O protagonismo das potências médias no capitalismo informacional : uma análise do comportamento do Canadá no Ártico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/218645 |
Resumo: | O Sistema Internacional (SI) contemporâneo tem a sua origem no continente europeu, a partir do século XI. Os efeitos de longo prazo nas esferas da política e da economia internacional evidenciam que as ações dos primeiros estados que se formaram naquele momento perpetuaram as disputas pelo poder. Para alcançar poder os Estados nacionais se associaram às suas economias nacionais e alavancaram novas relações de produção e de comércio, garantindo acúmulo de capital. Este seria revertido em recursos que permitissem ao Estado competir com outros Estados, mas, também contribuiria na expansão de territórios e das estruturas económicas. Esta incessante busca pelo poder através dos recursos econômicos estimulou o avanço da revolução industrial na Inglaterra. Os países que assumiram a vanguarda dos processos de produção industrial aceleraram o consumo e garantiram maior arrecadação de capital, acumulando riquezas e convertendo-as em recursos militares e em estruturas políticas que lhes permitiram propagar seu sistema para além de seus territórios. No entanto, visto que o jogo de disputas pelo poder sempre foi dinâmico e assimétrico, a industrialização, depois de consolidada em diversos territórios do globo, já não seria mais um diferencial competitivo para os países pioneiros deste processo. As limitações nas margens de lucro seriam inevitáveis, contribuindo para a crise do sistema capitalista nos anos 1970 que, consequentemente, impulsionou o surgimento de um novo modelo de produção e acumulação. Através da produção descentralizada e interdependente surgiu o modelo a acumulação flexível. Este baseava-se numa estrutura produtiva, organizada em redes globais de produção e de consumo. E em reação à crise alguns Estados reorganizaram as suas estruturas de produção numa dinâmica de atuação global que acabou por contribuir num acúmulo ainda maior capital e de poder. O novo modelo flexível afetou o modelo fordista de acumulação e impulsionou a emergência das novas condições sociais e econômicas que também apresentaram novas possibilidades para o protagonismo de atores que antes eram consideradosde pouca relevância na ordem mundial: as potências médias. A lógica fordista, orientada para estruturas verticais, em cadeia de comando e orientada pela centralização do poder, associada à força da ótica positivista e ao realismo nas Relações Internacionais, na primeira metade do século XX, direcionava toda a atenção para as grandes potências. E atribuía a estes atores uma relevância exclusiva na dinâmica do Sistema Internacional. No entanto, a interdependência No entanto, a interdependência evidenciada na economia informacional, não só enfraquecia a eficácia da lógica fordista e o processo de acumulação das grandes potências, como destacava a importância do protagonismo de outros atores, incluindo as potências médias. Nosso argumento, portanto, é que as potências médias na ordem internacional ganham relevância, como protagonistas do SI, no período pós-industrial e sua capacidade de ação evidencia-se na acumulação flexível. Neste momento emerge uma estrutura global de produção, distribuição e consumo que se intensifica a partir de relações interdependentes que envolvem corporações, governos, organizações internacionais, Estados etc, e todos precisam operar em uma complexa rede transnacional que afeta, de maneira sistêmica, questões políticas, econômicas, sociais, culturais e ambientais. Assim, buscamos analisar o papel das potências médias no contexto pós-industrial e no capitalismo informacional. Pois, a condição de regulação e de dominação passa a se articular em estruturas horizontais e enfraquece a lógica de predominância vertical – tendo em vista a necessidade da coexistência entre os diversos protagonistas deste novo cenário. Para apresentar a nossa linha argumentação aplicamos a lente teórica da Teoria Crítica das Relações Internacionais no comportamento de um ator que é reconhecido como uma potência média por excelência, a saber, o Canadá. E definimos um recorte geográfico na sua atuação. Isto é, delimitamos a análise do Canadá na região ártica, pois o Ártico é uma região que tem recebido cada vez mais atenção mundial e crescido em relevância econômica e política no SI,. Assim, conseguiremos analisar o protagonismo de uma potência média num contexto sensível à nível de preocupação e atenção globais, mas também uma região onde o Canadá tem sido sempre presente e atuante. Logo, conseguimos perceber se o Canadá, como uma potência média e, especialmente uma potência média no Ártico, posiciona-se de maneria contra-hegemônica, tendo em vista que nesta região ele interage diretamente com grandes potências do Sistema Internacional, ou se ele segue uma orientação compatível com as ordens hegemônicas do SI. Isto nos permite ainda considerar se o destaque e a importância que estas potências receberam no novo modelo de acumulação flexível continuam mantendo-as subjugadas aos interesses dominantes da economia mundial, ou se este novo cenário abre espaço para ações contra-hegemônicas destes atores na sua relação com as ordens hegemônicas globais. |
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Cuogo, Francisco CoelhoFaria, Luiz Augusto Estrella2021-03-11T04:24:40Z2021http://hdl.handle.net/10183/218645001123391O Sistema Internacional (SI) contemporâneo tem a sua origem no continente europeu, a partir do século XI. Os efeitos de longo prazo nas esferas da política e da economia internacional evidenciam que as ações dos primeiros estados que se formaram naquele momento perpetuaram as disputas pelo poder. Para alcançar poder os Estados nacionais se associaram às suas economias nacionais e alavancaram novas relações de produção e de comércio, garantindo acúmulo de capital. Este seria revertido em recursos que permitissem ao Estado competir com outros Estados, mas, também contribuiria na expansão de territórios e das estruturas económicas. Esta incessante busca pelo poder através dos recursos econômicos estimulou o avanço da revolução industrial na Inglaterra. Os países que assumiram a vanguarda dos processos de produção industrial aceleraram o consumo e garantiram maior arrecadação de capital, acumulando riquezas e convertendo-as em recursos militares e em estruturas políticas que lhes permitiram propagar seu sistema para além de seus territórios. No entanto, visto que o jogo de disputas pelo poder sempre foi dinâmico e assimétrico, a industrialização, depois de consolidada em diversos territórios do globo, já não seria mais um diferencial competitivo para os países pioneiros deste processo. As limitações nas margens de lucro seriam inevitáveis, contribuindo para a crise do sistema capitalista nos anos 1970 que, consequentemente, impulsionou o surgimento de um novo modelo de produção e acumulação. Através da produção descentralizada e interdependente surgiu o modelo a acumulação flexível. Este baseava-se numa estrutura produtiva, organizada em redes globais de produção e de consumo. 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Pois, a condição de regulação e de dominação passa a se articular em estruturas horizontais e enfraquece a lógica de predominância vertical – tendo em vista a necessidade da coexistência entre os diversos protagonistas deste novo cenário. Para apresentar a nossa linha argumentação aplicamos a lente teórica da Teoria Crítica das Relações Internacionais no comportamento de um ator que é reconhecido como uma potência média por excelência, a saber, o Canadá. E definimos um recorte geográfico na sua atuação. Isto é, delimitamos a análise do Canadá na região ártica, pois o Ártico é uma região que tem recebido cada vez mais atenção mundial e crescido em relevância econômica e política no SI,. Assim, conseguiremos analisar o protagonismo de uma potência média num contexto sensível à nível de preocupação e atenção globais, mas também uma região onde o Canadá tem sido sempre presente e atuante. Logo, conseguimos perceber se o Canadá, como uma potência média e, especialmente uma potência média no Ártico, posiciona-se de maneria contra-hegemônica, tendo em vista que nesta região ele interage diretamente com grandes potências do Sistema Internacional, ou se ele segue uma orientação compatível com as ordens hegemônicas do SI. Isto nos permite ainda considerar se o destaque e a importância que estas potências receberam no novo modelo de acumulação flexível continuam mantendo-as subjugadas aos interesses dominantes da economia mundial, ou se este novo cenário abre espaço para ações contra-hegemônicas destes atores na sua relação com as ordens hegemônicas globais.The contemporary International System (IS) has its origin in the European continent, from the 11th century. The long-term effects in the spheres of politics and the international economy show that the actions of the first states that formed at that time perpetuated the power struggles. And in order to achieve power, national states joined their national economies and leveraged new relations of production and trade, guaranteeing capital accumulation. The accumulation of capital would be invested in resources that would allow the state to compete with other states but would also contribute to the expansion of territories and commercial structures. This incessant search for power through economic resources stimulates the advance of the industrial revolution in England. And the countries that took the lead in industrial production processes accelerated consumption, guaranteeing greater capital collection, accumulating wealth and converting it into military resources and political structures that allowed them to propagate their system beyond their territories. However, given that the game of disputes over power has always been dynamic and asymmetrical, industrialization, after being consolidated in several IS territories, would no longer be a competitive differential for the pioneer countries in this process. And, therefore, the crisis of the capitalist system of the 1970s drives the emergence of a new model of production and accumulation. Through decentralized and interdependent production, a flexible accumulation model emerges and a productive structure organized in global production and consumption networks. Among the various states affected by that situation, some countries overcome the crisis by reorganizing their relations of production and consumption in a global and interdependent structure that allows them to accumulate even more capital and power. The new flexible model affects the Fordist model of accumulation and drives the emergence of new social and economic conditions that also present new possibilities for the protagonism of actors who were previously considered of little relevance in the world order: the middle powers. Fordist logic, oriented towards vertical structures, in a chain of command and guided by the centralization of power, associated with the strength of the positivist and realistic optics, in the first half of the 20th century, directed all attention to the great powers. And they attributed such an exclusive relevance to the dynamics of the International System. However, the interdependence evidenced in the informational economy, not only weakened the effectiveness of the Fordist logic for the accumulation of the great powers, as highlighted the importance of the protagonism of several actors, including the middle powers. Therefore, our argument is that the middle powers in the international order gain relevance, as important actors in the SI, in the post-industrial period and their relevance is justified in the flexible accumulation. At this moment, a global structure of production and consumption is taking place that intensifies based on interdependent relationships that involve corporations, governments, transnational organizations, ordinary citizens, etc., and all functioning in a complex global network that affects political, economic, social issues, cultural and environmental. And so, we seek to analyze the role of the middle powers in this context, in particular. For, the very idea of regulation and domination starts to be articulated in horizontal structures and weakens the conditions of vertical domination - in view of the need for coexistence between the different protagonists of this new scenario. To present our line of argumentation we apply the theoretical lens of Critical Theory of International Relations in the behavior of an actor who is recognized as an average power par excellence, namely Canada. And we defined a geographic cut in his performance. That is, we delimit Canada's analysis in the Arctic region, as the Arctic is a region that has received increasing worldwide attention and has grown in economic and political relevance in the IS. Thus, we will be able to analyze the role of a medium power in a context sensitive to the level of global concern and attention, but also a region where Canada has always been present and active. Therefore, we can see if Canada, as an average power and, especially an average power in the Arctic, is positioned in a counter hegemonic manner, considering that in this region it interacts directly with great powers in the International System, or if it an orientation compatible with the hegemonic orders of the IS. This also allows us to consider whether the prominence and importance that these powers received in the new model of flexible accumulation continue to keep them subjugated to the dominant interests of the world economy, or whether this new scenario opens space for counter-hegemonic actions by these actors in their relationship. with global hegemonic orders.El Sistema Internacional (SI) contemporáneo tiene su origen en el continente europeo, a partir del siglo XI. Los efectos de largo plazo en las esferas de la política y la economía internacional muestran que las acciones de los primeros estados que se formaron en ese momento perpetuaron las luchas de poder. Y para alcanzar el poder, los estados nacionales unieron sus economías nacionales y apalancaron nuevas relaciones de producción y comercio, garantizando la acumulación de capital. La acumulación de capital se invertiría en recursos que permitirían al Estado competir con otros estados, pero también contribuirían a la expansión de territorios y estructuras comerciales. Esta búsqueda incesante de poder a través de los recursos económicos estimula el avance de la revolución industrial en Inglaterra. Y los países que lideraron los procesos de producción industrial aceleraron el consumo, garantizando una mayor captación de capital, acumulando riqueza y convirtiéndola en recursos militares y estructuras políticas que les permitieron propagar su sistema más allá de sus territorios. Sin embargo, dado que el juego de disputas por el poder siempre ha sido dinámico y asimétrico, la industrialización, luego de consolidarse en varios territorios del EI, dejaría de ser un diferencial competitivo para los países pioneros en este proceso. Y, por tanto, la crisis del sistema capitalista de los años setenta impulsa el surgimiento de un nuevo modelo de producción y acumulación. A través de la producción descentralizada e interdependiente, surge un modelo de acumulación flexible y una estructura productiva organizada en redes globales de producción y consumo. Entre los diversos estados afectados por esa situación, algunos países superan la crisis reorganizando sus relaciones de producción y consumo en una estructura global e interdependiente que les permite acumular aún más capital y poder. El nuevo modelo flexible incide en el modelo fordista de acumulación e impulsa el surgimiento de nuevas condiciones sociales y económicas que también presentan nuevas posibilidades para el protagonismo de actores antes considerados de poca relevancia en el orden mundial: los poderes medios. La lógica fordista, orientada hacia las estructuras verticales, en una cadena de mando y guiada por la centralización del poder, asociada a la fuerza de la óptica positivista y realista, en la primera mitad del siglo XX, dirigió toda la atención a las grandes potencias. Y atribuyeron una relevancia tan exclusiva a la dinámica del Sistema Internacional. Sin embargo, la interdependencia evidenciada en la economía informacional, no solo debilitó la efectividad de la lógica fordista para la acumulación de las grandes potencias, como se resaltó la importancia del protagonismo de varios actores, incluidos los poderes medios. Por tanto, nuestro argumento es que las potencias medias en el orden internacional ganan relevancia, como actores importantes en la IS, en el período postindustrial y su relevancia se justifica en la acumulación flexible. En este momento, se está produciendo una estructura global de producción y consumo que se intensifica a partir de relaciones de interdependencia que involucran a corporaciones, gobiernos, organizaciones transnacionales, ciudadanos de a pie, etc., y todos funcionando en una compleja red global que afecta políticas, económicas, sociales. temas, culturales y ambientales. Y así, buscamos analizar el papel de las potencias medias en este contexto, en particular. Porque, la propia idea de regulación y dominación comienza a articularse en estructuras horizontales y debilita las condiciones de dominación vertical, ante la necesidad de convivencia entre los diferentes protagonistas de este nuevo escenario. Para presentar nuestra línea de argumentación aplicamos el lente teórico de la Teoría Crítica de las Relaciones Internacionales en el comportamiento de un actor reconocido como potencia media por excelencia, Canadá. Y definimos un corte geográfico en su desempeño. Es decir, delimitamos el análisis de Canadá en la región ártica, ya que el Ártico es una región que ha recibido una atención mundial cada vez mayor y ha ganado en relevancia económica y política en la IS. Así, podremos analizar el papel de una potencia media en un contexto sensible al nivel de preocupación y atención global, pero también una región donde Canadá siempre ha estado presente y activo. Por tanto, podemos ver si Canadá, como potencia media y, sobre todo, potencia media en el Ártico, se posiciona de manera contrahegemónica, considerando que en esta región interactúa directamente con grandes potencias del Sistema Internacional, o si sigue una orientación compatible con los órdenes hegemónicos de la IS. Esto también nos permite considerar si el protagonismo e importancia que estos poderes recibieron en el nuevo modelo de acumulación flexible continúan manteniéndolos sometidos a los intereses dominantes de la economía mundial, o si este nuevo escenario abre espacio para acciones contrahegemónicas por parte de estos. actores en su relación con los órdenes hegemónicos globales.application/pdfporEconomia políticaPolítica internacionalCanadáÁrticoInternational Political EconomyIndustrializationFlexible accumulationMiddle powersEconomía política internacionalIndustrializaciónAcumulación flexiblePoderes mediosO protagonismo das potências médias no capitalismo informacional : uma análise do comportamento do Canadá no Árticoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Ciências EconômicasPrograma de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos InternacionaisPorto Alegre, BR-RS2021doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001123391.pdf.txt001123391.pdf.txtExtracted Texttext/plain399791http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/218645/2/001123391.pdf.txt3e29bb58eeebc5d9956daa8a50116beaMD52ORIGINAL001123391.pdfTexto completoapplication/pdf3984645http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/218645/1/001123391.pdf7eb001fdec0e9b64402e57bdc835df67MD5110183/2186452021-05-07 05:09:34.850642oai:www.lume.ufrgs.br:10183/218645Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-05-07T08:09:34Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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Os países que assumiram a vanguarda dos processos de produção industrial aceleraram o consumo e garantiram maior arrecadação de capital, acumulando riquezas e convertendo-as em recursos militares e em estruturas políticas que lhes permitiram propagar seu sistema para além de seus territórios. No entanto, visto que o jogo de disputas pelo poder sempre foi dinâmico e assimétrico, a industrialização, depois de consolidada em diversos territórios do globo, já não seria mais um diferencial competitivo para os países pioneiros deste processo. As limitações nas margens de lucro seriam inevitáveis, contribuindo para a crise do sistema capitalista nos anos 1970 que, consequentemente, impulsionou o surgimento de um novo modelo de produção e acumulação. Através da produção descentralizada e interdependente surgiu o modelo a acumulação flexível. Este baseava-se numa estrutura produtiva, organizada em redes globais de produção e de consumo. E em reação à crise alguns Estados reorganizaram as suas estruturas de produção numa dinâmica de atuação global que acabou por contribuir num acúmulo ainda maior capital e de poder. O novo modelo flexível afetou o modelo fordista de acumulação e impulsionou a emergência das novas condições sociais e econômicas que também apresentaram novas possibilidades para o protagonismo de atores que antes eram consideradosde pouca relevância na ordem mundial: as potências médias. A lógica fordista, orientada para estruturas verticais, em cadeia de comando e orientada pela centralização do poder, associada à força da ótica positivista e ao realismo nas Relações Internacionais, na primeira metade do século XX, direcionava toda a atenção para as grandes potências. E atribuía a estes atores uma relevância exclusiva na dinâmica do Sistema Internacional. No entanto, a interdependência No entanto, a interdependência evidenciada na economia informacional, não só enfraquecia a eficácia da lógica fordista e o processo de acumulação das grandes potências, como destacava a importância do protagonismo de outros atores, incluindo as potências médias. Nosso argumento, portanto, é que as potências médias na ordem internacional ganham relevância, como protagonistas do SI, no período pós-industrial e sua capacidade de ação evidencia-se na acumulação flexível. Neste momento emerge uma estrutura global de produção, distribuição e consumo que se intensifica a partir de relações interdependentes que envolvem corporações, governos, organizações internacionais, Estados etc, e todos precisam operar em uma complexa rede transnacional que afeta, de maneira sistêmica, questões políticas, econômicas, sociais, culturais e ambientais. Assim, buscamos analisar o papel das potências médias no contexto pós-industrial e no capitalismo informacional. Pois, a condição de regulação e de dominação passa a se articular em estruturas horizontais e enfraquece a lógica de predominância vertical – tendo em vista a necessidade da coexistência entre os diversos protagonistas deste novo cenário. Para apresentar a nossa linha argumentação aplicamos a lente teórica da Teoria Crítica das Relações Internacionais no comportamento de um ator que é reconhecido como uma potência média por excelência, a saber, o Canadá. E definimos um recorte geográfico na sua atuação. Isto é, delimitamos a análise do Canadá na região ártica, pois o Ártico é uma região que tem recebido cada vez mais atenção mundial e crescido em relevância econômica e política no SI,. Assim, conseguiremos analisar o protagonismo de uma potência média num contexto sensível à nível de preocupação e atenção globais, mas também uma região onde o Canadá tem sido sempre presente e atuante. Logo, conseguimos perceber se o Canadá, como uma potência média e, especialmente uma potência média no Ártico, posiciona-se de maneria contra-hegemônica, tendo em vista que nesta região ele interage diretamente com grandes potências do Sistema Internacional, ou se ele segue uma orientação compatível com as ordens hegemônicas do SI. Isto nos permite ainda considerar se o destaque e a importância que estas potências receberam no novo modelo de acumulação flexível continuam mantendo-as subjugadas aos interesses dominantes da economia mundial, ou se este novo cenário abre espaço para ações contra-hegemônicas destes atores na sua relação com as ordens hegemônicas globais. |
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