Natureza e cultura: paisagem, objetos e imagens
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2004 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Paisagem e Ambiente (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/paam/article/view/40211 |
Resumo: | Ao longo do processo de configuração territorial, a construção cuidadosa do olhar normativo, que acompanha a passagem da natureza para a cultura e substitui a observação despreocupada das coisas pela atribuição de valor aos objetos, testemunha que os ímpetos individuais e coletivos são domesticados por meio de regras e normas que consolidam, em última instância, um sistema sociocultural inflexível e opaco. Nossa visão daquilo que nos apresenta, em um determinado momento, como paisagem, é dificultada pela aparente banalidade de um mundo concreto de regras irredutíveis. Mas existe sempre latente, em nós, o desejo de ultrapassar o banal, o cotidiano, desejo que nos leva a procurar articular, por intermédio dos sonhos sociais, o mundo objetivo da produção econômica e o mundo subjetivo das aspirações individuais e coletivas. Essa busca constante de transcender a previsibilidade do real é a história do imaginário que, em suas múltiplas expressões, visuais, de massas, digitalizadas ou virtuais, tenta substituir o banal conhecido pelo ausente desejado. A utopia, então, mantendo com o real uma relação interativa, na medida em que tanto é expressão dos desejos coletivos, na organização do espaço de uma sociedade, quanto constitui protesto contra as transformações nos objetos, nas ações, no modo de produção impostos a esse espaço pelas modernizações, tem papel decisivo na cognição espacial da sociedade contemporânea e na proposição cultural desse espaço. |
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Natureza e cultura: paisagem, objetos e imagens Ao longo do processo de configuração territorial, a construção cuidadosa do olhar normativo, que acompanha a passagem da natureza para a cultura e substitui a observação despreocupada das coisas pela atribuição de valor aos objetos, testemunha que os ímpetos individuais e coletivos são domesticados por meio de regras e normas que consolidam, em última instância, um sistema sociocultural inflexível e opaco. Nossa visão daquilo que nos apresenta, em um determinado momento, como paisagem, é dificultada pela aparente banalidade de um mundo concreto de regras irredutíveis. Mas existe sempre latente, em nós, o desejo de ultrapassar o banal, o cotidiano, desejo que nos leva a procurar articular, por intermédio dos sonhos sociais, o mundo objetivo da produção econômica e o mundo subjetivo das aspirações individuais e coletivas. Essa busca constante de transcender a previsibilidade do real é a história do imaginário que, em suas múltiplas expressões, visuais, de massas, digitalizadas ou virtuais, tenta substituir o banal conhecido pelo ausente desejado. A utopia, então, mantendo com o real uma relação interativa, na medida em que tanto é expressão dos desejos coletivos, na organização do espaço de uma sociedade, quanto constitui protesto contra as transformações nos objetos, nas ações, no modo de produção impostos a esse espaço pelas modernizações, tem papel decisivo na cognição espacial da sociedade contemporânea e na proposição cultural desse espaço. The careful construct of the normative look, which follows the passage from nature to culture and replaces loose observation of things by the assignment of value to objects, along the process of territorial configuration, witnesses the domestication of individual and collective impulses by means of rules and principles that ultimately consolidate an inflexible and opaque sociological and cultural system. Our vision of that which appears to us in a given moment as landscape is impacted by the apparent triviality of a concrete world of unbending rules. However there always exists in us, in a concealed way, the wish to go beyond the common, the daily trivial, the wish which leads us into attempts to articulate, through social wish-thinking, the objective world of economic production and the subjective world of individual and collective yearning. This constant search to transcend the foreseeable chacacter of reality is the history of the imaginary which, through its multiple visual, mass, digital or virtual expressions, attempts to replace the known trivial by the absent wished for. Utopia thus plays a decisive role in space cognition of contemporary society and in the cultural proposition of such space, by maintaining an interactive relation with reality, being the expression of collective wishes in the organization of space in a given society, in the same way that it constitutes a protest against the transformations in objects, in actions, in production modes imposed to this space by modernization. Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo2004-06-30info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/paam/article/view/4021110.11606/issn.2359-5361.v0i18p59-70Paisagem e Ambiente; Núm. 18 (2004); 59-70Paisagem e Ambiente; n. 18 (2004); 59-70Paisagem e Ambiente; No. 18 (2004); 59-702359-53610104-6098reponame:Paisagem e Ambiente (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/paam/article/view/40211/43077Copyright (c) 2017 Maria Angela Faggin Pereira Leiteinfo:eu-repo/semantics/openAccessLeite, Maria Angela Faggin Pereira2019-06-03T15:55:35Zoai:revistas.usp.br:article/40211Revistahttp://www.revistas.usp.br/paam/indexPUBhttp://www.revistas.usp.br/paam/oai||paisagismo@usp.br|| ssmduck@usp.br2359-53610104-6098opendoar:2023-09-13T12:16:48.338532Paisagem e Ambiente (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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