Biologia alimentar e reprodutiva de Atlantirivulus riograndensis (COSTA & LANÉS, 2009) (CYPRINODONTIFORMES: RIVULIDAE) no refúgio da vida silvestre Banhado dos Pachecos, Rio Grande do Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cavalheiro, Laísa Wociechoski
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/104793
Resumo: O gênero Atlantirivulus é um clado de rivulídeos não anuais, monofilético, diagnosticados morfologicamente pelo processo ventral do ângulo-articular curvo, um padrão de numerosos neuromastos infra-orbitais dispostos em zigue-zague e um pequeno ponto preto ocelado na porção dorsal da nadadeira caudal das fêmeas. Atlantirivulus riograndensis habita banhados e alagados nas proximidades a bordas de mata e corresponde a única espécie deste gênero registrada para o bioma Campos Sulinos. Estudos sobre alimentação e reprodução de A. riograndensis são inexistentes, embora necessários. Estas pesquisas contribuem na compreensão da história natural desta espécie e disponibilizam embasamentos teóricos à elaboração de estratégias à sua proteção e conservação de seus habitats naturais. Neste estudo são descritos a biologia reprodutiva e a ecologia trófica de A. riograndensis em um ambiente preservado, localizado no Refúgio da Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, bioma Campos Sulinos, no município de Viamão, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. As amostragens de material biológico ocorreram mensalmente, ao longo de 2012, com puçás, até a captura de 30 exemplares de A. riograndensis por mês. A dieta da espécie foi analisada qualitativamente com a classificação dos itens alimentares encontrados nos estômagos dos indivíduos e quantitativamente através do método volumétrico. A existência de uma estação reprodutiva definida foi identificada com base em análises histológicas das gônadas, nos valores do índice gonadossomático e na frequência das fases de desenvolvimento gonadal dos indivíduos. Atlantirivulus riograndensis apresentou um hábito alimentar autóctone e a preferência por Diptera e microcrustáceos. O consumo destes itens alimentares é influenciado pelo crescimento somático da espécie e pela sazonalidade. Os indivíduos menores ingerem microcrustáceos em maior quantidade e ampliam seu espectro alimentar conforme o aumento do comprimento padrão. A dieta da espécie apresenta-se mais restrita ao consumo de Diptera autóctone no inverno e mais diversa na primavera e no verão com a ingestão de outros insetos aquáticos. O período reprodutivo de A. riograndensis ocorre de agosto a março com picos de desova em novembro, dezembro e março. A espécie apresenta desova parcelada e maior investimento energético na produção de oócitos grandes em detrimento do número de oócitos presentes nos ovários, refletindo uma baixa fecundidade. Desta forma, conclui-se que A. riograndensis pode ser considerado um predador com tendência a insetívoria e um peixe com estratégia reprodutiva oportunista, apresentando período reprodutivo longo, desovas repetidas, baixa fecundidade e oócitos grandes.
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Neste estudo são descritos a biologia reprodutiva e a ecologia trófica de A. riograndensis em um ambiente preservado, localizado no Refúgio da Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, bioma Campos Sulinos, no município de Viamão, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. As amostragens de material biológico ocorreram mensalmente, ao longo de 2012, com puçás, até a captura de 30 exemplares de A. riograndensis por mês. A dieta da espécie foi analisada qualitativamente com a classificação dos itens alimentares encontrados nos estômagos dos indivíduos e quantitativamente através do método volumétrico. A existência de uma estação reprodutiva definida foi identificada com base em análises histológicas das gônadas, nos valores do índice gonadossomático e na frequência das fases de desenvolvimento gonadal dos indivíduos. Atlantirivulus riograndensis apresentou um hábito alimentar autóctone e a preferência por Diptera e microcrustáceos. O consumo destes itens alimentares é influenciado pelo crescimento somático da espécie e pela sazonalidade. Os indivíduos menores ingerem microcrustáceos em maior quantidade e ampliam seu espectro alimentar conforme o aumento do comprimento padrão. A dieta da espécie apresenta-se mais restrita ao consumo de Diptera autóctone no inverno e mais diversa na primavera e no verão com a ingestão de outros insetos aquáticos. O período reprodutivo de A. riograndensis ocorre de agosto a março com picos de desova em novembro, dezembro e março. A espécie apresenta desova parcelada e maior investimento energético na produção de oócitos grandes em detrimento do número de oócitos presentes nos ovários, refletindo uma baixa fecundidade. Desta forma, conclui-se que A. riograndensis pode ser considerado um predador com tendência a insetívoria e um peixe com estratégia reprodutiva oportunista, apresentando período reprodutivo longo, desovas repetidas, baixa fecundidade e oócitos grandes.Atlantirivulus genus is a clade of non-annual killifishes, monophyletic and diagnosed morphologically by having a curved ventral process of the angulo-articular and by the patterns of numerosous neuromasts of the infraorbital series arranged in zigzag row and a small black spot ocellated on the dorsal portion of the caudal fin of females. Atlantirivulus riograndensis inhabits swamps and floods near forest edges and corresponds to single species of this genus recorded for the Campos Sulinos biome. Studies on the reproduction and feeding of A. riograndensis are nonexistent, although necessary. These studies contribute to the understanding of the natural history of this species and provide the theoretical elaboration of strategies for its protection and conservation of its natural habitats. This study describes the reproductive biology and trophic ecology of A. riograndensis in a preserved environment, located in the Refugio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, Campos Sulinos biome, in the Viamão city, state of Rio Grande do Sul, Brazil. The samples of biological material were taken throughout 2012 monthly, with dip nets, until the capture of 30 specimens of A. riograndensis per month. The diet was analyzed qualitatively with the classification of food items found in the stomachs of individuals and quantitatively by volumetric method. The existence of a defined reproductive season was identified based on histological analyzes of the gonads as well as the values of gonadosomatic index and the frequency of gonadal development of each individual. Atlantirivulus riograndensis showed an autochthonous eating habit with a preference for Diptera and microcrustaceans. The consumption of these food items is influenced by ontogenetic development of the species and by seasonality. The smaller individuals ingest microcustaceans in a greater quantity and expand their food spectrum as the standard length increases. The diet of the species appears more restricted to the consumption of autochthonous Diptera in winter, and most diverse in the spring and summer with the ingestion of other aquatic insects. The reproductive period of A. riograndensis occurs from August to March with peaks of spawning in November, December and March. The species has multiple spawning and largest energy investment in the production of large oocytes at the expense of the number of oocytes present in the ovaries, reflecting low fertility. Thus, is concluded that A. riograndensis can be considered a predator with a tendency to insectivory and an opportunistic reproductive strategy, with long reproductive period, repeated spawning, low fecundity and large oocytes.application/pdfporAtlantirivulus riograndensisReprodução animalInsetivoriaSazonalidadeOntogeniaAtlantirivulus riograndensisTrophic ecologyTendency to insectivoryReproductive periodReproductive tacticsBiologia alimentar e reprodutiva de Atlantirivulus riograndensis (COSTA & LANÉS, 2009) (CYPRINODONTIFORMES: RIVULIDAE) no refúgio da vida silvestre Banhado dos Pachecos, Rio Grande do Sul, Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de BiociênciasPrograma de Pós-Graduação em Biologia AnimalPorto Alegre, BR-RS2014mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000919962.pdf000919962.pdfTexto completoapplication/pdf25124524http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104793/1/000919962.pdfd067f51094eaa09b790ddd30df01afe8MD51TEXT000919962.pdf.txt000919962.pdf.txtExtracted Texttext/plain153225http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104793/2/000919962.pdf.txta9e73e486b5a2ebfc7babc22018439bdMD52THUMBNAIL000919962.pdf.jpg000919962.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1388http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104793/3/000919962.pdf.jpg22b175a662b07a21debb932dd65924d3MD5310183/1047932018-10-15 08:13:49.765oai:www.lume.ufrgs.br:10183/104793Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-15T11:13:49Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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