Intervenções não farmacológicas para otimização do controle glicêmico de pessoas com diabetes tipo 2 : abordagem interdisciplinar
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/253223 |
Resumo: | O diabetes mellitus tipo 2 é uma doença crônica caracterizada por hiperglicemia e é associado com comorbidades vasculares e alta taxa de mortalidade. Por se tratar de uma doença complexa cujo tratamento envolve mudança de estilo de vida é recomendado que o tratamento seja realizado por uma equipe multidisciplinar. Um dos principais objetivos do atendimento da equipe é a educação do paciente para o autocuidado em diabetes, disponibilizando o conhecimento e habilidades necessárias para seu próprio cuidado. Com a finalidade de melhorar o atendimento criamos e estudamos um programa de autocuidado multidisciplinar (Multidisciplinar Program, MP) voltado a pacientes adultos com diabetes tipo 2. O MP constituiu-se de três encontros individuais com enfermeiro, farmacêutico, nutricionista, educador físico e assistente social a fim de receber orientações específicas dos diversos cuidados necessários para melhorar o autocuidado associado ao diabetes. Noventa e seis pacientes foram incluídos no ensaio clínico, randomizados 1:1 para participar do MP ou grupo controle e seguidos por 12 meses. A mudança da hemoglobina glicada em 12 meses não foi diferente entre os grupos, porém, os participantes do MP apresentaram aumento na satisfação e redução na preocupação sobre efeitos futuros do diabetes. Dentre os tópicos de autocuidado, está a necessidade de prática regular de exercício físico como meio de melhorar o controle glicêmico. Recomenda-se que indivíduos com diabetes tipo 2 realizem pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico e mais dois dias de exercício de força por semana. Exercício físico é caracterizado por ser uma atividade física planejada, estruturada, repetitiva, prescrita por profissional de educação física. Entretanto, para uma parcela da população, o exercício físico não é acessível, por isso, o aconselhamento quanto à prática de atividade física por outros profissionais de saúde pode ser benéfica para auxiliar no controle glicêmico. Recentemente, o exercício de alta intensidade intervalado (HIIT, high- 13 intensity interval training) vem sendo estudado e procurado por ser alternativa aos exercícios contínuos. Realizamos uma revisão sistemática com metanálise Bayesiana em rede buscando ensaios clínicos randomizados (ECR) comparando diferentes tipos de exercício físico ou aconselhamento de atividade física em pessoas com diabetes tipo 2. Foram incluídos 113 estudos (13.644 participantes) na metanálise. Em comparação com o grupo controle (sem exercício), todos os tipos de treinamento se associaram com redução de hemoglobina glicada: treinamento aeróbico [-0,60% (95% CrI -0,75; -0,44)], exercício de força [-0,44% (95% CrI -0,68; -0,20)], treinamento combinado [-0,65% (95% CrI -0,85; -0,45)], aconselhamento de atividade física [-0,32% (95% CrI -0,51; -0,12)], e HITT [-0,74% (95% CrI -1,1; -0,34)]. HIIT foi o mais efetivo em reduzir a hemoglobina glicada (SUCRA = 85,5%), no entanto, esse resultado deve ser visto com cautela devido à inclusão de poucos ECRs avaliando esta modalidade. Os resultados apresentados nessa tese mostram a importância da educação em autocuidado que, apesar de não ter alcançado resultado significativo em reduzir a hemoglobina glicada, foi benéfica em aumentar a qualidade de vida de pessoas com diabetes tipo 2. Além disso, destaca-se a importância de diferentes tipos de exercício físico no controle glicêmico. |
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