O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nunes-Neto, Nei Freitas
Data de Publicação: 2009
Outros Autores: El-Hani, Charbel Niño
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Scientiae Studia (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11156
Resumo: Neste artigo, examinamos duas abordagens bastante influentes sobre a natureza das atribuições/explicações funcionais: a abordagem etiológica selecionista de Wright e a análise funcional de Cummins. A primeira parece capturar de modo adequado o significado de várias explicações na biologia evolutiva, ainda que não dê conta de toda e qualquer explicação evolutiva. A segunda, por sua vez, é mais aplicável a explicações fisiológicas ou de outras áreas científicas que lidam com sistemas complexos. Entendemos as duas teorias como empreitadas distintas, que não devem ser combinadas em uma abordagem única sobre as funções. Isso nos leva a apoiar a rejeição de tal unidade por Godfrey-Smith, na forma de sua tese do consenso dualista. Esta tese pode ser ancorada na distinção entre biologia evolutiva e biologia funcional, esboçada por Mayr e Jacob. Tratamos também da crítica de Cummins às abordagens etiológicas selecionistas, as quais ele denomina "neoteleológicas". Embora consideremos que várias das críticas de Cummins de fato localizam falhas nessas abordagens, buscamos mostrar que sua tentativa de rejeição da neoteleologia como um todo é ilegítima. A partir das críticas de ambos os lados do debate sobre as funções, a compreensão desta noção central da biologia tem sido sobremaneira enriquecida. As críticas reforçam a necessidade de delimitar o escopo e o limite de cada uma das abordagens e, assim, apontam no sentido de um pluralismo no debate sobre atribuições/explicações funcionais na filosofia da biologia.
id USP-16_74386ce7a3c29dea47f021f1f651190b
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/11156
network_acronym_str USP-16
network_name_str Scientiae Studia (Online)
repository_id_str
spelling O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea FunçãoTeleologiaAnálise funcionalAbordagens etiológicas selecionistasSeleção naturalWrightCumminsFunctionTeleologyFunctional analysisEtiological selecionist approachesNatural selectionWrightCummins Neste artigo, examinamos duas abordagens bastante influentes sobre a natureza das atribuições/explicações funcionais: a abordagem etiológica selecionista de Wright e a análise funcional de Cummins. A primeira parece capturar de modo adequado o significado de várias explicações na biologia evolutiva, ainda que não dê conta de toda e qualquer explicação evolutiva. A segunda, por sua vez, é mais aplicável a explicações fisiológicas ou de outras áreas científicas que lidam com sistemas complexos. Entendemos as duas teorias como empreitadas distintas, que não devem ser combinadas em uma abordagem única sobre as funções. Isso nos leva a apoiar a rejeição de tal unidade por Godfrey-Smith, na forma de sua tese do consenso dualista. Esta tese pode ser ancorada na distinção entre biologia evolutiva e biologia funcional, esboçada por Mayr e Jacob. Tratamos também da crítica de Cummins às abordagens etiológicas selecionistas, as quais ele denomina "neoteleológicas". Embora consideremos que várias das críticas de Cummins de fato localizam falhas nessas abordagens, buscamos mostrar que sua tentativa de rejeição da neoteleologia como um todo é ilegítima. A partir das críticas de ambos os lados do debate sobre as funções, a compreensão desta noção central da biologia tem sido sobremaneira enriquecida. As críticas reforçam a necessidade de delimitar o escopo e o limite de cada uma das abordagens e, assim, apontam no sentido de um pluralismo no debate sobre atribuições/explicações funcionais na filosofia da biologia. In this paper, we examine two very influential approaches to the nature of functional explanations/attributions: Wright's selectionist etiological approach and Cummins' functional analysis. The former seems to adequately grasp the meaning of several explanations in evolutionary biology, even though it is not sufficient to account for each and every evolutionary explanation. The latter, in turn, is more applicable to explanations in physiology and in other scientific areas dealing with complex systems. We see these two theories as distinct enterprises, which should not be combined in a single approach to functions. This leads us to support Godfrey-Smith's rejection of such a unity, in the form of his dualist consensus thesis. This thesis can be grounded on the distinction between evolutionary and functional biology, as sketched by Mayr and Jacob. We also address Cummins' critique of selectionist etiological approaches, which he labels as "neo-teleological". Although we consider that several criticisms raised by Cummins do identify flaws in these approaches, we intend to show that his attempt to reject neo-teleology as a whole is illegitimate. Criticisms from both sides of the debates about functions are contributing to enrich the comprehension of this central concept in Biology. These criticisms reinforce the need of delimiting the scope and limits of each approach, and, thus, point in the direction of a pluralism in the debate about functional explanations/attributions in the Philosophy of Biology. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2009-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ss/article/view/1115610.1590/S1678-31662009000300002Scientiae Studia; v. 7 n. 3 (2009); 353-401Scientiae Studia; Vol. 7 Núm. 3 (2009); 353-401Scientiae Studia; Vol. 7 No. 3 (2009); 353-4012316-89941678-3166reponame:Scientiae Studia (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11156/12924Nunes-Neto, Nei FreitasEl-Hani, Charbel Niñoinfo:eu-repo/semantics/openAccess2014-09-08T11:18:33Zoai:revistas.usp.br:article/11156Revistahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1678-3166&lng=pt&nrm=isoPUBhttps://www.revistas.usp.br/ss/oaiariconda@usp.br2316-89941678-3166opendoar:2014-09-08T11:18:33Scientiae Studia (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea
title O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea
spellingShingle O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea
Nunes-Neto, Nei Freitas
Função
Teleologia
Análise funcional
Abordagens etiológicas selecionistas
Seleção natural
Wright
Cummins
Function
Teleology
Functional analysis
Etiological selecionist approaches
Natural selection
Wright
Cummins
title_short O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea
title_full O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea
title_fullStr O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea
title_full_unstemmed O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea
title_sort O que é função? Debates na filosofia da biologia contemporânea
author Nunes-Neto, Nei Freitas
author_facet Nunes-Neto, Nei Freitas
El-Hani, Charbel Niño
author_role author
author2 El-Hani, Charbel Niño
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Nunes-Neto, Nei Freitas
El-Hani, Charbel Niño
dc.subject.por.fl_str_mv Função
Teleologia
Análise funcional
Abordagens etiológicas selecionistas
Seleção natural
Wright
Cummins
Function
Teleology
Functional analysis
Etiological selecionist approaches
Natural selection
Wright
Cummins
topic Função
Teleologia
Análise funcional
Abordagens etiológicas selecionistas
Seleção natural
Wright
Cummins
Function
Teleology
Functional analysis
Etiological selecionist approaches
Natural selection
Wright
Cummins
description Neste artigo, examinamos duas abordagens bastante influentes sobre a natureza das atribuições/explicações funcionais: a abordagem etiológica selecionista de Wright e a análise funcional de Cummins. A primeira parece capturar de modo adequado o significado de várias explicações na biologia evolutiva, ainda que não dê conta de toda e qualquer explicação evolutiva. A segunda, por sua vez, é mais aplicável a explicações fisiológicas ou de outras áreas científicas que lidam com sistemas complexos. Entendemos as duas teorias como empreitadas distintas, que não devem ser combinadas em uma abordagem única sobre as funções. Isso nos leva a apoiar a rejeição de tal unidade por Godfrey-Smith, na forma de sua tese do consenso dualista. Esta tese pode ser ancorada na distinção entre biologia evolutiva e biologia funcional, esboçada por Mayr e Jacob. Tratamos também da crítica de Cummins às abordagens etiológicas selecionistas, as quais ele denomina "neoteleológicas". Embora consideremos que várias das críticas de Cummins de fato localizam falhas nessas abordagens, buscamos mostrar que sua tentativa de rejeição da neoteleologia como um todo é ilegítima. A partir das críticas de ambos os lados do debate sobre as funções, a compreensão desta noção central da biologia tem sido sobremaneira enriquecida. As críticas reforçam a necessidade de delimitar o escopo e o limite de cada uma das abordagens e, assim, apontam no sentido de um pluralismo no debate sobre atribuições/explicações funcionais na filosofia da biologia.
publishDate 2009
dc.date.none.fl_str_mv 2009-01-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11156
10.1590/S1678-31662009000300002
url https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11156
identifier_str_mv 10.1590/S1678-31662009000300002
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11156/12924
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
dc.source.none.fl_str_mv Scientiae Studia; v. 7 n. 3 (2009); 353-401
Scientiae Studia; Vol. 7 Núm. 3 (2009); 353-401
Scientiae Studia; Vol. 7 No. 3 (2009); 353-401
2316-8994
1678-3166
reponame:Scientiae Studia (Online)
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Scientiae Studia (Online)
collection Scientiae Studia (Online)
repository.name.fl_str_mv Scientiae Studia (Online) - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv ariconda@usp.br
_version_ 1800222735830351873