IATROGENIA EM ENFERMAGEM NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: ANÁLISE MULDIMENCIONAL DO PROBLEMA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Padilha,Kátia Grillo
Data de Publicação: 1988
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista da Escola de Enfermagem da USP (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62341988000100141
Resumo: A meta principal da assistência de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é atingir o pronto restabelecimento das funções vitais do paciente, dentro de um sistema que lhe proporcione o máximo de segurança. Esta segurança, entretanto, fica severamente comprometida quando ocorrem acidentes iatrogênicos que podem trazer conseqüência danosa ao paciente. No entanto, há indícios de que o número de ocorrências registradas é inferior à sua incidência, o que pressupõe a existência de fatores de risco que interferem na assistência ao paciente crítico. A palavra iatrogênese deriva-se do grego e é composta por "iatros", que significa médico, e "gênese", origem \ Apesar de ter morfológicamente significado específico, o termo tem sido empregado largamente para identificar uma ação prejudicial. Segundo LACAZ et alii3, "doença iatrógena" é a doença despertada pelo próprio médico, por um de seus assistentes, pelos farmacêuticos e também pelos enfermeiros. A participação dos enfermeiros na incidência de ocorrências iatro-gênicas tem sido apontada como decorrente de várias situações: administração de medicamentos em concentração incorreta, omissão de doses, aplicação em horários e vias impróprias, queimaduras provocadas por bolsa de água quente, hemorragias por desconexão de catéteres, asfixia por obstrução de cánula endotraqueal, fraturas e traumas resultantes de queda, entre outros12. OGUISSO5, em estudo realizado sobre os aspectos legais das anotações de enfermagem, constatou as seguintes ocorrências listadas em ordem decrescente, segundo a freqüência obtida: queda do leito, administração de medicação trocada queimaduras, hemorragia por falta de vigilancia, passagem de sonda nasogástrica ectópica e troca de crianças. Conclui ainda que, apesar da gravidade dos eventos, as anotações são incorretas, incompletas e sem rubrica. Ocorrências conforme as acima citadas podem acontecer em qualquer unidade hospitalar, e levam a pensar inclusive nas unidades especializadas que, atendendo apenas a pacientes graves e de alto risco, os tornam sujeitos a terapêuticas sofisticadas e de grande complexidade, como é o caso das UTIs. A exposição dos pacientes a maior diversidade de procedimentos invasivos, o fato de estar ligado a fios e aparelhos, que lhes são muitas vezes vitais, e a própria dependência, quase sempre total da enfermagem, os caracterizam como mais suscetíveis a riscos? Qual seria a freqüência de incidentes nessas unidades? Quais seriam os fatores de risco associados a essas ocorrências? Parece evidente, no entanto, que não basta apenas conhecer a incidência das iatrogenias e as conseqüências delas advindas; é necessário antes, explorar as condições nas quais ocorrem e, sobretudo, determinar os fatores de risco geradores do problema, para que se possa atuar efetivamente sobre eles. Assim sendo, este trabalho tem por finalidade estudar a iatrogenia em enfermagem na UTI, sob enfoque sistêmico, de modo a proporcionar análise mais abrangente do problema, dos fatores de risco que lhe são inerentes, bem como estabelecer as possíveis interligações entre eles.
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