Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Escosteguy, Claudia Caminha
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Pereira, Alessandra Gonçalves Lisbôa, Marques, Marcio Renan Vinícius Espínola, Lima, Tatiana Rodrigues de Araujo, Galliez, Rafael Mello, Medronho, Roberto de Andrade
Tipo de documento: Artigo
Idioma: eng
por
Título da fonte: Revista de Saúde Pública
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/163427
Resumo: OBJETIVO: Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos confirmados de febre amarela internados em hospital geral de referência para doenças infecciosas no estado do Rio de Janeiro, Brasil, de 11 de março de 2017 a 15 de junho de 2018, durante recente surto e fatores associados ao óbito. MÉTODOS: Estudo observacional retrospectivo, com análise de bases de dados secundários da vigilância epidemiológica local e coleta complementar de dados nas fichas de investigação epidemiológica e prontuários clínicos. As variáveis analisadas incluíram dados demográficos, epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. Foi conduzida análise estatística descritiva bivariada e múltipla por regressão logística para estudo de fatores associados ao óbito. RESULTADOS: Foram internados 52 casos confirmados, 86,5% deles homens, com mediana de idade de 49,5 anos e 40,4% trabalhadores rurais. Os sinais e sintomas mais frequentes foram: febre (90,4%), icterícia (86,5%), náuseas e/ou vômitos (69,2%), alterações de excreção renal (53,8%), hemorragias (50%) e dor abdominal (48,1%), com comorbidade em 38,5% dos casos. A letalidade foi de 40,4%. Os fatores associados significativamente à maior chance de óbito na análise bivariada foram: hemorragia, alterações de excreção renal e valores máximos de bilirrubina direta, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), ureia e creatinina. Na análise múltipla por regressão logística, apenas alterações de excreção renal e ALT permaneceram como preditores significativos de maior chance de óbito. Observou-se ainda efeito limítrofe para AST. Os pontos de corte identificados como de alto risco para óbito foram ALT > 4.000 U/L e AST > 6.000 U/L. CONCLUSÕES: O estudo contribuiu para o conhecimento do perfil de casos confirmados de febre amarela com gravidade alta. Os principais fatores associados ao óbito foram a alteração da excreção renal e a elevação sérica de transaminases, sobretudo a ALT. A letalidade elevada reforça a necessidade de diagnóstico e tratamento precoces, e a importância do incremento da cobertura vacinal.
id USP-23_c64e461ff3c3ac47483bc02d05a089e1
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/163427
network_acronym_str USP-23
network_name_str Revista de Saúde Pública
repository_id_str
spelling Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018Yellow fever: profile of cases and factors associated with death in a hospital in the State of Rio de Janeiro, 2017–2018Yellow Fever, epidemiologyHospital MortalityRisk FactorsEpidemiology, DescriptiveFebre Amarela, epidemiologiaMortalidade HospitalarFatores de RiscoEpidemiologia DescritivaOBJETIVO: Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos confirmados de febre amarela internados em hospital geral de referência para doenças infecciosas no estado do Rio de Janeiro, Brasil, de 11 de março de 2017 a 15 de junho de 2018, durante recente surto e fatores associados ao óbito. MÉTODOS: Estudo observacional retrospectivo, com análise de bases de dados secundários da vigilância epidemiológica local e coleta complementar de dados nas fichas de investigação epidemiológica e prontuários clínicos. As variáveis analisadas incluíram dados demográficos, epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. Foi conduzida análise estatística descritiva bivariada e múltipla por regressão logística para estudo de fatores associados ao óbito. RESULTADOS: Foram internados 52 casos confirmados, 86,5% deles homens, com mediana de idade de 49,5 anos e 40,4% trabalhadores rurais. Os sinais e sintomas mais frequentes foram: febre (90,4%), icterícia (86,5%), náuseas e/ou vômitos (69,2%), alterações de excreção renal (53,8%), hemorragias (50%) e dor abdominal (48,1%), com comorbidade em 38,5% dos casos. A letalidade foi de 40,4%. Os fatores associados significativamente à maior chance de óbito na análise bivariada foram: hemorragia, alterações de excreção renal e valores máximos de bilirrubina direta, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), ureia e creatinina. Na análise múltipla por regressão logística, apenas alterações de excreção renal e ALT permaneceram como preditores significativos de maior chance de óbito. Observou-se ainda efeito limítrofe para AST. Os pontos de corte identificados como de alto risco para óbito foram ALT > 4.000 U/L e AST > 6.000 U/L. CONCLUSÕES: O estudo contribuiu para o conhecimento do perfil de casos confirmados de febre amarela com gravidade alta. Os principais fatores associados ao óbito foram a alteração da excreção renal e a elevação sérica de transaminases, sobretudo a ALT. A letalidade elevada reforça a necessidade de diagnóstico e tratamento precoces, e a importância do incremento da cobertura vacinal.OBJECTIVE: Describe the clinical and epidemiological profile of confirmed cases of yellow fever whose patients were hospitalized in a general hospital for infectious diseases in the State of Rio de Janeiro, Brazil, from March 11, 2017 to June 15, 2018, during a recent outbreak and factors associated with death. METHODS: This is a retrospective observational study with analysis of secondary databases of local epidemiological surveillance system, and complementary data collection from epidemiological investigation records and clinical records. Study variables included demographic, epidemiological, clinical, and laboratory data. A descriptive statistical analysis and a bivariate and multivariate analysis by logistic regression were performed to analyze factors associated with death. RESULTS: Fifty-two patients diagnosed with yellow fever were hospitalized, 86.5% male patients, median age 49.5 years, 40.4% rural workers. The most frequent signs and symptoms were fever (90.4%), jaundice (86.5%), nausea and/or vomiting (69.2%), changes in renal excretion (53.8%), bleeding (50%), and abdominal pain (48.1%), with comorbidity in 38.5% of all cases. The lethality rate was 40.4%. Factors significantly associated with a higher chance of death in the bivariate analysis were: bleeding, changes in renal excretion, and maximum values of direct bilirubin, aspartate aminotransferase (AST), alanine aminotransferase (ALT), urea, and creatinine. In the multivariate analysis by logistic regression, only changes in renal excretion and ALT remained significant predictors of higher chance of death. A threshold effect was also observed for AST. The cutoff points identified as high risk for death were ALT > 4,000 U/L and AST > 6,000 U/L. CONCLUSIONS: This study contributed to the knowledge on the profile of confirmed cases of high severity yellow fever. The main factors associated with death were changes in renal excretion and elevated serum transaminases, especially ALT. High lethality emphasizes the need for early diagnosis and treatment, and the importance of increasing vaccination coverage.Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública2019-10-21info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfapplication/pdfapplication/xmlhttps://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/16342710.11606/s1518-8787.2019053001434Revista de Saúde Pública; Vol. 53 (2019); 89Revista de Saúde Pública; Vol. 53 (2019); 89Revista de Saúde Pública; v. 53 (2019); 891518-87870034-8910reponame:Revista de Saúde Públicainstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPengporhttps://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/163427/157091https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/163427/157092https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/163427/157574Copyright (c) 2019 Revista de Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessEscosteguy, Claudia CaminhaPereira, Alessandra Gonçalves LisbôaMarques, Marcio Renan Vinícius EspínolaLima, Tatiana Rodrigues de AraujoGalliez, Rafael MelloMedronho, Roberto de Andrade2019-11-16T16:10:16Zoai:revistas.usp.br:article/163427Revistahttps://www.revistas.usp.br/rsp/indexONGhttps://www.revistas.usp.br/rsp/oairevsp@org.usp.br||revsp1@usp.br1518-87870034-8910opendoar:2019-11-16T16:10:16Revista de Saúde Pública - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018
Yellow fever: profile of cases and factors associated with death in a hospital in the State of Rio de Janeiro, 2017–2018
title Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018
spellingShingle Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018
Escosteguy, Claudia Caminha
Yellow Fever, epidemiology
Hospital Mortality
Risk Factors
Epidemiology, Descriptive
Febre Amarela, epidemiologia
Mortalidade Hospitalar
Fatores de Risco
Epidemiologia Descritiva
title_short Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018
title_full Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018
title_fullStr Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018
title_full_unstemmed Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018
title_sort Febre amarela: perfil dos casos e fatores associados ao óbito em hospital referência no estado do Rio de Janeiro, 2017–2018
author Escosteguy, Claudia Caminha
author_facet Escosteguy, Claudia Caminha
Pereira, Alessandra Gonçalves Lisbôa
Marques, Marcio Renan Vinícius Espínola
Lima, Tatiana Rodrigues de Araujo
Galliez, Rafael Mello
Medronho, Roberto de Andrade
author_role author
author2 Pereira, Alessandra Gonçalves Lisbôa
Marques, Marcio Renan Vinícius Espínola
Lima, Tatiana Rodrigues de Araujo
Galliez, Rafael Mello
Medronho, Roberto de Andrade
author2_role author
author
author
author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Escosteguy, Claudia Caminha
Pereira, Alessandra Gonçalves Lisbôa
Marques, Marcio Renan Vinícius Espínola
Lima, Tatiana Rodrigues de Araujo
Galliez, Rafael Mello
Medronho, Roberto de Andrade
dc.subject.por.fl_str_mv Yellow Fever, epidemiology
Hospital Mortality
Risk Factors
Epidemiology, Descriptive
Febre Amarela, epidemiologia
Mortalidade Hospitalar
Fatores de Risco
Epidemiologia Descritiva
topic Yellow Fever, epidemiology
Hospital Mortality
Risk Factors
Epidemiology, Descriptive
Febre Amarela, epidemiologia
Mortalidade Hospitalar
Fatores de Risco
Epidemiologia Descritiva
description OBJETIVO: Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos confirmados de febre amarela internados em hospital geral de referência para doenças infecciosas no estado do Rio de Janeiro, Brasil, de 11 de março de 2017 a 15 de junho de 2018, durante recente surto e fatores associados ao óbito. MÉTODOS: Estudo observacional retrospectivo, com análise de bases de dados secundários da vigilância epidemiológica local e coleta complementar de dados nas fichas de investigação epidemiológica e prontuários clínicos. As variáveis analisadas incluíram dados demográficos, epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. Foi conduzida análise estatística descritiva bivariada e múltipla por regressão logística para estudo de fatores associados ao óbito. RESULTADOS: Foram internados 52 casos confirmados, 86,5% deles homens, com mediana de idade de 49,5 anos e 40,4% trabalhadores rurais. Os sinais e sintomas mais frequentes foram: febre (90,4%), icterícia (86,5%), náuseas e/ou vômitos (69,2%), alterações de excreção renal (53,8%), hemorragias (50%) e dor abdominal (48,1%), com comorbidade em 38,5% dos casos. A letalidade foi de 40,4%. Os fatores associados significativamente à maior chance de óbito na análise bivariada foram: hemorragia, alterações de excreção renal e valores máximos de bilirrubina direta, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), ureia e creatinina. Na análise múltipla por regressão logística, apenas alterações de excreção renal e ALT permaneceram como preditores significativos de maior chance de óbito. Observou-se ainda efeito limítrofe para AST. Os pontos de corte identificados como de alto risco para óbito foram ALT > 4.000 U/L e AST > 6.000 U/L. CONCLUSÕES: O estudo contribuiu para o conhecimento do perfil de casos confirmados de febre amarela com gravidade alta. Os principais fatores associados ao óbito foram a alteração da excreção renal e a elevação sérica de transaminases, sobretudo a ALT. A letalidade elevada reforça a necessidade de diagnóstico e tratamento precoces, e a importância do incremento da cobertura vacinal.
publishDate 2019
dc.date.none.fl_str_mv 2019-10-21
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/163427
10.11606/s1518-8787.2019053001434
url https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/163427
identifier_str_mv 10.11606/s1518-8787.2019053001434
dc.language.iso.fl_str_mv eng
por
language eng
por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/163427/157091
https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/163427/157092
https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/163427/157574
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2019 Revista de Saúde Pública
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2019 Revista de Saúde Pública
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/pdf
application/xml
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública
dc.source.none.fl_str_mv Revista de Saúde Pública; Vol. 53 (2019); 89
Revista de Saúde Pública; Vol. 53 (2019); 89
Revista de Saúde Pública; v. 53 (2019); 89
1518-8787
0034-8910
reponame:Revista de Saúde Pública
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Revista de Saúde Pública
collection Revista de Saúde Pública
repository.name.fl_str_mv Revista de Saúde Pública - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv revsp@org.usp.br||revsp1@usp.br
_version_ 1800221800666234880