O método de análise cartesiano e o seu fundamento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Battisti, César Augusto
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Scientiae Studia (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11216
Resumo: Este artigo examina certos pontos essenciais do método cartesiano e seu fundamento. (1) Dado que Descartes elege a análise como seu método, é a partir da antiga tradição dos geômetras gregos que devemos examiná-la. (2) Seu método não é, entretanto, de natureza matemática. A análise põe às claras o modo de a razão conhecer, ilustrado por essa ciência. (3) A reflexão cartesiana distingue metodologia de epistemologia. Relações de dependência entre objetos são, em geral, estabelecidas a partir do relativo e do complexo, dada a primazia metodológica destes em relação ao absoluto e ao simples. (4) Um dos modos mais profundos de justificar essa primazia do dependente e, com isso, justificar o método de análise, na medida em que é um procedimento contra a corrente liga-se à tese cartesiana de que compreender algo é compreender a sua causa, visto que todo existente existe como efeito. (5) O método de análise, portanto, pode assumir, como é de sua essência, o efeito como dado e proceder "para cima" em busca da causa, e seu fundamento está no axioma da identidade entre a causa e a razão, causa sive ratio.
id USP-16_090f1faf3010ea71bd4091b57232e0d7
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/11216
network_acronym_str USP-16
network_name_str Scientiae Studia (Online)
repository_id_str
spelling O método de análise cartesiano e o seu fundamento GeraçãoDescartesMétodo de análisePappusMatemáticaRazãoCausaDescartesMethod of analysisPappusMathematicsModus operandi of the reasonCausa sive ratio Este artigo examina certos pontos essenciais do método cartesiano e seu fundamento. (1) Dado que Descartes elege a análise como seu método, é a partir da antiga tradição dos geômetras gregos que devemos examiná-la. (2) Seu método não é, entretanto, de natureza matemática. A análise põe às claras o modo de a razão conhecer, ilustrado por essa ciência. (3) A reflexão cartesiana distingue metodologia de epistemologia. Relações de dependência entre objetos são, em geral, estabelecidas a partir do relativo e do complexo, dada a primazia metodológica destes em relação ao absoluto e ao simples. (4) Um dos modos mais profundos de justificar essa primazia do dependente e, com isso, justificar o método de análise, na medida em que é um procedimento contra a corrente liga-se à tese cartesiana de que compreender algo é compreender a sua causa, visto que todo existente existe como efeito. (5) O método de análise, portanto, pode assumir, como é de sua essência, o efeito como dado e proceder "para cima" em busca da causa, e seu fundamento está no axioma da identidade entre a causa e a razão, causa sive ratio. This article examines certain essential points of Cartesian method and its foundation. (1) If Descartes selects analysis as his method _ and he does it is from the ancient tradition of Greek geometers that we should survey it. (2) However, the nature of his method as such is not mathematical: analysis discloses how reason comes to know, as illustrated by the science of geometry. (3) Cartesian thinking distinguishes methodology and epistemology: relationships of dependency among objects are, in general, established starting from relative and complex ones, given their methodological primacy in relation to the absolute and the simple. (4) One of the most fruitful ways to justify this and, thus, to justify the method of analysis, as far as it is a procedure "against the current" is connected with the Cartesian thesis that affirms that to understand something is to understand its cause, due to the fact that everything that exists, exists as an effect. (5) It is of the essence of the method of analysis, therefore, that it may assume the effect as given and proceed backwards (or upwards) in search of the cause; and its foundation is the axiom of identity between cause and reason, causa sive ratio. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2010-12-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ss/article/view/1121610.1590/S1678-31662010000400004Scientiae Studia; v. 8 n. 4 (2010); 571-596Scientiae Studia; Vol. 8 Núm. 4 (2010); 571-596Scientiae Studia; Vol. 8 No. 4 (2010); 571-5962316-89941678-3166reponame:Scientiae Studia (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11216/12984Battisti, César Augustoinfo:eu-repo/semantics/openAccess2014-09-08T11:23:28Zoai:revistas.usp.br:article/11216Revistahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1678-3166&lng=pt&nrm=isoPUBhttps://www.revistas.usp.br/ss/oaiariconda@usp.br2316-89941678-3166opendoar:2014-09-08T11:23:28Scientiae Studia (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv O método de análise cartesiano e o seu fundamento
title O método de análise cartesiano e o seu fundamento
spellingShingle O método de análise cartesiano e o seu fundamento
Battisti, César Augusto
Geração
Descartes
Método de análise
Pappus
Matemática
Razão
Causa
Descartes
Method of analysis
Pappus
Mathematics
Modus operandi of the reason
Causa sive ratio
title_short O método de análise cartesiano e o seu fundamento
title_full O método de análise cartesiano e o seu fundamento
title_fullStr O método de análise cartesiano e o seu fundamento
title_full_unstemmed O método de análise cartesiano e o seu fundamento
title_sort O método de análise cartesiano e o seu fundamento
author Battisti, César Augusto
author_facet Battisti, César Augusto
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Battisti, César Augusto
dc.subject.por.fl_str_mv Geração
Descartes
Método de análise
Pappus
Matemática
Razão
Causa
Descartes
Method of analysis
Pappus
Mathematics
Modus operandi of the reason
Causa sive ratio
topic Geração
Descartes
Método de análise
Pappus
Matemática
Razão
Causa
Descartes
Method of analysis
Pappus
Mathematics
Modus operandi of the reason
Causa sive ratio
description Este artigo examina certos pontos essenciais do método cartesiano e seu fundamento. (1) Dado que Descartes elege a análise como seu método, é a partir da antiga tradição dos geômetras gregos que devemos examiná-la. (2) Seu método não é, entretanto, de natureza matemática. A análise põe às claras o modo de a razão conhecer, ilustrado por essa ciência. (3) A reflexão cartesiana distingue metodologia de epistemologia. Relações de dependência entre objetos são, em geral, estabelecidas a partir do relativo e do complexo, dada a primazia metodológica destes em relação ao absoluto e ao simples. (4) Um dos modos mais profundos de justificar essa primazia do dependente e, com isso, justificar o método de análise, na medida em que é um procedimento contra a corrente liga-se à tese cartesiana de que compreender algo é compreender a sua causa, visto que todo existente existe como efeito. (5) O método de análise, portanto, pode assumir, como é de sua essência, o efeito como dado e proceder "para cima" em busca da causa, e seu fundamento está no axioma da identidade entre a causa e a razão, causa sive ratio.
publishDate 2010
dc.date.none.fl_str_mv 2010-12-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11216
10.1590/S1678-31662010000400004
url https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11216
identifier_str_mv 10.1590/S1678-31662010000400004
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11216/12984
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
dc.source.none.fl_str_mv Scientiae Studia; v. 8 n. 4 (2010); 571-596
Scientiae Studia; Vol. 8 Núm. 4 (2010); 571-596
Scientiae Studia; Vol. 8 No. 4 (2010); 571-596
2316-8994
1678-3166
reponame:Scientiae Studia (Online)
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Scientiae Studia (Online)
collection Scientiae Studia (Online)
repository.name.fl_str_mv Scientiae Studia (Online) - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv ariconda@usp.br
_version_ 1800222736241393664