Na bagagem dos peruleros: mercadoria de contrabando e o caminho proibido de São Paulo ao Paraguai na primeira metade do século XVII
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Anais do Museu Paulista (Online) |
DOI: | 10.1590/1982-02672017v25n0105 |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/139676 |
Resumo: | A proposta do presente artigo é analisar alguns bens inventariados em Assunção e no Guairá, na Província do Paraguai, nas primeiras décadas do século XVII, de personagens que saíram de São Paulo rumo aos interiores da América espanhola em demanda de comércio e das riquezas do “espaço peruano”, nas partes do Peru. O caminho, que alternava trechos fluviais - Tietê e Paraná - com percursos terrestres, era proibido por Real Cédula desde fins do século XVI, e sua utilização resultou na prisão e no confisco de bens de diversos sujeitos que o utilizaram nas duas direções. Dentre eles, Manoel Pinheiro, mineiro-mor do Brasil, que partiu de São Paulo rumo ao Paraguai, em 1606, e foi preso em Assunção; Manoel Rodrigues, preso em 1620 com vários outros companheiros, todos sem licença; e Miguel Moxica Maldonado, canarino que teve todos os seus bens confiscados no “sertão” do Guairá em 1621. O rol de mercadorias revela o predomínio de tecidos - de variados tipos -, mas também de objetos como facas, tesouras, pentes e contaria, e algumas peças de ouro. Pretendemos compreender esses objetos da cultura material - aqui vistos como mercadorias em processo de circulação - como elementos constitutivos de uma espacialidade conectada luso-castelhana na América Meridional, como articuladores de relações sociais e hierarquias, e parte das redes de intercâmbio estabelecidas entre a Capitania de São Vicente e a Província do Paraguai em tempos de União das Coroas Ibéricas. |
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