Os povos caçadores e coletores que habitaram as margens da Lagoa Mirim

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Osvaldo André
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos)
Texto Completo: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/5406
Resumo: Nos últimos 40 anos, estudos arqueológicos (sintetizados em Oliveira et al., 2003; Oliveira e Teixeira, 2005 a,b e c; Oliveira, 2006) apontam que a principal ocupação humana pré-colonial da planície costeira do extremo Sul do Brasil, na região dos municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí, estaria relacionada a grupos construtores de cerritos. Por outro lado, os sítios arqueológicos registrados através do “Banco de Dados Arqueológicos e Paleontológicos do Litoral Sudeste do Rio Grande do Sul, Brasil (BDAP)”, segundo Oliveira (2006), mostram que nesta área também existem outros tipos de sítios, associados a populações e momentos cronológicos distintos, tais como sítios erodidos sobre dunas (localizados na faixa litorânea) e sítios de encosta (nas bordas de banhados da Lagoa Mangueira). Além desses, ocorrem também sítios até agora pouco conhecidos e não estudados, que são o foco de estudo dessa tese, localizados na margem leste da Lagoa Mirim, constituindo-se basicamente de material lítico lascado, com significativa ocorrência de pontas de projétil, que foram denominados sítios líticos da margem da Lagoa Mirim. A região, como um todo, é caracterizada (Villwock e Tomazzelli, 1995) como uma ampla planície costeira, onde campos, banhados, lagoas e áreas úmidas associadas constituem a paisagem dominante. No município de Santa Vitória do Palmar, as margens da Lagoa Mirim ocupam toda a extensão de seu território até limites com o município de Rio Grande (ao Norte) e, através do arroio São Luiz e alagados (ao Sul), faz fronteira com o Uruguai. A partir de cronologias estabelecidas por vários autores (Schmitz et al, 1991; Mentz Ribeiro, 1999; Consens, 2004 entre outros) para a ocupação inicial desses grupos caçadores e coletores na região sul do Brasil e norte do Uruguai, acreditamos que a ocupação dos sítios líticos da margem da Lagoa Mirim tenha se dado entre 10.000 a 6.000 anos A. P., ao final de um período de intensa regressão marinha, que teve seu auge por volta de 18/17.000 A.P., no qual o Sistema Lagunar Patos-Mirim (dentro dele a Lagoa Mirim) havia se transformado em uma larga planície fluvial, onde rios como Jaguarão, Cebolatti, Taquari entre outros, dissecavam os antigos depósitos marinho-lagunares, formando pequenos vales (Villwock e Tomazzelli, 1995). Esses grupos teriam se estabelecido às margens daqueles paleovales, que convergiam para a porção nordeste da atual lagoa, antes de desaguarem no oceano, através da região do atual Banhado do Taim. Esses grupos, possivelmente oriundos da região do vale do Rio Negro, no atual Uruguai, teriam encontrado ali condições adequadas para desenvolverem seu modo de vida. A partir do pico transgressivo holocênico, por volta de 5.000 A.P., os vales são novamente afogados e inicia-se um novo ciclo de formação da paleolaguna Mirim, até ser novamente isolada, formando a lagoa como hoje a conhecemos. A partir desse momento, um novo ciclo de ocupação se desenvolve, com os construtores de cerritos, nas áreas alagadiças ao longo de arroios, nos terraços da recém-formada Lagoa da Mangueira e nas áreas de campos de dunas, na costa.
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Por outro lado, os sítios arqueológicos registrados através do “Banco de Dados Arqueológicos e Paleontológicos do Litoral Sudeste do Rio Grande do Sul, Brasil (BDAP)”, segundo Oliveira (2006), mostram que nesta área também existem outros tipos de sítios, associados a populações e momentos cronológicos distintos, tais como sítios erodidos sobre dunas (localizados na faixa litorânea) e sítios de encosta (nas bordas de banhados da Lagoa Mangueira). Além desses, ocorrem também sítios até agora pouco conhecidos e não estudados, que são o foco de estudo dessa tese, localizados na margem leste da Lagoa Mirim, constituindo-se basicamente de material lítico lascado, com significativa ocorrência de pontas de projétil, que foram denominados sítios líticos da margem da Lagoa Mirim. A região, como um todo, é caracterizada (Villwock e Tomazzelli, 1995) como uma ampla planície costeira, onde campos, banhados, lagoas e áreas úmidas associadas constituem a paisagem dominante. No município de Santa Vitória do Palmar, as margens da Lagoa Mirim ocupam toda a extensão de seu território até limites com o município de Rio Grande (ao Norte) e, através do arroio São Luiz e alagados (ao Sul), faz fronteira com o Uruguai. A partir de cronologias estabelecidas por vários autores (Schmitz et al, 1991; Mentz Ribeiro, 1999; Consens, 2004 entre outros) para a ocupação inicial desses grupos caçadores e coletores na região sul do Brasil e norte do Uruguai, acreditamos que a ocupação dos sítios líticos da margem da Lagoa Mirim tenha se dado entre 10.000 a 6.000 anos A. P., ao final de um período de intensa regressão marinha, que teve seu auge por volta de 18/17.000 A.P., no qual o Sistema Lagunar Patos-Mirim (dentro dele a Lagoa Mirim) havia se transformado em uma larga planície fluvial, onde rios como Jaguarão, Cebolatti, Taquari entre outros, dissecavam os antigos depósitos marinho-lagunares, formando pequenos vales (Villwock e Tomazzelli, 1995). Esses grupos teriam se estabelecido às margens daqueles paleovales, que convergiam para a porção nordeste da atual lagoa, antes de desaguarem no oceano, através da região do atual Banhado do Taim. Esses grupos, possivelmente oriundos da região do vale do Rio Negro, no atual Uruguai, teriam encontrado ali condições adequadas para desenvolverem seu modo de vida. A partir do pico transgressivo holocênico, por volta de 5.000 A.P., os vales são novamente afogados e inicia-se um novo ciclo de formação da paleolaguna Mirim, até ser novamente isolada, formando a lagoa como hoje a conhecemos. A partir desse momento, um novo ciclo de ocupação se desenvolve, com os construtores de cerritos, nas áreas alagadiças ao longo de arroios, nos terraços da recém-formada Lagoa da Mangueira e nas áreas de campos de dunas, na costa.In the last four decades, archaeological research (synthesized in Oliveira et al. 2003; Oliveira and Teixeira, 2005a,b; Oliveira 2006) points out that the main precolonial inhabitants of the southern coastal plains of Brazil, in the region of Santa Vitória do Palmar and Chuí, was the constructors of earth mounds, locally known as cerritos, of the Vieira tradition. However, the archaeological sites recorded by the “Banco de Dados Arqueológicos e Paleontológicos do Litoral Sudeste do Rio Grande do Sul, Brasil (BDAP)”, according to Oliveira (2006) shows that there would have been another types of sites, associated to different populations and distinctive chronological moments, such as eroded sites over sand dunes (located in the coastal zone) and slope sites, located in the fringes of Lagoa Mangueira marshes. Besides of them, there are also sites that are, until now, poor known and no research have been made until now, wich are the focus of this study. The sites, located along the oriental margin of the Lagoa Mirim, are composed basically by flaked lithic material with significant presence of projectile points. The region, as a whole, is characterized (Villwock and Tomazelli, 1995) as a large coastal plain where grasslands, marshes, lagoons and moist areas conform the dominant landscape. In Santa Vitória do Palmar, the fringes of the Lagoa Mirim occupy all the extension of its territory up to Rio Grande (at North) as far as the Uruguai border (at South). Given the stablished chronologies by various authors (such as Schmitz et al., 1991; Mentz Ribeiro, 1999 and Consens, 2004 among others) to the inicial occupation of the Southern Brazil and northern Uruguai by hunters and gatherers with projectile poits, we believe that the occupation of the lithic sites in the oriental fringes of the Lagoa Mirim takes place between 10.000 to 6.000 years B. P., at the end of an intensive marine regression that reached its height at about 18/17.000 years B. P., in wich the Patos-Mirim lagune system changed into a large aluvial plain, where rivers such as Jaguarão, Cebolatti, Taquari among others run over ancients marine-lagune deposits, forming small valleys (Villwock and Tomazzelli, 1995). This groups would have stablished in the terraces of the paleovalleys that converged to the northeast of the present lake, before to drain at the Atlantic Ocean, through the present Banhado do Taim. These groups, possibly derived of the valley of Rio Negro region, have found in that place suitable conditions to develop their way of life. As from the holocenic transgressive height, at about 5.000 years B. P., the valleys are again drowned and starts a new cycle of formation of the Mirim paleolake, until it be isolated, forming the lake as we know today. From now on, a new cycle of human occupation also develops, with the cerrito builders in the marsh areas along creeks and streams, in the terraces of the newly formed Lagoa Mangueira and in the sand dune fields of the atlantic coast.UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos SinosOliveira, Osvaldo Andréhttp://lattes.cnpq.br/6743560606304365http://lattes.cnpq.br/7963148769474775Rogge, Jairo HenriqueUniversidade do Vale do Rio dos SinosPrograma de Pós-Graduação em HistóriaUnisinosBrasilEscola de HumanidadesOs povos caçadores e coletores que habitaram as margens da Lagoa MirimACCNPQ::Ciências Humanas::HistóriaCaçadores e coletoresPontas de projétilSítios líticosLagoa MirimHunters and gatherersProjectile pointsLithic sitesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesishttp://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/5406info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos)instname:Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)instacron:UNISINOSORIGINALOsvaldo André Oliveira_.pdfOsvaldo André Oliveira_.pdfapplication/pdf10816055http://repositorio.jesuita.org.br/bitstream/UNISINOS/5406/1/Osvaldo+Andr%C3%A9+Oliveira_.pdf50384491a058f8b9850dc0b8c392cd05MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82175http://repositorio.jesuita.org.br/bitstream/UNISINOS/5406/2/license.txt320e21f23402402ac4988605e1edd177MD52UNISINOS/54062016-06-28 13:10:28.278oai:www.repositorio.jesuita.org.br:UNISINOS/5406Ck5PVEE6IENPTE9RVUUgQVFVSSBBIFNVQSBQUsOTUFJJQSBMSUNFTsOHQQoKRXN0YSBsaWNlbsOnYSBkZSBleGVtcGxvIMOpIGZvcm5lY2lkYSBhcGVuYXMgcGFyYSBmaW5zIGluZm9ybWF0aXZvcy4KCkxpY2Vuw6dhIERFIERJU1RSSUJVScOHw4NPIE7Dg08tRVhDTFVTSVZBCgpDb20gYSBhcHJlc2VudGHDp8OjbyBkZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgdm9jw6ogKG8gYXV0b3IgKGVzKSBvdSBvIHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yKSBjb25jZWRlIMOgIApVbml2ZXJzaWRhZGUgZG8gVmFsZSBkbyBSaW8gZG9zIFNpbm9zIChVTklTSU5PUykgbyBkaXJlaXRvIG7Do28tZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlcHJvZHV6aXIsICB0cmFkdXppciAoY29uZm9ybWUgZGVmaW5pZG8gYWJhaXhvKSwgZS9vdSAKZGlzdHJpYnVpciBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3VtbykgcG9yIHRvZG8gbyBtdW5kbyBubyBmb3JtYXRvIGltcHJlc3NvIGUgZWxldHLDtG5pY28gZSAKZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgYSBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbyAKcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBhIFNpZ2xhIGRlIFVuaXZlcnNpZGFkZSBwb2RlIG1hbnRlciBtYWlzIGRlIHVtYSBjw7NwaWEgYSBzdWEgdGVzZSBvdSAKZGlzc2VydGHDp8OjbyBwYXJhIGZpbnMgZGUgc2VndXJhbsOnYSwgYmFjay11cCBlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IApjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogCmRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciDDoCBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgCm9zIGRpcmVpdG9zIGFwcmVzZW50YWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgZSBxdWUgZXNzZSBtYXRlcmlhbCBkZSBwcm9wcmllZGFkZSBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSAKaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBURVNFIE9VIERJU1NFUlRBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgCkFQT0lPIERFIFVNQSBBR8OKTkNJQSBERSBGT01FTlRPIE9VIE9VVFJPIE9SR0FOSVNNTyBRVUUgTsODTyBTRUpBIEEgU0lHTEEgREUgClVOSVZFUlNJREFERSwgVk9Dw4ogREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklTw4NPIENPTU8gClRBTULDiU0gQVMgREVNQUlTIE9CUklHQcOHw5VFUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKQSBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgc2UgY29tcHJvbWV0ZSBhIGlkZW50aWZpY2FyIGNsYXJhbWVudGUgbyBzZXUgbm9tZSAocykgb3UgbyhzKSBub21lKHMpIGRvKHMpIApkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbywgZSBuw6NvIGZhcsOhIHF1YWxxdWVyIGFsdGVyYcOnw6NvLCBhbMOpbSBkYXF1ZWxhcyAKY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KBiblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.repositorio.jesuita.org.br/oai/requestopendoar:2016-06-28T16:10:28Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)false
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