Diálogos decoloniais: leitura, letramentos e formação continuada de professores/as de língua portuguesa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Araujo, Victória Kennedy de
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos)
Texto Completo: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/12544
Resumo: Em uma sociedade que se organiza, centralmente, em torno de práticas letradas, é evidente a importância que a leitura tem para o pleno exercício da cidadania. Essa prática é alvo das mais diversas críticas e sua responsabilidade é, frequentemente, atribuída diretamente à escola e, especialmente, aos/às professores/professoras de Língua Portuguesa. Diante disso, nosso estudo, de base qualitativa (CRESWELL, 2007), teve como principal objetivo analisar verbalizações de duas professoras de Língua Portuguesa que emergem no contexto de formação continuada para compreender o que revelam quanto às concepções de leitura, os objetivos, sentidos e limitações do agir docente envolvendo essa prática de linguagem e quanto ao percurso formativo em que se engajaram ao longo do ano de 2021. Para tanto, nossos dados foram gerados no contexto do percurso de formação continuada proposto pelo Grupo LID - Linguagem, Interação e Desenvolvimento, em parceria com a Rede Municipal de Ensino de Novo Hamburgo (RS), ao longo de 2021, a partir do qual as verbalizações foram transcritas desde uma perspectiva linguístico-interacional e analisadas segundo princípios do modelo de arquitetura textual e em outros pressupostos do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999) para a análise do agir linguageiro. As análises também se articulam ao nosso referencial teórico, no que diz respeito à leitura, embasadas, por exemplo, por Freire (1989), Rojo (2004), Kleiman (2008), Cafiero (2010) e Almeida (2020), e à decolonialidade, sustentadas por autores/autoras como Castro-Gomez (2007), Gomes (2012), Mignolo (2018), Walsh (2018) e Cadilhe (2020). Os resultados sugerem que é muito latente, na verbalização das professoras, a concepção de leitura como atividade cognitiva, o que parece limitar os objetivos para o trabalho com essa prática e, consequentemente, impactar os resultados das atividades desenvolvidas. No entanto, essa concepção é negociada e tende a se modificar, durante os encontros, através das interações e tensionamentos entre as professoras e os/as formadores/formadoras, indicando-nos para a abertura de uma rachadura decolonial (WALSH, 2018) que possibilite ressignificar (o trabalho com) a leitura. Com isso, temos indícios de que: (i) o percurso de formação impulsiona o desenvolvimento profissional das professoras, ao se engajarem em um processo reflexivo sobre seu agir, e pode contribuir para uma virada decolonial no ensino de leitura; (ii) as ações de formação parecem se constituir como uma atitude decolonial, ao colocarem em diálogo diferentes saberes/fazeres, contestando o status hegemônico da academia. Será necessário, porém, seguir problematizando o ensino de leitura e qualificando, ainda mais, as ações formativas, a fim de contribuir para o contexto da educação escolar pública orientada para a formação cidadã dos/as estudantes.
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Diante disso, nosso estudo, de base qualitativa (CRESWELL, 2007), teve como principal objetivo analisar verbalizações de duas professoras de Língua Portuguesa que emergem no contexto de formação continuada para compreender o que revelam quanto às concepções de leitura, os objetivos, sentidos e limitações do agir docente envolvendo essa prática de linguagem e quanto ao percurso formativo em que se engajaram ao longo do ano de 2021. Para tanto, nossos dados foram gerados no contexto do percurso de formação continuada proposto pelo Grupo LID - Linguagem, Interação e Desenvolvimento, em parceria com a Rede Municipal de Ensino de Novo Hamburgo (RS), ao longo de 2021, a partir do qual as verbalizações foram transcritas desde uma perspectiva linguístico-interacional e analisadas segundo princípios do modelo de arquitetura textual e em outros pressupostos do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999) para a análise do agir linguageiro. As análises também se articulam ao nosso referencial teórico, no que diz respeito à leitura, embasadas, por exemplo, por Freire (1989), Rojo (2004), Kleiman (2008), Cafiero (2010) e Almeida (2020), e à decolonialidade, sustentadas por autores/autoras como Castro-Gomez (2007), Gomes (2012), Mignolo (2018), Walsh (2018) e Cadilhe (2020). Os resultados sugerem que é muito latente, na verbalização das professoras, a concepção de leitura como atividade cognitiva, o que parece limitar os objetivos para o trabalho com essa prática e, consequentemente, impactar os resultados das atividades desenvolvidas. No entanto, essa concepção é negociada e tende a se modificar, durante os encontros, através das interações e tensionamentos entre as professoras e os/as formadores/formadoras, indicando-nos para a abertura de uma rachadura decolonial (WALSH, 2018) que possibilite ressignificar (o trabalho com) a leitura. Com isso, temos indícios de que: (i) o percurso de formação impulsiona o desenvolvimento profissional das professoras, ao se engajarem em um processo reflexivo sobre seu agir, e pode contribuir para uma virada decolonial no ensino de leitura; (ii) as ações de formação parecem se constituir como uma atitude decolonial, ao colocarem em diálogo diferentes saberes/fazeres, contestando o status hegemônico da academia. Será necessário, porém, seguir problematizando o ensino de leitura e qualificando, ainda mais, as ações formativas, a fim de contribuir para o contexto da educação escolar pública orientada para a formação cidadã dos/as estudantes.In a society mainly organized around literate practices, the importance of reading, for the complete exercise of citizenship, is evident. Reading is the target of the most diverse criticisms, and its responsibility is often attributed directly to the school and, especially, to Portuguese language teachers. Considering this, our qualitative study (CRESWELL, 2007) aimed to analyze verbalizations of two Portuguese language teachers which emerge in the context of continuing teacher education, to understand what they reveal regarding the concepts of reading, the objectives, meanings and limitations of teaching actions involving this language practice and regarding the continuing teacher education path in which they engaged throughout the year of 2021. Therefore, our data were generated in the context of the continuing teacher education path proposed by the LID Group - Language, Interaction and Development, in partnership with the Municipal Department of Education of Novo Hamburgo/RS, throughout 2021, from which the verbalizations were transcribed based on a linguistic-interactional perspective and analyzed according to the principles of the textual architecture model and other concepts of Sociodiscursive Interactionism (BRONCKART, 1999) for the analysis of the language action. The analyses are also articulated to our theoretical framework, concerning reading, based, for example, on Freire (1989), Rojo (2004), Kleiman (2008), Cafiero (2010) and Almeida (2020), and concerning decoloniality, supported by authors such as Castro-Gomez (2007), Gomes (2012), Mignolo (2018), Walsh (2018) and Cadilhe (2020). The results suggest that reading as a cognitive activity is a concept still very evident in the teachers' verbalizations, which seems to limit the objectives when working with this practice and, consequently, impact the results of the activities developed. However, this concept is negotiated and tends to change, during the meetings, through the interactions and debates between teachers and trainers, suggesting the effect of opening decolonial cracks (WALSH, 2018), allowing to re-signify (the work with) reading. Then, we have indications that: (i) the continuing education path boosts the professional development of teachers, by engaging in a reflective process on their actions, and could contribute to a decolonial turn for teaching reading; (ii) the continuing education actions seem to build a decolonial attitude, by putting different knowledges/doings in dialogue, contesting the hegemonic status of the academy. It will be necessary, however, to continue reflecting on teaching reading and improving, even more, the continuing teacher education actions, in order to contribuite to the context of public school education, oriented to the citizen development of students.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorAraujo, Victória Kennedy dehttp://lattes.cnpq.br/9832266692955095http://lattes.cnpq.br/3357536032967630Carnin, AndersonUniversidade do Vale do Rio dos SinosPrograma de Pós-Graduação em Linguística AplicadaUnisinosBrasilEscola da Indústria CriativaDiálogos decoloniais: leitura, letramentos e formação continuada de professores/as de língua portuguesaACCNPQ::Lingüística, Letras e Artes::LingüísticaLeituraLetramentosDecolonialidadeFormação continuada de professores/professorasInteracionismo sociodiscursivoReadingLiteraciesDecolonialityContinuing teacher educationSociodiscursive interactionisminfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/12544info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos)instname:Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)instacron:UNISINOSLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82175http://repositorio.jesuita.org.br/bitstream/UNISINOS/12544/2/license.txt320e21f23402402ac4988605e1edd177MD52ORIGINALVictória Kennedy de Araujo_PROTEGIDO.pdfVictória Kennedy de Araujo_PROTEGIDO.pdfapplication/pdf2495340http://repositorio.jesuita.org.br/bitstream/UNISINOS/12544/1/Vict%C3%B3ria+Kennedy+de+Araujo_PROTEGIDO.pdf4741a8c3874fe416c91b97edad240ab9MD51UNISINOS/125442023-06-22 15:38:09.662oai:www.repositorio.jesuita.org.br:UNISINOS/12544Ck5PVEE6IENPTE9RVUUgQVFVSSBBIFNVQSBQUsOTUFJJQSBMSUNFTsOHQQoKRXN0YSBsaWNlbsOnYSBkZSBleGVtcGxvIMOpIGZvcm5lY2lkYSBhcGVuYXMgcGFyYSBmaW5zIGluZm9ybWF0aXZvcy4KCkxpY2Vuw6dhIERFIERJU1RSSUJVScOHw4NPIE7Dg08tRVhDTFVTSVZBCgpDb20gYSBhcHJlc2VudGHDp8OjbyBkZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgdm9jw6ogKG8gYXV0b3IgKGVzKSBvdSBvIHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yKSBjb25jZWRlIMOgIApVbml2ZXJzaWRhZGUgZG8gVmFsZSBkbyBSaW8gZG9zIFNpbm9zIChVTklTSU5PUykgbyBkaXJlaXRvIG7Do28tZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlcHJvZHV6aXIsICB0cmFkdXppciAoY29uZm9ybWUgZGVmaW5pZG8gYWJhaXhvKSwgZS9vdSAKZGlzdHJpYnVpciBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3VtbykgcG9yIHRvZG8gbyBtdW5kbyBubyBmb3JtYXRvIGltcHJlc3NvIGUgZWxldHLDtG5pY28gZSAKZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgYSBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbyAKcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBhIFNpZ2xhIGRlIFVuaXZlcnNpZGFkZSBwb2RlIG1hbnRlciBtYWlzIGRlIHVtYSBjw7NwaWEgYSBzdWEgdGVzZSBvdSAKZGlzc2VydGHDp8OjbyBwYXJhIGZpbnMgZGUgc2VndXJhbsOnYSwgYmFjay11cCBlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IApjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogCmRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciDDoCBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgCm9zIGRpcmVpdG9zIGFwcmVzZW50YWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgZSBxdWUgZXNzZSBtYXRlcmlhbCBkZSBwcm9wcmllZGFkZSBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSAKaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBURVNFIE9VIERJU1NFUlRBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgCkFQT0lPIERFIFVNQSBBR8OKTkNJQSBERSBGT01FTlRPIE9VIE9VVFJPIE9SR0FOSVNNTyBRVUUgTsODTyBTRUpBIEEgU0lHTEEgREUgClVOSVZFUlNJREFERSwgVk9Dw4ogREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklTw4NPIENPTU8gClRBTULDiU0gQVMgREVNQUlTIE9CUklHQcOHw5VFUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKQSBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgc2UgY29tcHJvbWV0ZSBhIGlkZW50aWZpY2FyIGNsYXJhbWVudGUgbyBzZXUgbm9tZSAocykgb3UgbyhzKSBub21lKHMpIGRvKHMpIApkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbywgZSBuw6NvIGZhcsOhIHF1YWxxdWVyIGFsdGVyYcOnw6NvLCBhbMOpbSBkYXF1ZWxhcyAKY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KBiblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.repositorio.jesuita.org.br/oai/requestopendoar:2023-06-22T18:38:09Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)false
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