O comportamento da lateral pós-vocálica no português de fronteira de Jaguarão/RS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Raquel Melo
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/277535
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo principal analisar o comportamento da variante velarizada [ɫ] da lateral pós-vocálica na cidade de Jaguarão/RS, utilizando os pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2008). Sob essa perspectiva, postula-se que a variação do /l/ pós-vocálico pode ser influenciada tanto por fatores linguísticos quanto por fatores sociais. No português brasileiro, a lateral em posição final de sílaba é conhecida por sua alofonia posicional (Câmara Jr., 1985), podendo manifestar-se a partir das variantes alveolar [l], velarizada [ɫ], vocalizada [w], apagada [ø] ou rótico. Embora estudos em diferentes regiões do Brasil apontem para a tendência à vocalização desse segmento, resultados de pesquisas realizadas na Região Sul (Quednau, 1993; Espiga, 1997, 2001; Dal Mago, 1998; Tasca, 1999, entre outros) indicam outras realizações possíveis, como o uso das variantes alveolar e velarizada. A análise desse trabalho foi conduzida com base em um corpus composto por 20 entrevistas sociolinguísticas provenientes do Banco de Dados Sociolinguísticos da Fronteira e da Campanha Sul-Rio-Grandense (BDS Pampa). A estratificação dos participantes se deu a partir das variáveis sociais faixa etária, gênero/sexo e escolaridade. Após oitiva e transcrição das ocorrências da lateral nos áudios, os dados foram classificados quanto às variáveis linguísticas contexto fonológico precedente, contexto fonológico seguinte, tonicidade da sílaba, posição da lateral na palavra e frequência lexical. No total, foram registradas 1.580 ocorrências da lateral pós-vocálica, sendo 1.207 (76,4%) ocorrências da variante vocalizada e 373 (23,6%) da variante velarizada, esta última representando a variável resposta do trabalho. A análise estatística foi conduzida utilizando a Plataforma R (R Core Team, 2023). Das variáveis preditoras consideradas, foram selecionadas estatisticamente significativas o contexto fonológico seguinte, a faixa etária e a escolaridade. Os resultados indicam que a produção da variante velarizada é favorecida pelas consoantes subsequentes de ponto de articulação alveolar e velar. Quanto às variáveis sociais, observou-se maior chance de ocorrência da lateral velarizada na fala de indivíduos pertencentes a faixas etárias mais elevadas e na daqueles que possuem baixos níveis de escolaridade.
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Embora estudos em diferentes regiões do Brasil apontem para a tendência à vocalização desse segmento, resultados de pesquisas realizadas na Região Sul (Quednau, 1993; Espiga, 1997, 2001; Dal Mago, 1998; Tasca, 1999, entre outros) indicam outras realizações possíveis, como o uso das variantes alveolar e velarizada. A análise desse trabalho foi conduzida com base em um corpus composto por 20 entrevistas sociolinguísticas provenientes do Banco de Dados Sociolinguísticos da Fronteira e da Campanha Sul-Rio-Grandense (BDS Pampa). A estratificação dos participantes se deu a partir das variáveis sociais faixa etária, gênero/sexo e escolaridade. Após oitiva e transcrição das ocorrências da lateral nos áudios, os dados foram classificados quanto às variáveis linguísticas contexto fonológico precedente, contexto fonológico seguinte, tonicidade da sílaba, posição da lateral na palavra e frequência lexical. No total, foram registradas 1.580 ocorrências da lateral pós-vocálica, sendo 1.207 (76,4%) ocorrências da variante vocalizada e 373 (23,6%) da variante velarizada, esta última representando a variável resposta do trabalho. A análise estatística foi conduzida utilizando a Plataforma R (R Core Team, 2023). Das variáveis preditoras consideradas, foram selecionadas estatisticamente significativas o contexto fonológico seguinte, a faixa etária e a escolaridade. Os resultados indicam que a produção da variante velarizada é favorecida pelas consoantes subsequentes de ponto de articulação alveolar e velar. Quanto às variáveis sociais, observou-se maior chance de ocorrência da lateral velarizada na fala de indivíduos pertencentes a faixas etárias mais elevadas e na daqueles que possuem baixos níveis de escolaridade.This dissertation aims to analyze the behavior of the velarized lateral [ɫ] variant in the post-vocalic position in the city of Jaguarão/RS, using the theoretical framework of Variationist Sociolinguistics (Labov, 2008). From this perspective, it is postulated that the variation in post-vocalic /l/ can be influenced by both linguistic and social factors. In Brazilian Portuguese, the lateral in the final position of a syllable is known for its positional allophony (Câmara Jr., 1985) and can manifest as alveolar [l], velarized [ɫ], vocalized [w], deleted [ø], or rhotic variants. Although studies in different regions of Brazil point towards a tendency for the vocalization of this segment, results from research conducted in the Southern Region (Quednau, 1993; Espiga, 1997, 2001; Dal Mago, 1998; Tasca, 1999, among others) indicate other possible realizations, such as the use of alveolar and velarized variants. The analysis of this work was conducted based on a corpus consisting of 20 sociolinguistic interviews sourced from a sociolinguistic database named Banco de Dados Sociolinguísticos da Fronteira e da Campanha Sul-Rio-Grandense (BDS Pampa). Participant stratification was carried out based on social variables such as age, gender and education level. Following the listening and transcription of occurrences of the lateral in the audio recordings, the data were classified according to linguistic variables, including the preceding phonological context, following phonological context, syllable tonicity, lateral position and lexical frequency. In total, 1.580 occurrences of post-vocalic lateral were recorded, with 1.207 (76.4%) instances of the vocalized variant and 373 (23.6%) instances of the velarized variant, the latter being the variable of interest in this study. Statistical analysis was conducted using the R Platform (R Core Team, 2023). Among the considered predictor variables, the statistically significant were the following phonological context, age and education level. The results indicate that the production of the velarized variant is favored by subsequent consonants of alveolar and velar articulation points. Regarding social variables, there was a higher likelihood of the occurrence of the velarized lateral in the speech of individuals belonging to older age groups and those with lower levels of education.application/pdfporLateral pós-vocálicaSociolingüística : Variação sociolingüísticaFonologiaPost-vocalic lateralVariationist sociolinguisticsPhonologyBDS PampaO comportamento da lateral pós-vocálica no português de fronteira de Jaguarão/RSinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2024mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001209152.pdf.txt001209152.pdf.txtExtracted Texttext/plain302728http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277535/2/001209152.pdf.txt4ad3f327ca06c82213bebf255136c0a8MD52ORIGINAL001209152.pdfTexto completoapplication/pdf3644059http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/277535/1/001209152.pdf2835c530df3d5b505235b05ee8f224e4MD5110183/2775352024-08-24 06:42:02.072273oai:www.lume.ufrgs.br:10183/277535Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532024-08-24T09:42:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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