The archeology of evil : a reading of three villains in Shakespeare
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | eng |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/214029 |
Resumo: | O teatro de William Shakespeare se edifica na transição entre os padrões constitutivos do feudalismo e os da modernidade, quando novos conceitos – como os de privacidade, individualismo e subjetividade – provocam mudanças na percepção do que é considerado certo ou errado. Esses conflitos transparecem na estrutura das peças, na criação das personagens e nas ideias que elas representam. O objetivo do presente trabalho é analisar como se configura a questão do Mal no drama shakespeariano, para verificar em que medida ele reflete a transformação de valores observável na sociedade elisabetana, e também para inferir em que medida pode ter contribuído para os desdobramentos éticos e estéticos que vieram a seguir. O corpus de aplicação da pesquisa consiste em três peças: as tragédias Macbeth e Otelo e o drama histórico Ricardo III, das quais são analisados três vilões notáveis, Lady Macbeth, Iago e Ricardo III. Em Lady Macbeth o Mal é tratado como um meio de realizar sua ambição ao adquirir poder para o marido. Em Iago o Mal se manifesta como o efeito da inveja e do ressentimento por ter sido preterido em sua aspiração profissional; e em Ricardo III o Mal é analisável através do conceito freudiano de Verdrängung, isto é, recalque, e manifestando-se como algo mais político e cruel. A minha hipótese é de que o Mal é um fenômeno tanto psicológico quanto social que sempre esteve presente em diferentes culturas e civilizações, mas que se expressa de formas distintas em diferentes contextos socioculturais e históricos, podendo ser atribuído a várias causas e analisado sob mais de uma perspectiva. Como apoio para as discussões utilizarei conceitos teóricos e leituras sobre Shakespeare apresentados por Freud, Maus e Charney. Acredito que os três vilões aqui analisados nos atraem e nos afetam tanto porque refletem sentimentos humanos que são atemporais. Ao término do trabalho, espero que as análises aqui desenvolvidas contribuam para o estado atual das discussões sobre a mudança de mentalidade quanto a certos conceitos, em diferentes momentos e grupos sociais. Uma questão central desta tese é que, ao fazer o que dificilmente ousaríamos fazer na vida real enquanto seres humanos, os vilões shakespearianos nos atraem tanto na medida em que eles nos afetam, e às vezes chocam, exatamente lá onde algo foi reprimido por nós. Para isso, é necessário salientar a transição da Idade Média para a Idade Moderna, assim como as diferentes mentalidades dessas duas épocas. |
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Oliven, Rafael CamposMaggio, Sandra Sirangelo2020-10-08T04:01:34Z2020http://hdl.handle.net/10183/214029001118012O teatro de William Shakespeare se edifica na transição entre os padrões constitutivos do feudalismo e os da modernidade, quando novos conceitos – como os de privacidade, individualismo e subjetividade – provocam mudanças na percepção do que é considerado certo ou errado. Esses conflitos transparecem na estrutura das peças, na criação das personagens e nas ideias que elas representam. O objetivo do presente trabalho é analisar como se configura a questão do Mal no drama shakespeariano, para verificar em que medida ele reflete a transformação de valores observável na sociedade elisabetana, e também para inferir em que medida pode ter contribuído para os desdobramentos éticos e estéticos que vieram a seguir. O corpus de aplicação da pesquisa consiste em três peças: as tragédias Macbeth e Otelo e o drama histórico Ricardo III, das quais são analisados três vilões notáveis, Lady Macbeth, Iago e Ricardo III. Em Lady Macbeth o Mal é tratado como um meio de realizar sua ambição ao adquirir poder para o marido. Em Iago o Mal se manifesta como o efeito da inveja e do ressentimento por ter sido preterido em sua aspiração profissional; e em Ricardo III o Mal é analisável através do conceito freudiano de Verdrängung, isto é, recalque, e manifestando-se como algo mais político e cruel. A minha hipótese é de que o Mal é um fenômeno tanto psicológico quanto social que sempre esteve presente em diferentes culturas e civilizações, mas que se expressa de formas distintas em diferentes contextos socioculturais e históricos, podendo ser atribuído a várias causas e analisado sob mais de uma perspectiva. Como apoio para as discussões utilizarei conceitos teóricos e leituras sobre Shakespeare apresentados por Freud, Maus e Charney. Acredito que os três vilões aqui analisados nos atraem e nos afetam tanto porque refletem sentimentos humanos que são atemporais. Ao término do trabalho, espero que as análises aqui desenvolvidas contribuam para o estado atual das discussões sobre a mudança de mentalidade quanto a certos conceitos, em diferentes momentos e grupos sociais. Uma questão central desta tese é que, ao fazer o que dificilmente ousaríamos fazer na vida real enquanto seres humanos, os vilões shakespearianos nos atraem tanto na medida em que eles nos afetam, e às vezes chocam, exatamente lá onde algo foi reprimido por nós. Para isso, é necessário salientar a transição da Idade Média para a Idade Moderna, assim como as diferentes mentalidades dessas duas épocas.Shakespeare’s theatre is built on the transition between the constitutive patterns of feudalism and modernity, when new concepts such as privacy, individualism and subjectivity provoke changes in the perception of what is considered right and wrong. These conflicts are reflected in the structure of the plays, the creation of the characters and in the ideas that they represent. The aim of this work is to analyze how the issue of Evil configures itself in the Shakespearean drama, to verify to which extent it reflects the transformation of values observable in Elizabethan society, and also to infer to which degree it may have contributed to the ethical and aesthetical developments that came next. The application corpus of the research consists of three plays: the tragedies Macbeth and Othello and the historical drama Richard III, of which three notable villains are analyzed, Lady Macbeth, Iago and Richard III. In Lady Macbeth Evil is treated as a means of accomplishing her ambition by acquiring power to her husband. In Iago Evil manifests itself as the effect of envy and resentment for having been passed over in his professional aspiration; and in Richard III evil is analysable through the Freudian concept of Verdrängung, i.e., repression, and manifesting itself as something more political and cruel. My hypothesis is that Evil is a psychological and social phenomenon that has always been present in different cultures and civilizations, but that expresses itself through distinct forms in different historical and sociocultural contexts, and that can be attributed to various causes and analyzed through more than one perspective. As a support to the discussions I will use theoretical concepts and readings about Shakespeare presented by Freud, Maus and Charney. I believe the three villains analyzed attract and affect us so strongly because they reflect human feelings which are timeless. At the end of this work, I hope that the analysis here developed will contribute to the current state of discussion about the change of mentality regarding certain concepts, in different moments and social groups. A central question in this thesis is that, by doing what we would hardly ever dare doing in real life as human beings, the Shakespearean villains attract us so much insofar as they affect, and sometimes shock us, exactly there where something was repressed by us. For this purpose, it is necessary to highlight the transition from the Middle Ages into the Modern Age and the different mentalities of these two periods.application/pdfengShakespeare, William, 1564-1616 : Crítica e interpretaçãoLiteratura inglesa : Crítica e interpretaçãoLiteratura inglesa : TeatroAnálise literáriaMal na literaturaVilões na literaturaEnglish LiteratureShakespeareEvilVillainsLanguagePsychoanalysisThe archeology of evil : a reading of three villains in Shakespeareinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2020doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001118012.pdf.txt001118012.pdf.txtExtracted Texttext/plain367532http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/214029/2/001118012.pdf.txt1ebd732ce1f17763dfed1e1b7babcb84MD52ORIGINAL001118012.pdfTexto completo (inglês)application/pdf934711http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/214029/1/001118012.pdfe415131f591d4a0c19bd4352c8eb2149MD5110183/2140292020-10-09 04:04:17.172224oai:www.lume.ufrgs.br:10183/214029Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532020-10-09T07:04:17Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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