Histórias da Arquitetura ou Arquiteturas da História: uma leitura de Austerlitz, de W. G. Sebald

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Vinícius Carvalho
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Pandaemonium Germanicum (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/pg/article/view/38116
Resumo: Na tradição literária do século XIX, as imagens romanescas da arquitetura e da decoração de interiores estavam ligadas a uma tentativa de cópia fiel do real, sob pretexto de um pretenso apagamento do caráter representativo da própria linguagem. No entanto, W. G. Sebald, no romance Austerlitz, faz um diferente uso dessas metáforas, com grande rendimento ético e estético: nas linhas arquitetônicas e nas construções civis, a personagem Austerlitz, especialista em arquitetura capitalista, entrevê a estrutura de um massacre de proporções abissais, que culminou na shoah. Por trás da racionalidade instrumental e do fascínio do iluminismo, a cidade capitalista carrega em sua imanência - tal qual na página do romance escrito por Sebald - um olhar oblíquo para a destruição perpetrada em nome de um suposto ideal de pureza, racionalismo e ordem. Assim, o romance de Sebald, por meio da metáfora arquitetônica, revela o horror do massacre contra os judeus na Alemanha no século XX, mas sem recorrer a uma estetização do mal que comprometeria a própria reflexão acerca dos descaminhos humanos.
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