Efeitos da suplementação dietética de ácidos graxos poliinsaturados em cadeia longa sobre o crescimento de recém-nascidos prematuros

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souto, Anelise Steglich
Data de Publicação: 1996
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/205996
Resumo: Os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (AGPI), produtos do metabolismo dos ácidos graxos essenciais linoléico e linolênico, têm importante papel no crescimento e desenvolvimento humano. São constituintes das membranas celulares, estão em alta concentração nos tecidos neurais neonatais e são precursores de prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos. No último trimestre da gestação, é intensa a deposição tecidual de AGPI no feto, provenientes basicamente de transferência placentária. O recémnascido prematuro, além de ser privado da fonte placentária, tem se mostrado ineficaz na síntese destes ácidos graxos. As fórmulas lácteas para prématuros disponíveis comercialmente não contém AGPI. O leite humano, ao contrário, possui estes ácidos graxos préformados e em quantidade adequada para o crescimento neural. Tem sido evidente que lactentes alimentados com fórmula apresentam-se deficientes em AGPI, com seu conteúdo reduzido em tecidos neurais e sangüíneo. Além de alterações estruturais, efeitos funcionais em tecidos ricos nestes ácidos graxos são observados conforme a sua disponibilidade através da dieta. O conhecimento a respeito das repercussões que a ausência de oferta de AGPI tem sobre o crescimento de bebês pré-termo é limitado. É reduzido o número de estudos publicados onde isto tenha sido analisado. Para avaliar os efeitos da suplementação dietética com AGPI das séries n-3 e n-6 sobre o crescimento de prematuros, foram estudados 34 bebês durante a sua internação hospitalar. 17 prematuros receberam fórmula convencional para os mesmos e 17 receberam a mesma fórmula, porém enriquecida com AGPI em concentração equivalente ao encontrado no leite humano. Os prematuros tinham peso de nascimento inferior a 1751 g, idade gestacional entre 26 e 35 semanas, não apresentavam morbidade neonatal significativa e iniciaram alimentação por via digestiva até o 5o dia de vida. o crescimento foi verificado através do peso, tomado ao nascer e após diariamente; comprimento e perímetro cefálico, também medidos ao nascer e após semanalmente até a alta hospitalar. Excetuando a medida do comprimento ao nascer, os grupos de prematuros não diferiram entre si quanto às características gerais, condições ao nascer, distúrbio respiratório ou outra morbidade apresentada durante a evolução, nem quanto ao suporte respiratório oferecido. Da mesma forma, o padrão da alimentação enteral foi semelhante entre os dois grupos, ou seja: a idade de início da dieta, a progressão do volume oferecido, a idade em que a hidratação era exclusivamente dependente da oferta por via digestiva, o volume médio e o aporte calórico médio durante a internação. Os bebês suplementados com AGPI obtiveram um maior aumento do comprimento quando comparados com os não suplementados {p<0,05). Aquele grupo de prematuros apresentou uma tendência a um maior ganho de peso e de perímetro cefálico, porém as diferenças não foram significativas. No entanto, quando os grupos de prematuros foram estratificados quanto ao peso de nascimento e as variáveis comparadas entre aqueles que eram de muito baixo peso ao nascer {menor ou igual a 1500g), as características ao entrar no estudo não modificaram, mas além do aumento do comprimento, o ganho ponderai foi maior nos lactentes alimentados com fórmula enriquecida {p<0,05). Os resultados deste estudo sugerem que o crescimento de prematuros alimentados com fórmula láctea, especialmente aqueles de muito baixo peso ao nascer, pode ser beneficiado com a suplementação de ácidos graxos poliinsaturados das séries n-3 e n-6.
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