Os prefixos de negação des- e in- no PB : considerações morfossemânticas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/103873 |
Resumo: | Este trabalho objetiva estudar as propriedades semânticas e categoriais de dois prefixos de negação do português brasileiro, quais sejam in- e des-. Com a evidência de que os prefixos de negação apresentam uma variada gama de categorias lexicais às quais eles podem se adjungir (nomes, adjetivos e verbos), buscamos delinear a frequência com que cada um desses prefixos de negação aparece em relação às suas bases e a semântica por eles atualizada, com o intuito de verificar quais seriam as principais propriedades gramaticais e semânticas capazes de apresentar um papel determinante na eleição e produtividade de determinado prefixo. Através de um estudo que se pretenda exaustivo dos itens lexicais formados por esses prefixos no português, analisamos a plausibilidade da procura de alguma regularidade semântica presente nas bases, para verificar se a distinção entre des- e in- se dá relativamente a determinados elementos de sentido que as palavras formadas por cada prefixo apresentam. Para fins de análise, nos valemos dos vocábulos prefixados com os afixos de negação in- e des- listados no Dicionário de Usos do Português do Brasil, de Francisco S. Borba (2002). Como referencial teórico, elegemos o modelo de Lieber (2004), o qual apresenta o traço [-Loc] como única característica necessária para a descrição da prefixação negativa; esse traço, segundo a autora, pode dar origem a quatro nuances de significado levemente distintas, quais sejam: privação, negação contrária, negação contraditória e reversão. Pelo fato de a Lieber não fazer apontamentos muito relevantes no que diz respeito à seleção categorial, nos valemos dos argumentos de Silva e Mioto (2009) para a análise dos dados do português, os quais advogam pela ideia de que os prefixos selecionam rigidamente as bases com as quais se combinam: in- seleciona apenas bases adjetivais e des- seleciona, além das adjetivais, também bases verbais. Ademais, relativamente a des-, os pesquisadores defendem a existência de dois afixos homófonos: um que seleciona verbos, aplicando o sentido de reversão, e outro que seleciona adjetivos, atualizando o sentido de um tipo de negação. Nossa análise evidencia que parece não existir um suposto traço semântico presente nas bases adjetivais capaz de licenciar a presença de des- ou in-. É provável que, em se tratando de adjetivos especificamente, des- e in- sejam concorrentes – a diferença entre os dois se estabelece mais em termos de produtividade categorial. A postulação de Silva e Mioto (2009) acerca de uma seleção rígida para os prefixos parece não ser condizente com nossos dados. No que tange à análise semântica, defendemos que o traço [-Loc], apesar de ser pertinente quando aplicado a itens lexicais estativos (ou àqueles que não implicam trajetória) prefixados por in- e des-, não é capaz de descrever adequadamente a noção de reversão atualizada por des- quando em presença de bases que denotam processos de mudança. Com isso em vista, defendemos que a solução para melhor descrever esses verbos está no próprio sistema proposto por Lieber, qual seja a evidenciação do traço [+IEPS], que apresenta a noção de trajetória. Esse traço já se faz presente em todos os verbos que implicam processos de mudança e, ao adicionarmos o prefixo negativo, o traço [-Loc] atua sobre [+IEPS], não anulando a presença da trajetória, mas invertendo a direção da mesma. Considerando que [-Loc] se faz presente tanto para a noção de negação quanto para a noção de reversão, não faz sentido a postulação da existência de dois des- homófonos no português para tratar desses dois sentidos. |
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Bona, Camila deAbreu, Sabrina Pereira de2014-09-26T02:11:48Z2014http://hdl.handle.net/10183/103873000921119Este trabalho objetiva estudar as propriedades semânticas e categoriais de dois prefixos de negação do português brasileiro, quais sejam in- e des-. Com a evidência de que os prefixos de negação apresentam uma variada gama de categorias lexicais às quais eles podem se adjungir (nomes, adjetivos e verbos), buscamos delinear a frequência com que cada um desses prefixos de negação aparece em relação às suas bases e a semântica por eles atualizada, com o intuito de verificar quais seriam as principais propriedades gramaticais e semânticas capazes de apresentar um papel determinante na eleição e produtividade de determinado prefixo. Através de um estudo que se pretenda exaustivo dos itens lexicais formados por esses prefixos no português, analisamos a plausibilidade da procura de alguma regularidade semântica presente nas bases, para verificar se a distinção entre des- e in- se dá relativamente a determinados elementos de sentido que as palavras formadas por cada prefixo apresentam. Para fins de análise, nos valemos dos vocábulos prefixados com os afixos de negação in- e des- listados no Dicionário de Usos do Português do Brasil, de Francisco S. Borba (2002). Como referencial teórico, elegemos o modelo de Lieber (2004), o qual apresenta o traço [-Loc] como única característica necessária para a descrição da prefixação negativa; esse traço, segundo a autora, pode dar origem a quatro nuances de significado levemente distintas, quais sejam: privação, negação contrária, negação contraditória e reversão. Pelo fato de a Lieber não fazer apontamentos muito relevantes no que diz respeito à seleção categorial, nos valemos dos argumentos de Silva e Mioto (2009) para a análise dos dados do português, os quais advogam pela ideia de que os prefixos selecionam rigidamente as bases com as quais se combinam: in- seleciona apenas bases adjetivais e des- seleciona, além das adjetivais, também bases verbais. Ademais, relativamente a des-, os pesquisadores defendem a existência de dois afixos homófonos: um que seleciona verbos, aplicando o sentido de reversão, e outro que seleciona adjetivos, atualizando o sentido de um tipo de negação. Nossa análise evidencia que parece não existir um suposto traço semântico presente nas bases adjetivais capaz de licenciar a presença de des- ou in-. É provável que, em se tratando de adjetivos especificamente, des- e in- sejam concorrentes – a diferença entre os dois se estabelece mais em termos de produtividade categorial. A postulação de Silva e Mioto (2009) acerca de uma seleção rígida para os prefixos parece não ser condizente com nossos dados. No que tange à análise semântica, defendemos que o traço [-Loc], apesar de ser pertinente quando aplicado a itens lexicais estativos (ou àqueles que não implicam trajetória) prefixados por in- e des-, não é capaz de descrever adequadamente a noção de reversão atualizada por des- quando em presença de bases que denotam processos de mudança. Com isso em vista, defendemos que a solução para melhor descrever esses verbos está no próprio sistema proposto por Lieber, qual seja a evidenciação do traço [+IEPS], que apresenta a noção de trajetória. Esse traço já se faz presente em todos os verbos que implicam processos de mudança e, ao adicionarmos o prefixo negativo, o traço [-Loc] atua sobre [+IEPS], não anulando a presença da trajetória, mas invertendo a direção da mesma. Considerando que [-Loc] se faz presente tanto para a noção de negação quanto para a noção de reversão, não faz sentido a postulação da existência de dois des- homófonos no português para tratar desses dois sentidos.This thesis aims to study the semantic and categorical properties of two negative prefixes of Brazilian Portuguese, which are in- and des-. With the evidence that the negative prefixes attach to a wide range of lexical categories (nouns, adjectives and verbs), we intend to delineate the frequency with which each of these negative prefixes appears in relation to their bases and the semantics updated by them, in order to see what are the decisive categorical and semantic properties to the election and productivity of the given prefix. Through a study which aims to be exhaustive regarding the lexical items with these prefixes in Portuguese, we analyze the plausibility of looking for some semantic regularity present in the bases, to verify if the distinction between in- and des- occurs with respect to certain elements of meaning present in the words formed by these prefixes. For analysis purposes, we make use of the words with negative affixes in- and des- from Dicionário de Usos do Português do Brasil, by Francisco S. Borba (2002). The theoretical model elected is from Lieber (2004), which exhibits the trace [-Loc] as the only necessary feature to describe the negative affixation; this trace, according to the author, can give rise to four slightly different meanings, which are: privation, contrary negation, contradictory negation and reversion. Since Lieber does not present relevant notes regarding the categorical selection, we make use of Mioto and Silva (2009)‟s arguments for the analysis of Portuguese data. These authors advocate for the idea that prefixes rigidly select the bases to which they combine: in- selects only adjectival bases and des- selects adjectival and also verbal bases. Moreover, for des-, the researchers advocate for the existence of two homophones affixes: one would select verbs, applying the sense of reversion, and the other one would select adjectives, attributing the sense of a kind of negation. Our analysis shows that there seems to be no alleged semantic feature present in adjectival bases able to license the presence of in- or des-. It seems that these prefixes are in competition - the difference between the two is established more in terms of categorical productivity. The postulation of Silva and Mioto (2009) regarding a rigid selection of prefixes does not seem to be consistent with our data. Regarding the semantic analysis, we hold that [-Loc] trace, despite being relevant when applied to stative lexical items (or the ones which do not bear the notion of trajectory) prefixed by in- and des-, is not able to adequately describe the notion of reversion updated by des- when in the presence of bases that denote changing processes. Therefore, we argue that the solution to better describe these verbs are in Lieber‟s theoretical model itself, which is the disclosure of the feature [+IEPS], the one that introduces the notion of trajectory. This feature is already present in all verbs that involve changing processes, and when we add the negative prefix, the feature [-Loc] acts on [+IEPS], not denying the presence of the trajectory, but reversing the direction of it. Whereas [-Loc] is present for both the concept of negation and reversion, it makes no sense to postulate the existence of two homophones des- in Portuguese.application/pdfporMorfossemânticaAnálise lingüísticaSemânticaPrefixosNegaçãoAfixosFormação de palavrasLíngua portuguesaNegative prefixesSemantics in derived wordsCategorical productivityOs prefixos de negação des- e in- no PB : considerações morfossemânticasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2014mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000921119.pdf000921119.pdfTexto completoapplication/pdf1490978http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/103873/1/000921119.pdf18678945922baeea73f5e83cfc8f23b9MD51TEXT000921119.pdf.txt000921119.pdf.txtExtracted Texttext/plain319487http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/103873/2/000921119.pdf.txt1046d9a5c0dd50db0875ea5a6bdcb68aMD52THUMBNAIL000921119.pdf.jpg000921119.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg880http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/103873/3/000921119.pdf.jpg9848a87eac6a294f52cd692573a164fbMD5310183/1038732019-03-09 02:35:59.769515oai:www.lume.ufrgs.br:10183/103873Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-03-09T05:35:59Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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Este trabalho objetiva estudar as propriedades semânticas e categoriais de dois prefixos de negação do português brasileiro, quais sejam in- e des-. Com a evidência de que os prefixos de negação apresentam uma variada gama de categorias lexicais às quais eles podem se adjungir (nomes, adjetivos e verbos), buscamos delinear a frequência com que cada um desses prefixos de negação aparece em relação às suas bases e a semântica por eles atualizada, com o intuito de verificar quais seriam as principais propriedades gramaticais e semânticas capazes de apresentar um papel determinante na eleição e produtividade de determinado prefixo. Através de um estudo que se pretenda exaustivo dos itens lexicais formados por esses prefixos no português, analisamos a plausibilidade da procura de alguma regularidade semântica presente nas bases, para verificar se a distinção entre des- e in- se dá relativamente a determinados elementos de sentido que as palavras formadas por cada prefixo apresentam. Para fins de análise, nos valemos dos vocábulos prefixados com os afixos de negação in- e des- listados no Dicionário de Usos do Português do Brasil, de Francisco S. Borba (2002). Como referencial teórico, elegemos o modelo de Lieber (2004), o qual apresenta o traço [-Loc] como única característica necessária para a descrição da prefixação negativa; esse traço, segundo a autora, pode dar origem a quatro nuances de significado levemente distintas, quais sejam: privação, negação contrária, negação contraditória e reversão. Pelo fato de a Lieber não fazer apontamentos muito relevantes no que diz respeito à seleção categorial, nos valemos dos argumentos de Silva e Mioto (2009) para a análise dos dados do português, os quais advogam pela ideia de que os prefixos selecionam rigidamente as bases com as quais se combinam: in- seleciona apenas bases adjetivais e des- seleciona, além das adjetivais, também bases verbais. Ademais, relativamente a des-, os pesquisadores defendem a existência de dois afixos homófonos: um que seleciona verbos, aplicando o sentido de reversão, e outro que seleciona adjetivos, atualizando o sentido de um tipo de negação. Nossa análise evidencia que parece não existir um suposto traço semântico presente nas bases adjetivais capaz de licenciar a presença de des- ou in-. É provável que, em se tratando de adjetivos especificamente, des- e in- sejam concorrentes – a diferença entre os dois se estabelece mais em termos de produtividade categorial. A postulação de Silva e Mioto (2009) acerca de uma seleção rígida para os prefixos parece não ser condizente com nossos dados. No que tange à análise semântica, defendemos que o traço [-Loc], apesar de ser pertinente quando aplicado a itens lexicais estativos (ou àqueles que não implicam trajetória) prefixados por in- e des-, não é capaz de descrever adequadamente a noção de reversão atualizada por des- quando em presença de bases que denotam processos de mudança. Com isso em vista, defendemos que a solução para melhor descrever esses verbos está no próprio sistema proposto por Lieber, qual seja a evidenciação do traço [+IEPS], que apresenta a noção de trajetória. Esse traço já se faz presente em todos os verbos que implicam processos de mudança e, ao adicionarmos o prefixo negativo, o traço [-Loc] atua sobre [+IEPS], não anulando a presença da trajetória, mas invertendo a direção da mesma. Considerando que [-Loc] se faz presente tanto para a noção de negação quanto para a noção de reversão, não faz sentido a postulação da existência de dois des- homófonos no português para tratar desses dois sentidos. |
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