Existências insurgentes: reverberações das experiências de subjetivação política no cotidiano de mulheres engajadas
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos) |
Texto Completo: | http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/12499 |
Resumo: | Na presente tese, estudamos as experiências de subjetivação política e suas reverberações no cotidiano de engajamento de mulheres que partilham da experiência militante na Marcha Mundial de Mulheres (MMM), em Caxias do Sul. Para isso, conduzimos o nosso trabalho a partir das seguintes questões: as experiências de dissenso em relação à localização social de ser mulher geram experiências de subjetivação política? Se sim, de que forma essas experiências reverberem no engajamento político cotidiano? Nesse processo, como se dá a mudança de si e do entorno? Nesse ínterim, produzimos os dados de pesquisa por meio de entrevistas compreensivas (KAUFMANN, 2013) com cinco mulheres militantes na MMM e compartilhamento do tempo (FABIAN, 2006) na observação interativa das atividades promovidas pelo grupo, no período de um ano. Orientamos a pesquisa com base nos conceitos de experiência e cotidiano, discutidos, principalmente,por Thompson (1981, 2002, 2020) e Heller (2014), e nos conceitos de política, subjetivação e partilha do sensível, fundamentados em Rancière (1996a, 1996b, 2005, 2014). Além disso, refletimos sobre os princípios educativos dos movimentos sociais e sua potência formativa para as pessoas militantes (GOMES, 2017; ARROYO, 2003). Organizamos a tese de modo a dedicar um espaço narrativo para cada uma das entrevistadas, tendo em vista que cada existência representa um modo de insurgir, de se colocar frente à ordem política e social, ainda que na partilha de concepções comuns de mundo. Nesse ínterim, analisamos, por meio das entrevistas e da observação interativa, as experiências de (des)identificação, os tempos e espaços de subjetivação política e os aspectos do engajamento político de mulheres. Com isso, desenvolvemos na pesquisa nossa própria definição para o conceito de engajamento político. Consideramos que as participantes da pesquisa, na singularidade de suas trajetórias militantes, representam formas de existências insurgentes, ou seja, apresentam modos de viver que tem por princípio a resistência a diferentes opressões ligadas às suas localizações sociais e ao contexto sociopolítico que se inserem. Desse modo, defendemos a tese de que as experiências de dissenso em relação à localização social de ser mulher, na potência formativa da subjetivação política, geram mudança de si e do entorno que reverberam em engajamento político cotidiano. Concluímos que a diversidade nas trajetórias políticas estudadas demonstra que o engajamento em determinada causa não produz e não é produzido por pessoas homogêneas e não se traduz em fórmulas de emancipação. Ao reverberarem em suas relações familiares, laborais, de lazer, entre outros, a mudança de si, essas mulheres tensionam os sistemas de valores predominantes em seus meios, possibilitando a ocorrência de mudanças microssociais, sem necessariamente evidenciarem rupturas marcantes. Desse modo, elas atuam na transformação do cotidiano pela potência formativa da subjetivação política, na possibilidade de sonhar um sonho comum, uma utopia que as mobilizam a andarem juntas em uma direção, mas na vivência da singularidade de suas vidas. |
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2023-06-13T18:33:18Z2023-06-13T18:33:18Z2023-03-03Submitted by Jeferson Carlos da Veiga Rodrigues (jveigar@unisinos.br) on 2023-06-13T18:33:18Z No. of bitstreams: 1 Scarlett Giovana Borges_.pdf: 4088682 bytes, checksum: c7141e0bef3f6bac50a6a479c16210b5 (MD5)Made available in DSpace on 2023-06-13T18:33:18Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Scarlett Giovana Borges_.pdf: 4088682 bytes, checksum: c7141e0bef3f6bac50a6a479c16210b5 (MD5) Previous issue date: 2023-03-03Na presente tese, estudamos as experiências de subjetivação política e suas reverberações no cotidiano de engajamento de mulheres que partilham da experiência militante na Marcha Mundial de Mulheres (MMM), em Caxias do Sul. Para isso, conduzimos o nosso trabalho a partir das seguintes questões: as experiências de dissenso em relação à localização social de ser mulher geram experiências de subjetivação política? Se sim, de que forma essas experiências reverberem no engajamento político cotidiano? Nesse processo, como se dá a mudança de si e do entorno? Nesse ínterim, produzimos os dados de pesquisa por meio de entrevistas compreensivas (KAUFMANN, 2013) com cinco mulheres militantes na MMM e compartilhamento do tempo (FABIAN, 2006) na observação interativa das atividades promovidas pelo grupo, no período de um ano. Orientamos a pesquisa com base nos conceitos de experiência e cotidiano, discutidos, principalmente,por Thompson (1981, 2002, 2020) e Heller (2014), e nos conceitos de política, subjetivação e partilha do sensível, fundamentados em Rancière (1996a, 1996b, 2005, 2014). Além disso, refletimos sobre os princípios educativos dos movimentos sociais e sua potência formativa para as pessoas militantes (GOMES, 2017; ARROYO, 2003). Organizamos a tese de modo a dedicar um espaço narrativo para cada uma das entrevistadas, tendo em vista que cada existência representa um modo de insurgir, de se colocar frente à ordem política e social, ainda que na partilha de concepções comuns de mundo. Nesse ínterim, analisamos, por meio das entrevistas e da observação interativa, as experiências de (des)identificação, os tempos e espaços de subjetivação política e os aspectos do engajamento político de mulheres. Com isso, desenvolvemos na pesquisa nossa própria definição para o conceito de engajamento político. Consideramos que as participantes da pesquisa, na singularidade de suas trajetórias militantes, representam formas de existências insurgentes, ou seja, apresentam modos de viver que tem por princípio a resistência a diferentes opressões ligadas às suas localizações sociais e ao contexto sociopolítico que se inserem. Desse modo, defendemos a tese de que as experiências de dissenso em relação à localização social de ser mulher, na potência formativa da subjetivação política, geram mudança de si e do entorno que reverberam em engajamento político cotidiano. Concluímos que a diversidade nas trajetórias políticas estudadas demonstra que o engajamento em determinada causa não produz e não é produzido por pessoas homogêneas e não se traduz em fórmulas de emancipação. Ao reverberarem em suas relações familiares, laborais, de lazer, entre outros, a mudança de si, essas mulheres tensionam os sistemas de valores predominantes em seus meios, possibilitando a ocorrência de mudanças microssociais, sem necessariamente evidenciarem rupturas marcantes. Desse modo, elas atuam na transformação do cotidiano pela potência formativa da subjetivação política, na possibilidade de sonhar um sonho comum, uma utopia que as mobilizam a andarem juntas em uma direção, mas na vivência da singularidade de suas vidas.In this thesis, we study the experiences of political subjectivation and their reverberations in the everyday life engagement of women who share the militant experience in the World March of Women (WMW), in Caxias do Sul. We carried out our work based on the following questions: do the experiences of dissent concerning the social location of becoming a woman generate experiences of political subjectivation? If so, how do these experiences reverberate in everyday political engagement? In this process, how does the change of oneself and the surroundings happen? In the meantime, we produced research data through comprehensive interviews (KAUFMANN, 2013) with five militant women in the WMW and sharing time (FABIAN, 2006) in the interactive observation of the activities promoted by the group, for one year. We guided the research based on the concepts of experience and everyday life, discussed mainly by Thompson (1981, 2002, 2020) and Heller (2014), and the concepts of politics, subjectivation, and distribution of the sensitive based on Rancière (1996a, 1996b, 2005, 2014). Beyond that, we reflected on the educational principles of social movements and their formative prospective for militant people (GOMES, 2017; ARROYO, 2003). We organized this thesis to dedicate a narrative space to each of the interviewees, considering that each existence represents a way to arise, to stand up to the political and social order, even if sharing a world common conception. In the meantime, we analyzed the aspects of (dis)identification, time and space of political subjectivation, and the political engagement narrated and observed about the experience of the research participants. Thus, we developed our definition of the political engagement concept in the research. We considered that the research participants represent insurgent forms of existence in the singularity of their militant trajectories. In other words, they present ways of living that have the resistance to different oppressions linked to their social locations and their sociopolitical context as a principle. Thereby, we defended the thesis that the experiences of dissent on social location of becoming a woman, in the formative prospective of political subjectivation, create the change of oneself and the surroundings that reverberate in everyday pollical engagement. We conclude that the diversity in the studied political trajectories demonstrates that engagement in a given cause does not produce and is not produced by homogeneous people and does not translate into emancipation formulas. By reverberating the change of themselves in their family, work, and leisure relationships, these women strain the prevailing value systems in their environments, enabling the occurrence of microsocial changes, without necessarily presenting remarkable ruptures. In this way, they act in the transformation of everyday life through the formative prospective of political subjectivation, in the possibility of dreaming a common dream, a utopia that mobilizes them to walk together in one direction, but in the experience of the uniqueness of their lives.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorBorges, Scarlett Giovanahttp://lattes.cnpq.br/1578995685574843http://lattes.cnpq.br/9524885475616516Silva, Rodrigo Manoel Dias daUniversidade do Vale do Rio dos SinosPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoUnisinosBrasilEscola de HumanidadesExistências insurgentes: reverberações das experiências de subjetivação política no cotidiano de mulheres engajadasACCNPQ::Ciências Humanas::EducaçãoEngajamento político de mulheresSubjetivação políticaPedagogia políticaMovimentos sociaisMarcha Mundial das MulheresPolitical engagement of womanPolitical subjectivationPolitical pedagogySocial movementsWorld March of Womeninfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesishttp://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/12499info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos)instname:Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)instacron:UNISINOSLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82175http://repositorio.jesuita.org.br/bitstream/UNISINOS/12499/2/license.txt320e21f23402402ac4988605e1edd177MD52ORIGINALScarlett Giovana Borges_.pdfScarlett Giovana Borges_.pdfapplication/pdf4088682http://repositorio.jesuita.org.br/bitstream/UNISINOS/12499/1/Scarlett+Giovana+Borges_.pdfc7141e0bef3f6bac50a6a479c16210b5MD51UNISINOS/124992023-06-13 15:39:13.124oai:www.repositorio.jesuita.org.br:UNISINOS/12499Ck5PVEE6IENPTE9RVUUgQVFVSSBBIFNVQSBQUsOTUFJJQSBMSUNFTsOHQQoKRXN0YSBsaWNlbsOnYSBkZSBleGVtcGxvIMOpIGZvcm5lY2lkYSBhcGVuYXMgcGFyYSBmaW5zIGluZm9ybWF0aXZvcy4KCkxpY2Vuw6dhIERFIERJU1RSSUJVScOHw4NPIE7Dg08tRVhDTFVTSVZBCgpDb20gYSBhcHJlc2VudGHDp8OjbyBkZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgdm9jw6ogKG8gYXV0b3IgKGVzKSBvdSBvIHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yKSBjb25jZWRlIMOgIApVbml2ZXJzaWRhZGUgZG8gVmFsZSBkbyBSaW8gZG9zIFNpbm9zIChVTklTSU5PUykgbyBkaXJlaXRvIG7Do28tZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlcHJvZHV6aXIsICB0cmFkdXppciAoY29uZm9ybWUgZGVmaW5pZG8gYWJhaXhvKSwgZS9vdSAKZGlzdHJpYnVpciBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3VtbykgcG9yIHRvZG8gbyBtdW5kbyBubyBmb3JtYXRvIGltcHJlc3NvIGUgZWxldHLDtG5pY28gZSAKZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgYSBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbyAKcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBhIFNpZ2xhIGRlIFVuaXZlcnNpZGFkZSBwb2RlIG1hbnRlciBtYWlzIGRlIHVtYSBjw7NwaWEgYSBzdWEgdGVzZSBvdSAKZGlzc2VydGHDp8OjbyBwYXJhIGZpbnMgZGUgc2VndXJhbsOnYSwgYmFjay11cCBlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IApjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSB0ZXNlIG91IGRpc3NlcnRhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogCmRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciDDoCBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgCm9zIGRpcmVpdG9zIGFwcmVzZW50YWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgZSBxdWUgZXNzZSBtYXRlcmlhbCBkZSBwcm9wcmllZGFkZSBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSAKaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBURVNFIE9VIERJU1NFUlRBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgCkFQT0lPIERFIFVNQSBBR8OKTkNJQSBERSBGT01FTlRPIE9VIE9VVFJPIE9SR0FOSVNNTyBRVUUgTsODTyBTRUpBIEEgU0lHTEEgREUgClVOSVZFUlNJREFERSwgVk9Dw4ogREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklTw4NPIENPTU8gClRBTULDiU0gQVMgREVNQUlTIE9CUklHQcOHw5VFUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKQSBTaWdsYSBkZSBVbml2ZXJzaWRhZGUgc2UgY29tcHJvbWV0ZSBhIGlkZW50aWZpY2FyIGNsYXJhbWVudGUgbyBzZXUgbm9tZSAocykgb3UgbyhzKSBub21lKHMpIGRvKHMpIApkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRhIHRlc2Ugb3UgZGlzc2VydGHDp8OjbywgZSBuw6NvIGZhcsOhIHF1YWxxdWVyIGFsdGVyYcOnw6NvLCBhbMOpbSBkYXF1ZWxhcyAKY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KBiblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.repositorio.jesuita.org.br/oai/requestopendoar:2023-06-13T18:39:13Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)false |
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Na presente tese, estudamos as experiências de subjetivação política e suas reverberações no cotidiano de engajamento de mulheres que partilham da experiência militante na Marcha Mundial de Mulheres (MMM), em Caxias do Sul. Para isso, conduzimos o nosso trabalho a partir das seguintes questões: as experiências de dissenso em relação à localização social de ser mulher geram experiências de subjetivação política? Se sim, de que forma essas experiências reverberem no engajamento político cotidiano? Nesse processo, como se dá a mudança de si e do entorno? Nesse ínterim, produzimos os dados de pesquisa por meio de entrevistas compreensivas (KAUFMANN, 2013) com cinco mulheres militantes na MMM e compartilhamento do tempo (FABIAN, 2006) na observação interativa das atividades promovidas pelo grupo, no período de um ano. Orientamos a pesquisa com base nos conceitos de experiência e cotidiano, discutidos, principalmente,por Thompson (1981, 2002, 2020) e Heller (2014), e nos conceitos de política, subjetivação e partilha do sensível, fundamentados em Rancière (1996a, 1996b, 2005, 2014). Além disso, refletimos sobre os princípios educativos dos movimentos sociais e sua potência formativa para as pessoas militantes (GOMES, 2017; ARROYO, 2003). Organizamos a tese de modo a dedicar um espaço narrativo para cada uma das entrevistadas, tendo em vista que cada existência representa um modo de insurgir, de se colocar frente à ordem política e social, ainda que na partilha de concepções comuns de mundo. Nesse ínterim, analisamos, por meio das entrevistas e da observação interativa, as experiências de (des)identificação, os tempos e espaços de subjetivação política e os aspectos do engajamento político de mulheres. Com isso, desenvolvemos na pesquisa nossa própria definição para o conceito de engajamento político. Consideramos que as participantes da pesquisa, na singularidade de suas trajetórias militantes, representam formas de existências insurgentes, ou seja, apresentam modos de viver que tem por princípio a resistência a diferentes opressões ligadas às suas localizações sociais e ao contexto sociopolítico que se inserem. Desse modo, defendemos a tese de que as experiências de dissenso em relação à localização social de ser mulher, na potência formativa da subjetivação política, geram mudança de si e do entorno que reverberam em engajamento político cotidiano. Concluímos que a diversidade nas trajetórias políticas estudadas demonstra que o engajamento em determinada causa não produz e não é produzido por pessoas homogêneas e não se traduz em fórmulas de emancipação. Ao reverberarem em suas relações familiares, laborais, de lazer, entre outros, a mudança de si, essas mulheres tensionam os sistemas de valores predominantes em seus meios, possibilitando a ocorrência de mudanças microssociais, sem necessariamente evidenciarem rupturas marcantes. Desse modo, elas atuam na transformação do cotidiano pela potência formativa da subjetivação política, na possibilidade de sonhar um sonho comum, uma utopia que as mobilizam a andarem juntas em uma direção, mas na vivência da singularidade de suas vidas. |
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