de pagamento podem ser criados e destruídos no sistema bancário por causa do pagamento de salários aos trabalhadores, sob demanda das empresas. Sob essa ótica há certa dificuldade analítica para se conceber os meios de pagamento exogenamente determinados. Ao contrário, o caráter institucional, discricionário da taxa monetária de juros segue simples e logicamente. O mercado financeiro atua no sentido de restaurar a liquidez das empresas de negócios facilitando a liquidação de seus empréstimos passados junto aos bancos comerciais. Através da aplicação de um modelo macroeconômico de simulação dois cenários alternativos foram gerados para os próximos oito anos de política (2008-2015). No cenário de mudança uma política de redução progressiva da taxa de juros para o patamar de 3,66% ao ano resulta em uma taxa de inflação muito similar ao cenário de continuidade, caracterizado por uma taxa de juros de 15,39% ao ano. Porém, no primeiro caso ocorre um aumento substancial no crescimento da capacidade produtiva da economia com uma taxa cambial mais competitiva, que estaria situada, em média, em R$/US$ 2,51. Por outro lado, no cenário de continuidade a perda anual, em média, no acréscimo da capacidade produtiva da economia é de 7,44%, associada a uma taxa cambial não competitiva, que em média estaria situada em R$/US$ 2,35. A estabilidade de preços foi preservada em todos os cenários.
id URGS_ec20a24e7d50e59d35403bbd911c27cc
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/15353
network_acronym_str URGS
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
repository_id_str 1853
spelling Marques, André de MattosCorazza, Gentil2009-03-11T04:12:50Z2008http://hdl.handle.net/10183/15353000679783Nos últimos anos a discussão acerca da autonomia da política monetária esteve polarizada entre dois grupos de autores. Baseados numa concepção arqueológica da moeda (Cencini, 1997), alguns afirmam que os Bancos Centrais, diante da integração entre os mercados financeiros, teriam perdido a autonomia para praticar políticas monetárias em favor do crescimento econômico. Em contraste, outro grupo de autores sustenta que mesmo no atual contexto de “perfeita mobilidade do capital”, sob certas condições, a autoridade monetária conserva amplos graus de liberdade para definir o nível da taxa de juros doméstica, em qualquer contexto considerado. O objetivo principal do estudo é analisar teoricamente a questão da autonomia da política monetária nos termos em que a mesma vem sendo discutida na atualidade, e subseqüentemente, através de um modelo macroeconômico de simulação, examinar as conseqüências de uma política de juros alternativa àquela que o Banco Central do Brasil vem adotando. Constatou-se que em uma economia de mercado, em que muitos insumos produtivos são reproduzíveis, incluindo a força de trabalho e os bens de capital, emerge uma relação definida entre a dimensão do consumo produtivo da força de trabalho, visando a preservação das condições materiais da economia, e a magnitude dos meios de pagamento existentes: os meios de pagamento podem ser criados e destruídos no sistema bancário por causa do pagamento de salários aos trabalhadores, sob demanda das empresas. Sob essa ótica há certa dificuldade analítica para se conceber os meios de pagamento exogenamente determinados. Ao contrário, o caráter institucional, discricionário da taxa monetária de juros segue simples e logicamente. O mercado financeiro atua no sentido de restaurar a liquidez das empresas de negócios facilitando a liquidação de seus empréstimos passados junto aos bancos comerciais. Através da aplicação de um modelo macroeconômico de simulação dois cenários alternativos foram gerados para os próximos oito anos de política (2008-2015). No cenário de mudança uma política de redução progressiva da taxa de juros para o patamar de 3,66% ao ano resulta em uma taxa de inflação muito similar ao cenário de continuidade, caracterizado por uma taxa de juros de 15,39% ao ano. Porém, no primeiro caso ocorre um aumento substancial no crescimento da capacidade produtiva da economia com uma taxa cambial mais competitiva, que estaria situada, em média, em R$/US$ 2,51. Por outro lado, no cenário de continuidade a perda anual, em média, no acréscimo da capacidade produtiva da economia é de 7,44%, associada a uma taxa cambial não competitiva, que em média estaria situada em R$/US$ 2,35. A estabilidade de preços foi preservada em todos os cenários.In recent years several authors have questioned the power of monetary authority to fix domestic money rate of interest at lower levels of their neighbors. The main reason would be the increasing financial integration of markets, and their “capital flows”. The “Flow Theory” (Branson, 1970) asserts that in a world where capital is perfectly mobile the power of Central Bank would be reduced at minimal levels, because of the exogenous character of money. So, active monetary policies to attain and maintain full employment would be not possible in that world, as a low and still positive interest rate. The aim of this study is to evaluate theoretical and empirically this claim for a market economy, considering the case of Brazilian economy. The main theoretical conclusion does not confirm that claim. On the contrary, in a market economy where several inputs are reproducible, including labor force and capital equipment, a definite relation comes about between the length of productive consumption, to guarantee material conditions of the economy, and means of payment: immaterial means of payment can be created and destroyed by banks because of wages, on demand of enterprises in money market. In this way there are some analytical difficulties to conceive money as a stock of wealth, as a material and exogenous object. Yet, the institutional and conventional character of money rate of interest, in any context, follows simple and direct because of the social and circular nature of production. The power of monetary authority is reinforced this way. By applying a macroeconomic simulation model designed to Brazilian economy to investigate the effect of an interest rate at an international level over the accumulation rate, inflation and exchange rate, alternative scenarios were obtained to the next eight years of policy (2008-2015). The main results suggest that if Central Bank would decide to fix the money rate of interest at 3,66% per year, the accumulation rate would be substantially greater and the exchange rate would stabilize around R$/US$ 2,51. But, if the monetary authority chooses to fix politically a higher rate, say 15,39% per year, the accumulation rate would be substantially lower and the exchange rate would be around R$/US$ 2,35 for the next eight years. The stable prices were maintained in all scenarios. There is no trade-off between growth and stability. So, the best choice of monetary authority would be a low but still positive money rate of interest to permit a greater production level and competitiveness at international arena.application/pdfporPolítica monetáriaIntegração financeiraBrasilMonetary policyBrazilCircular productionFinancial integrationPolítica monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Ciências EconômicasPrograma de Pós-Graduação em EconomiaPorto Alegre, BR-RS2008doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000679783.pdf000679783.pdfTexto completoapplication/pdf1003906http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/15353/1/000679783.pdf09bed40b6f2bb69833a48eba38dce936MD51TEXT000679783.pdf.txt000679783.pdf.txtExtracted Texttext/plain407671http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/15353/2/000679783.pdf.txtbc72c8d0ce473595c98362ab9aac58a0MD52THUMBNAIL000679783.pdf.jpg000679783.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1223http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/15353/3/000679783.pdf.jpg5fee4482a70758bb11fb1fbcf56cfe47MD5310183/153532021-03-09 04:24:15.428179oai:www.lume.ufrgs.br:10183/15353Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-03-09T07:24:15Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015
title Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015
spellingShingle Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015
Marques, André de Mattos
Política monetária
Integração financeira
Brasil
Monetary policy
Brazil
Circular production
Financial integration
title_short Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015
title_full Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015
title_fullStr Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015
title_full_unstemmed Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015
title_sort Política monetária em ambiente de integração financeira : aspectos teóricos e cenários alternativos para a economia brasileira, 1995-2015
author Marques, André de Mattos
author_facet Marques, André de Mattos
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Marques, André de Mattos
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Corazza, Gentil
contributor_str_mv Corazza, Gentil
dc.subject.por.fl_str_mv Política monetária
Integração financeira
Brasil
topic Política monetária
Integração financeira
Brasil
Monetary policy
Brazil
Circular production
Financial integration
dc.subject.eng.fl_str_mv Monetary policy
Brazil
Circular production
Financial integration
description Nos últimos anos a discussão acerca da autonomia da política monetária esteve polarizada entre dois grupos de autores. Baseados numa concepção arqueológica da moeda (Cencini, 1997), alguns afirmam que os Bancos Centrais, diante da integração entre os mercados financeiros, teriam perdido a autonomia para praticar políticas monetárias em favor do crescimento econômico. Em contraste, outro grupo de autores sustenta que mesmo no atual contexto de “perfeita mobilidade do capital”, sob certas condições, a autoridade monetária conserva amplos graus de liberdade para definir o nível da taxa de juros doméstica, em qualquer contexto considerado. O objetivo principal do estudo é analisar teoricamente a questão da autonomia da política monetária nos termos em que a mesma vem sendo discutida na atualidade, e subseqüentemente, através de um modelo macroeconômico de simulação, examinar as conseqüências de uma política de juros alternativa àquela que o Banco Central do Brasil vem adotando. Constatou-se que em uma economia de mercado, em que muitos insumos produtivos são reproduzíveis, incluindo a força de trabalho e os bens de capital, emerge uma relação definida entre a dimensão do consumo produtivo da força de trabalho, visando a preservação das condições materiais da economia, e a magnitude dos meios de pagamento existentes: os meios de pagamento podem ser criados e destruídos no sistema bancário por causa do pagamento de salários aos trabalhadores, sob demanda das empresas. Sob essa ótica há certa dificuldade analítica para se conceber os meios de pagamento exogenamente determinados. Ao contrário, o caráter institucional, discricionário da taxa monetária de juros segue simples e logicamente. O mercado financeiro atua no sentido de restaurar a liquidez das empresas de negócios facilitando a liquidação de seus empréstimos passados junto aos bancos comerciais. Através da aplicação de um modelo macroeconômico de simulação dois cenários alternativos foram gerados para os próximos oito anos de política (2008-2015). No cenário de mudança uma política de redução progressiva da taxa de juros para o patamar de 3,66% ao ano resulta em uma taxa de inflação muito similar ao cenário de continuidade, caracterizado por uma taxa de juros de 15,39% ao ano. Porém, no primeiro caso ocorre um aumento substancial no crescimento da capacidade produtiva da economia com uma taxa cambial mais competitiva, que estaria situada, em média, em R$/US$ 2,51. Por outro lado, no cenário de continuidade a perda anual, em média, no acréscimo da capacidade produtiva da economia é de 7,44%, associada a uma taxa cambial não competitiva, que em média estaria situada em R$/US$ 2,35. A estabilidade de preços foi preservada em todos os cenários.
publishDate 2008
dc.date.issued.fl_str_mv 2008
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2009-03-11T04:12:50Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/15353
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000679783
url http://hdl.handle.net/10183/15353
identifier_str_mv 000679783
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/15353/1/000679783.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/15353/2/000679783.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/15353/3/000679783.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 09bed40b6f2bb69833a48eba38dce936
bc72c8d0ce473595c98362ab9aac58a0
5fee4482a70758bb11fb1fbcf56cfe47
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br
_version_ 1816736814847754240