Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológica
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2022 |
Outros Autores: | , , , , , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Saúde, Ética & Justiça (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/sej/article/view/210962 |
Resumo: | INTRODUÇÃO: as consequências da pandemia da COVID-19 na incidência de lesão autoprovocada em crianças e adolescentes não são totalmente conhecidas. No entanto, essa doença e as estratégias para conter a transmissão do vírus afetaram a saúde mental dessa população. O objetivo deste estudo foi descrever e comparar os dados de lesão autoprovocada em crianças e adolescentes pré e durante a pandemia da COVID-19. MÉTODOS: estudo ecológico, com dados de notificações realizadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação devido à lesão autoprovocada, entre 1 de janeiro a 30 de setembro dos anos de 2018 a 2021. Os dados apresentaram distribuição paramétrica (teste Shapiro-Wilk). A comparação entre as médias foi feita por teste-t independente. Utilizado o SPSS® versão 22.2. RESULTADOS: foram analisados 88.483 casos de lesões autoprovocadas voluntariamente no período, destes, 47.785 correspondem ao período pré-pandemia (2018 e 2019) e 40.698, ao período de pandemia (2020 e 2021). Não houve diferença estatística quanto à frequência nos períodos levantados (t(34)= 1,533; p=0,056. Houve predominância feminina (77% dos casos, p=0,007), nas faixas etárias de 15 a 19 anos (71% dos casos, p=0,021) e de pessoas de pele branca (46%) ou parda (38%) p=0,039). DISCUSSÃO: não houve diferença entre as médias de internações por lesões autoprovocadas nos períodos levantados. Ao contrário dos resultados deste estudo, a literatura mostra que houve agravo dos transtornos mentais. A hipótese para esta divergência se sustenta na baixa notificação, uma vez que os atendimentos médicosforam focados na doença viral, e outros casos deixaram de ser identificados e notificados pelos médicos. CONCLUSÃO: devido à divergência entre os resultados encontrados e os estudos na literatura, são necessárias mais pesquisas para afirmar o verdadeiro cenário da incidência de lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19. |
id |
USP - 64_157982039ef003040d55352e1a56c375 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:revistas.usp.br:article/210962 |
network_acronym_str |
USP - 64 |
network_name_str |
Saúde, Ética & Justiça (Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológicaSelf-inflicted injury in children and adolescents during the COVID-19 pandemic: epidemiological analysisSelf-Injurious BehaviorInfection, 2019-nCoVChildAdolescentComportamento AutodestrutivoInfecção por Coronavírus 2019-nCoVCriançaAdolescenteINTRODUÇÃO: as consequências da pandemia da COVID-19 na incidência de lesão autoprovocada em crianças e adolescentes não são totalmente conhecidas. No entanto, essa doença e as estratégias para conter a transmissão do vírus afetaram a saúde mental dessa população. O objetivo deste estudo foi descrever e comparar os dados de lesão autoprovocada em crianças e adolescentes pré e durante a pandemia da COVID-19. MÉTODOS: estudo ecológico, com dados de notificações realizadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação devido à lesão autoprovocada, entre 1 de janeiro a 30 de setembro dos anos de 2018 a 2021. Os dados apresentaram distribuição paramétrica (teste Shapiro-Wilk). A comparação entre as médias foi feita por teste-t independente. Utilizado o SPSS® versão 22.2. RESULTADOS: foram analisados 88.483 casos de lesões autoprovocadas voluntariamente no período, destes, 47.785 correspondem ao período pré-pandemia (2018 e 2019) e 40.698, ao período de pandemia (2020 e 2021). Não houve diferença estatística quanto à frequência nos períodos levantados (t(34)= 1,533; p=0,056. Houve predominância feminina (77% dos casos, p=0,007), nas faixas etárias de 15 a 19 anos (71% dos casos, p=0,021) e de pessoas de pele branca (46%) ou parda (38%) p=0,039). DISCUSSÃO: não houve diferença entre as médias de internações por lesões autoprovocadas nos períodos levantados. Ao contrário dos resultados deste estudo, a literatura mostra que houve agravo dos transtornos mentais. A hipótese para esta divergência se sustenta na baixa notificação, uma vez que os atendimentos médicosforam focados na doença viral, e outros casos deixaram de ser identificados e notificados pelos médicos. CONCLUSÃO: devido à divergência entre os resultados encontrados e os estudos na literatura, são necessárias mais pesquisas para afirmar o verdadeiro cenário da incidência de lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19.INTRODUCTION: The effects of the COVID-19 pandemic on the incidence of self-harm in children and adolescents are not fully known. However, the literature shows that this disease and the strategies to contain its transmission affected the mental health of this population. The aim of this study was to describe and compare data on self-harm in childrenand adolescents before and during the COVID-19 pandemic. METHODS: An ecological study was conducted with data from the Brazilian Information System for Notifiable Diseases due to self-harm, between January 1st and September 31st of the years 2018 to 2021. The data presented a parametric distribution (Shapiro-Wilk test). A comparison between means was performed using an independent t-test. SPSS® version 22.2 was used. RESULTS: A total of 88,483 cases of voluntarilyself-inflicted injuries were analyzed in the period, of which 47,785 correspond to the pre-pandemic period (2018 and 2019) and 40,698 to the pandemic period (2020 and 2021). There was no statistical difference regarding frequency in the surveyed periods (t (34) = 1.533; p = 0.056). A female predominance was found (77% of cases, p = 0.007) in the age group from 15to 19 years (71% of cases, p = 0.021) and in people with white (46%) or brown skin (38%) p = 0.039). DISCUSSION: No difference was found between the mean number of hospitalizations due to self-inflicted injuries in the surveyed periods. Contrary to these results, the literature shows an aggravation of mental disorders in the pandemic period. The hypothesis forthis divergence is supported by the low notification since medical consultations were focused on the viral disease and other cases were not identified and notified by the doctors. CONCLUSION: Due to the divergence between the results found and the studies in the literature, more research is needed to confirm the true scenario of the incidence of self-harm in children and adolescents during the COVID-19 pandemic.Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina do Trabalho.2022-12-28info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionART.application/pdfhttps://www.revistas.usp.br/sej/article/view/21096210.11606/issn.2317-2770.v27i2p60-66Saúde Ética & Justiça ; v. 27 n. 2 (2022); 60-662317-2770reponame:Saúde, Ética & Justiça (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/sej/article/view/210962/195427Copyright (c) 2022 Felipe Mazari Sgobbi, Henrique Nicola Santo Antonio Bernardo, Maria Clara Cardoso Seba, Nicoly Ogeda da Silva, Júlia Corrêa Gabriel, Ana Laura Donaire Rapozero, Luan Salguero de Aguiar, Ivan Dieb Miziara, Carmen Sílvia Molleis Galego Miziarahttp://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessSgobbi, Felipe MazariBernardo, Henrique Nicola Santo AntonioSeba, Maria Clara CardosoSilva, Nicoly Ogeda daGabriel, Júlia CorrêaRapozero, Ana Laura DonaireAguiar, Luan Salguero deMiziara, Ivan DiebMiziara, Carmen Sílvia Molleis Galego2023-06-28T14:35:13Zoai:revistas.usp.br:article/210962Revistahttps://www.revistas.usp.br/sej/indexPUBhttps://www.revistas.usp.br/sej/oairevistasej@fm.usp.br||2317-27701414-218Xopendoar:2023-06-28T14:35:13Saúde, Ética & Justiça (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológica Self-inflicted injury in children and adolescents during the COVID-19 pandemic: epidemiological analysis |
title |
Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológica |
spellingShingle |
Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológica Sgobbi, Felipe Mazari Self-Injurious Behavior Infection, 2019-nCoV Child Adolescent Comportamento Autodestrutivo Infecção por Coronavírus 2019-nCoV Criança Adolescente |
title_short |
Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológica |
title_full |
Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológica |
title_fullStr |
Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológica |
title_full_unstemmed |
Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológica |
title_sort |
Lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19: análise epidemiológica |
author |
Sgobbi, Felipe Mazari |
author_facet |
Sgobbi, Felipe Mazari Bernardo, Henrique Nicola Santo Antonio Seba, Maria Clara Cardoso Silva, Nicoly Ogeda da Gabriel, Júlia Corrêa Rapozero, Ana Laura Donaire Aguiar, Luan Salguero de Miziara, Ivan Dieb Miziara, Carmen Sílvia Molleis Galego |
author_role |
author |
author2 |
Bernardo, Henrique Nicola Santo Antonio Seba, Maria Clara Cardoso Silva, Nicoly Ogeda da Gabriel, Júlia Corrêa Rapozero, Ana Laura Donaire Aguiar, Luan Salguero de Miziara, Ivan Dieb Miziara, Carmen Sílvia Molleis Galego |
author2_role |
author author author author author author author author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Sgobbi, Felipe Mazari Bernardo, Henrique Nicola Santo Antonio Seba, Maria Clara Cardoso Silva, Nicoly Ogeda da Gabriel, Júlia Corrêa Rapozero, Ana Laura Donaire Aguiar, Luan Salguero de Miziara, Ivan Dieb Miziara, Carmen Sílvia Molleis Galego |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Self-Injurious Behavior Infection, 2019-nCoV Child Adolescent Comportamento Autodestrutivo Infecção por Coronavírus 2019-nCoV Criança Adolescente |
topic |
Self-Injurious Behavior Infection, 2019-nCoV Child Adolescent Comportamento Autodestrutivo Infecção por Coronavírus 2019-nCoV Criança Adolescente |
description |
INTRODUÇÃO: as consequências da pandemia da COVID-19 na incidência de lesão autoprovocada em crianças e adolescentes não são totalmente conhecidas. No entanto, essa doença e as estratégias para conter a transmissão do vírus afetaram a saúde mental dessa população. O objetivo deste estudo foi descrever e comparar os dados de lesão autoprovocada em crianças e adolescentes pré e durante a pandemia da COVID-19. MÉTODOS: estudo ecológico, com dados de notificações realizadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação devido à lesão autoprovocada, entre 1 de janeiro a 30 de setembro dos anos de 2018 a 2021. Os dados apresentaram distribuição paramétrica (teste Shapiro-Wilk). A comparação entre as médias foi feita por teste-t independente. Utilizado o SPSS® versão 22.2. RESULTADOS: foram analisados 88.483 casos de lesões autoprovocadas voluntariamente no período, destes, 47.785 correspondem ao período pré-pandemia (2018 e 2019) e 40.698, ao período de pandemia (2020 e 2021). Não houve diferença estatística quanto à frequência nos períodos levantados (t(34)= 1,533; p=0,056. Houve predominância feminina (77% dos casos, p=0,007), nas faixas etárias de 15 a 19 anos (71% dos casos, p=0,021) e de pessoas de pele branca (46%) ou parda (38%) p=0,039). DISCUSSÃO: não houve diferença entre as médias de internações por lesões autoprovocadas nos períodos levantados. Ao contrário dos resultados deste estudo, a literatura mostra que houve agravo dos transtornos mentais. A hipótese para esta divergência se sustenta na baixa notificação, uma vez que os atendimentos médicosforam focados na doença viral, e outros casos deixaram de ser identificados e notificados pelos médicos. CONCLUSÃO: devido à divergência entre os resultados encontrados e os estudos na literatura, são necessárias mais pesquisas para afirmar o verdadeiro cenário da incidência de lesão autoprovocada em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19. |
publishDate |
2022 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2022-12-28 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion ART. |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/sej/article/view/210962 10.11606/issn.2317-2770.v27i2p60-66 |
url |
https://www.revistas.usp.br/sej/article/view/210962 |
identifier_str_mv |
10.11606/issn.2317-2770.v27i2p60-66 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/sej/article/view/210962/195427 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina do Trabalho. |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina do Trabalho. |
dc.source.none.fl_str_mv |
Saúde Ética & Justiça ; v. 27 n. 2 (2022); 60-66 2317-2770 reponame:Saúde, Ética & Justiça (Online) instname:Universidade de São Paulo (USP) instacron:USP |
instname_str |
Universidade de São Paulo (USP) |
instacron_str |
USP |
institution |
USP |
reponame_str |
Saúde, Ética & Justiça (Online) |
collection |
Saúde, Ética & Justiça (Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Saúde, Ética & Justiça (Online) - Universidade de São Paulo (USP) |
repository.mail.fl_str_mv |
revistasej@fm.usp.br|| |
_version_ |
1797053620251787264 |