Desigualdades sociais e tuberculose: analise segundo raca/cor, Mato Grosso do Sul

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Basta, Paulo Cesar
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: Marques, Marli, Oliveira, Roselene Lopes de, Cunha, Eunice Atsuko Totumi, Resendes, Ana Paula da Costa, Souza-Santos, Reinaldo
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
eng
Título da fonte: Revista de Saúde Pública
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/76695
Resumo: OBJETIVO Analisar características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas dos casos de tuberculose e fatores associados ao abandono e ao óbito na vigência do tratamento. MÉTODOS Estudo epidemiológico baseado em dados notificados de tuberculose em indígenas e não indígenas, segundo raça/cor, em Mato Grosso do Sul, entre 2001 e 2009. Realizou-se análise descritiva dos casos de acordo com as variáveis sexo, faixa etária, zona de residência, exames empregados para o diagnóstico, forma clínica, tratamento supervisionado e situação de encerramento, segundo raça/cor. Utilizou-se análise univariada e múltipla por meio de regressão logística para identificar preditores de abandono e óbito, e odds ratio como medida de associação. Foi construída série histórica de incidência, segundo raça/cor. RESULTADOS Registraram-se 6.962 casos novos de tuberculose no período, 15,6% entre indígenas. Houve predomínio em homens e adultos (20 a 44 anos) em todos os grupos. A maior parte dos doentes indígenas residia na zona rural (79,8%) e 13,5% dos registros nos indígenas ocorreram em < 10 anos. A incidência média no estado foi 34,5/100.000 habitantes, 209,0; 73,1; 52,7; 23,0 e 22,4 entre indígenas, amarelos, pretos, brancos e pardos, respectivamente. Doentes de 20 a 44 anos (OR = 13,3; IC95% 1,9;96,8), do sexo masculino (OR = 1,6; IC95% 1,1;2,3) e de raça/cor preta (OR = 2,5; IC95% 1,0;6,3) mostraram associação com abandono de tratamento, enquanto doentes >; 45 anos (OR = 3,0; IC95% 1,2;7,8) e com a forma mista (OR = 2,3; IC95% 1,1;5,0) apresentaram associação com óbito. Apesar de representarem 3,0% da população, os indígenas foram responsáveis por 15,6% das notificações no período. CONCLUSÕES Houve importantes desigualdades em relação ao adoecimento por tuberculose entre as categorias estudadas. As incidências nos indígenas foram consistentemente maiores, chegando a exceder em mais de seis vezes as médias nacionais. Entre pretos e pardos, piores resultados no tratamento foram observados, pois apresentaram chance de abandono duas vezes maior que os indígenas. O mau desempenho do programa também esteve fortemente associado ao abandono e ao óbito. Acredita-se que, enquanto não se reduzir a pobreza, as desigualdades nos indicadores em saúde permanecerão.
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spelling Desigualdades sociais e tuberculose: analise segundo raca/cor, Mato Grosso do SulDesigualdades sociales y tuberculosis: analisis de acuerdo a raza/color, Mato Grosso do Sul, BrasilSocial inequalities and tuberculosis: an analysis by race/color in Mato Grosso do Sul, BrazilOBJETIVO Analisar características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas dos casos de tuberculose e fatores associados ao abandono e ao óbito na vigência do tratamento. MÉTODOS Estudo epidemiológico baseado em dados notificados de tuberculose em indígenas e não indígenas, segundo raça/cor, em Mato Grosso do Sul, entre 2001 e 2009. Realizou-se análise descritiva dos casos de acordo com as variáveis sexo, faixa etária, zona de residência, exames empregados para o diagnóstico, forma clínica, tratamento supervisionado e situação de encerramento, segundo raça/cor. Utilizou-se análise univariada e múltipla por meio de regressão logística para identificar preditores de abandono e óbito, e odds ratio como medida de associação. Foi construída série histórica de incidência, segundo raça/cor. RESULTADOS Registraram-se 6.962 casos novos de tuberculose no período, 15,6% entre indígenas. Houve predomínio em homens e adultos (20 a 44 anos) em todos os grupos. A maior parte dos doentes indígenas residia na zona rural (79,8%) e 13,5% dos registros nos indígenas ocorreram em < 10 anos. A incidência média no estado foi 34,5/100.000 habitantes, 209,0; 73,1; 52,7; 23,0 e 22,4 entre indígenas, amarelos, pretos, brancos e pardos, respectivamente. Doentes de 20 a 44 anos (OR = 13,3; IC95% 1,9;96,8), do sexo masculino (OR = 1,6; IC95% 1,1;2,3) e de raça/cor preta (OR = 2,5; IC95% 1,0;6,3) mostraram associação com abandono de tratamento, enquanto doentes >; 45 anos (OR = 3,0; IC95% 1,2;7,8) e com a forma mista (OR = 2,3; IC95% 1,1;5,0) apresentaram associação com óbito. Apesar de representarem 3,0% da população, os indígenas foram responsáveis por 15,6% das notificações no período. CONCLUSÕES Houve importantes desigualdades em relação ao adoecimento por tuberculose entre as categorias estudadas. As incidências nos indígenas foram consistentemente maiores, chegando a exceder em mais de seis vezes as médias nacionais. Entre pretos e pardos, piores resultados no tratamento foram observados, pois apresentaram chance de abandono duas vezes maior que os indígenas. O mau desempenho do programa também esteve fortemente associado ao abandono e ao óbito. Acredita-se que, enquanto não se reduzir a pobreza, as desigualdades nos indicadores em saúde permanecerão.OBJETIVO Analizar características sociodemográficas y clínico-epidemiológicas de los casos de tuberculosis y factores asociados con el abandono y el óbito en la vigencia del tratamiento. MÉTODOS Estudio epidemiológico basado en datos notificados de tuberculosis en indígenas y no indígenas, de acuerdo a la raza y el color, en Mato Grosso do Sul, entre 2001 y 2009. Se realizó análisis descriptivo de los casos de acuerdo con las variables sexo, grupo etario, zona de residencia, exámenes empleados para el diagnóstico, forma clínica, tratamiento supervisado y situación de conclusión, de acuerdo a raza/color. Se utilizó análisis univariado y múltiple por medio de regresión logística para identificar predictores de abandono y óbito, y odds ratio como medida de asociación. Se construyó serie histórica de incidencia, de acuerdo a raza/color. RESULTADOS Se registraron 6.962 casos nuevos de tuberculosis en el período, 15,6% entre indígenas. Hubo predominio en hombres y adultos (20 a 44 años) en todos los grupos. La mayor parte de los indígenas enfermos residía en la zona rural (79,8%) y 13,5% de los registros en los indígenas ocurrieron en < 10 años. La incidencia promedio en el estado fue 34,5/100.000 habitantes, 209,0; 73,1; 52,7; 23,0 y 22,4 entre indígenas amarillos, negros, blancos y pardos, respectivamente. Enfermos de 20 a 44 años (OR=13,3; IC95% 1,9;96,8), del sexo masculino (OR = 1,6; IC95% 1,1;2,3) y de raza/color negra (OR= 2,5; IC95% 1,0;6,3) mostraron asociación con abandono del tratamiento, mientras que los enfermos >; 45 años (OR= 3,0; IC95% 1,2;7,8) y con la forma mixta (OR= 2,3; IC95% 1,1;5,0) presentaron asociación con óbito. A pesar de representar 3,0% de la población, los indígenas fueron responsables por 15,6% de las notificaciones en el período. CONCLUSIONES Hubo importantes desigualdades con relación al padecimiento por tuberculosis entre las categorías estudiadas. Las incidencias en los indígenas fueron consistentemente mayores, llegando a exceder en más de seis veces los promedios nacionales. Entre negros y pardos, se observaron peores resultados en el tratamiento, ya que presentaron chance de abandono dos veces mayor que los indígenas. El mal desempeño del programa también estuvo fuertemente asociado con el abandono y el óbito. Se piensa que mientras no se reduzca la pobreza, permanecerán las desigualdades en los indicadores de salud.OBJECTIVE To describe the sociodemographic and clinical-epidemiological characteristics of tuberculosis cases and identify associated factors with abandoning treatment and death whilst undergoing treatment. METHODS Epidemiological study based on cases of tuberculosis recorded in indigenous and non-indigenous individuals according to race/color in Mato Grosso do Sul, Midwestern Brazil, between 2001 and 2009. Descriptive analysis of the cases was carried out according to the variables of sex, age group, residence, type of test used in the diagnosis, clinical form, supervised treatment and final status, according to race/color. Univariate/multivariate logistic regression analyses were used to identify predictors of abandoning treatment and death, using odds ratio as a measure of association. A time series of incidence according to race/color was constructed. RESULTS In the period, 6,962 new cases of tuberculosis were registered, 15.6% being among indigenous. The illness was predominantly found in men and adults (20-44 years old) in all groups. Most of the indigenous patients lived in rural areas (79.8%) and 13.5% of the records in indigenous occurred in children aged < 10 years. The average incidence in the state was 34.5/100,000 inhabitants, being 209.0, 73.1, 52.7, 23.0 and 22.4 in indigenous, and those with yellow, black, white and brown skin, respectively. Patients aged 20 to 44 years (OR = 13.3, 95%CI 1.9;96.8), male (OR = 1.6, 95%CI 1.1;2.3) and of black race/color (OR = 2.5, 95%CI 1.0;6.3) were associated with abandoning treatment, while patients aged >; 45 years (OR = 3.0, 95%CI 1.2;7.8) and with the mixed form (OR = 2.3, 95%CI 1.1;5.0) showed association with death. Although they only account for 3.0% of the population, the indigenous were responsible for 15.6% of cases recorded during the period. CONCLUSIONS Major inequalities in the tuberculosis illness process were found between the categories studied. Incidence in the indigenous population was consistently higher than recorded in any other group, reaching more than six times the national average. It was among those with black and brown skin that the worst treatment results were observed, as they were twice as likely to abandon treatment as the indigenous. Poor program performance was strongly associated with abandoning treatment and death. It is thought that as long as there is no reduction in poverty inequalities in health indicators will remain.Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública2013-10-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/7669510.1590/rsp.v47i5.76695Revista de Saúde Pública; Vol. 47 No. 5 (2013); 854-864Revista de Saúde Pública; Vol. 47 Núm. 5 (2013); 854-864Revista de Saúde Pública; v. 47 n. 5 (2013); 854-8641518-87870034-8910reponame:Revista de Saúde Públicainstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporenghttps://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/76695/80503https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/76695/80504Copyright (c) 2017 Revista de Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessBasta, Paulo CesarMarques, MarliOliveira, Roselene Lopes deCunha, Eunice Atsuko TotumiResendes, Ana Paula da CostaSouza-Santos, Reinaldo2014-03-20T20:12:28Zoai:revistas.usp.br:article/76695Revistahttps://www.revistas.usp.br/rsp/indexONGhttps://www.revistas.usp.br/rsp/oairevsp@org.usp.br||revsp1@usp.br1518-87870034-8910opendoar:2014-03-20T20:12:28Revista de Saúde Pública - Universidade de São Paulo (USP)false
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