Literaturas em português: encruzilhadas atlânticas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Via Atlântica (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/69870 |
Resumo: | Proponho-me reflectir sobre a relação entre memória e identidade e os meandros do agenciamento identitário pós-colonial, tanto da parte de portugueses quanto de africanos (com reflexos nas relações entre Portugal e o Brasil), em período pós-colonial. É que a partir de 1975, isto é, depois das independências políticas das colónias e da “retracção” territorial definitiva de Portugal ao espaço ibérico e insular da Macaronésia setentrional, a relação com o além-mar – a que vamos chamar simbolicamente atlântico, na esteira da dimensão significativa a que se referem os historiadores no estudo da reconfiguração do mundo através do Atlântico, ou Paul Gilroy no seu livro The Black Atlantic: Modernity and Double Consciousness (1993), sobretudo na dimensão crítica, que o livro encerra, ao essencialismo e ao relativismo culturais. É essa dimensão de além-mar (a que não chamarei “ultramarina” pela intensa ideologia que subjaz ao sentido histórico deste termo), que filósofos e historiadores afirmam ser estruturante da europeidade portuguesa, e que os críticos querem encontrar na literatura, que tem vindo a ser actualizada com um misto de intenção de localizaçãohistórica, ambição heroicizante do passado e afirmação refigurativa de uma identidade atlântica. |
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Literaturas em português: encruzilhadas atlânticasLiteratures in Portuguese: Atlantic CrossroadsPortugalColôniasImpérioVocação atlânticaColonialismoPós-colonialismo“Zonas de contato”Literaturas em portuguêsIdentidade póscolonialPortugalAfrican coloniesEmpireAtlantic vocationColonialismPostcolonialism“Contact Zones”Literatures in portuguesePost-colonial identityProponho-me reflectir sobre a relação entre memória e identidade e os meandros do agenciamento identitário pós-colonial, tanto da parte de portugueses quanto de africanos (com reflexos nas relações entre Portugal e o Brasil), em período pós-colonial. É que a partir de 1975, isto é, depois das independências políticas das colónias e da “retracção” territorial definitiva de Portugal ao espaço ibérico e insular da Macaronésia setentrional, a relação com o além-mar – a que vamos chamar simbolicamente atlântico, na esteira da dimensão significativa a que se referem os historiadores no estudo da reconfiguração do mundo através do Atlântico, ou Paul Gilroy no seu livro The Black Atlantic: Modernity and Double Consciousness (1993), sobretudo na dimensão crítica, que o livro encerra, ao essencialismo e ao relativismo culturais. É essa dimensão de além-mar (a que não chamarei “ultramarina” pela intensa ideologia que subjaz ao sentido histórico deste termo), que filósofos e historiadores afirmam ser estruturante da europeidade portuguesa, e que os críticos querem encontrar na literatura, que tem vindo a ser actualizada com um misto de intenção de localizaçãohistórica, ambição heroicizante do passado e afirmação refigurativa de uma identidade atlântica.I propose to reflect the different features characterizing the relationship among the spaces of portuguese colonialism with a special emphasis on Africa. In doing so, I shall be relying on the concept of contact zones, a working term coined by Mary Louise Pratt in her studies based on cultural encounters to describe their interrelational productive efficiency. Owing to the fact that the relationship between africans and the portuguese, which has been understood as Portugal's "Atlantic Vocation", portuguese literature seems to reflect upon such a relationship by locating it between a sense of belonging that demands hero-worshipping the past and a desire to gain an atlantic identity after the last african colonies had been abandoned. In order to broach this subject, I shall be calling upon theoretical proposals about memory and the difficulty of talking about or narrating trauma, based on Walter Benjamin's "The storyteller: reflections on the works of Nicolai Leskov" (1936), here I shall be relying upon notions put forward by Walter Benjamin's "The storyteller: reflections on the works of Nicolai Leskov" (1936), by Pierre Nora's realms of memory: rethinking the french past (1997, 2008), by Márcio Seligmann-Silva (2005, 2008), By Amin Maalouf in Les Identités Meurtrières [translated into english as in The name of identity: violence and the need to belong, 2001]; Homi Bhabha's the location of culture (1994), and Mary Louise Pratt's interrelational term (Imperial eyes: travel writting and transculturation, 1992). Which offers an efficient interpretational tool for studies about cultural encounters.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2014-07-24info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdftext/xmlhttps://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/6987010.11606/va.v0i25.69870Via Atlântica; v. 15 n. 1 (2014): Triangulações atlânticas - transnacionalidades em língua portuguesa; 59-82Via Atlântica; Vol. 15 No. 1 (2014): Triangulações atlânticas - transnacionalidades em língua portuguesa; 59-822317-80861516-5159reponame:Via Atlântica (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/69870/97307https://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/69870/195168Copyright (c) 2014 Inocência Matahttps://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessMata, Inocência2023-06-26T13:38:27Zoai:revistas.usp.br:article/69870Revistahttp://www.revistas.usp.br/viaatlanticaPUBhttp://www.revistas.usp.br/viaatlantica/oaiviatlan24@gmail.com2317-80861516-5159opendoar:2023-06-26T13:38:27Via Atlântica (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Proponho-me reflectir sobre a relação entre memória e identidade e os meandros do agenciamento identitário pós-colonial, tanto da parte de portugueses quanto de africanos (com reflexos nas relações entre Portugal e o Brasil), em período pós-colonial. É que a partir de 1975, isto é, depois das independências políticas das colónias e da “retracção” territorial definitiva de Portugal ao espaço ibérico e insular da Macaronésia setentrional, a relação com o além-mar – a que vamos chamar simbolicamente atlântico, na esteira da dimensão significativa a que se referem os historiadores no estudo da reconfiguração do mundo através do Atlântico, ou Paul Gilroy no seu livro The Black Atlantic: Modernity and Double Consciousness (1993), sobretudo na dimensão crítica, que o livro encerra, ao essencialismo e ao relativismo culturais. É essa dimensão de além-mar (a que não chamarei “ultramarina” pela intensa ideologia que subjaz ao sentido histórico deste termo), que filósofos e historiadores afirmam ser estruturante da europeidade portuguesa, e que os críticos querem encontrar na literatura, que tem vindo a ser actualizada com um misto de intenção de localizaçãohistórica, ambição heroicizante do passado e afirmação refigurativa de uma identidade atlântica. |
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