Modos de irredutibilidade das propriedades emergentes

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: El-Hani, Charbel Niño
Data de Publicação: 2005
Outros Autores: Queiroz, João
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Scientiae Studia (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11026
Resumo: A partir de uma revisão dos postulados centrais das filosofias emergentistas e uma caracterização de algumas variedades de emergentismo, este artigo trata de uma das teses mais controversas relacionadas a esta doutrina filosófica, a tese da irredutibilidade. O argumento principal é que o significado desta tese deve ser refinado, sob pena de não se avançar na discussão sobre os sentidos em que se pode dizer que as propriedades emergentes são "irredutíveis". A partir dos trabalhos de Stephan e colaboradores, distinguem-se dois modos de irredutibilidade das propriedades emergentes, a irredutibilidade como não-analisabilidade e a irredutibilidade como não-dedutibilidade. Uma análise detalhada do conceito de irredutibilidade conduz à seguinte questão: O que significa afirmar que uma dada classe de propriedades emergentes é irredutível? Argumentamos que classes diferentes de propriedades podem ser irredutíveis em sentidos diferentes e, portanto, de acordo com diferentes modos de irredutibilidade. O artigo discute, em particular, o modo de irredutibilidade que se mostra válido para o caso de propriedades de sistemas biológicos, argumentando que as propriedades emergentes de sistemas biológicos são irredutíveis no sentido de que não é possível deduzir sua instanciação em sistemas vivos de uma dada classe a partir do conhecimento somente de sistemas vivos mais simples. Em outras palavras, propriedades emergentes biológicas são irredutíveis por não-dedutibilidade, mas não são irredutíveis por não-analisabilidade. Uma compreensão clara do modo da irredutibilidade válido no caso das propriedades biológicas faz com que os requisitos para a demonstração de sua natureza emergente mostrem-se mais realistas e as discussões sobre as possibilidades e limitações do reducionismo nas ciências biológicas possam avançar de modo mais consistente.
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