Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de território

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cintra, Jorge Pimentel
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Anais do Museu Paulista (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/139695
Resumo: Analisam-se os limites das capitanias do sul (1534-1700), chegando a interessantes conclusões. As terras da Capitania de Santana, em função da estimativa que se faça para a longitude de Tordesilhas, ou pertenciam à Espanha ou formavam pequenas parcelas descontínuas. O limite norte da Capitania de São Tomé (Pero de Góis), definido por acordo entre os dois confrontantes, afetava um terceiro território, coisa que não se percebeu. O limite sul dessa capitania na carta de doação indicava uma linha correndo diretamente para oeste, enquanto que na de seu vizinho (Martim Afonso) indicava uma linha correndo a noroeste. Essa mesma direção também está definida para o limite sul desse lote, complicando a partição das terras. Essas fronteiras artificiais nunca foram demarcadas nem tidas em conta, e tanto os donatários como a Coroa foram criando vilas e cidades em terreno alheio: umas vezes por não levar em conta os limites das cartas de doação (São Paulo, Santana de Parnaíba, Mogi das Cruzes, São Sebastião, Taubaté, Paranaguá, por exemplo); outras por ocupação indevida, mas necessária (Rio de Janeiro); por dolo ou extrapolação de poderes (Cabo Frio); ou mesmo em terras de Castela (Curitiba). A isso veio somar-se a questão de jurisdição sobre a Capitania de Santo Amaro (a querela entre as casas de Monsanto e Vimieiro); a questão da extrapolação de jurisdição (Angra dos Reis e Paraty); e finalmente a má-fé e as tropelias de juízes, capitães-gerais e da Coroa. O entendimento dessas questões, facilitada pela cartografia histórica, permitiu revelar pontos desconhecidos da história das capitanias, explicar melhor a formação dos limites dos atuais Estados e aprofundar-se no entendimento dos conceitos da época para indicar o território: termo, sertões, fundos e outros.
id USP-37_cbcca40010032cbae260cadde1752db3
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/139695
network_acronym_str USP-37
network_name_str Anais do Museu Paulista (Online)
repository_id_str
spelling Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de territórioHereditary CaptainciesBorders between the Hereditary CaptaincyCaptaincy of São VicenteLimits of the Rio de Janeiro StateThe Captaincies and their territoryCapitanias hereditáriasLimites entre as capitanias hereditáriasCapitania de São VicenteLimites do Rio de JaneiroAs capitanias e seu território Analisam-se os limites das capitanias do sul (1534-1700), chegando a interessantes conclusões. As terras da Capitania de Santana, em função da estimativa que se faça para a longitude de Tordesilhas, ou pertenciam à Espanha ou formavam pequenas parcelas descontínuas. O limite norte da Capitania de São Tomé (Pero de Góis), definido por acordo entre os dois confrontantes, afetava um terceiro território, coisa que não se percebeu. O limite sul dessa capitania na carta de doação indicava uma linha correndo diretamente para oeste, enquanto que na de seu vizinho (Martim Afonso) indicava uma linha correndo a noroeste. Essa mesma direção também está definida para o limite sul desse lote, complicando a partição das terras. Essas fronteiras artificiais nunca foram demarcadas nem tidas em conta, e tanto os donatários como a Coroa foram criando vilas e cidades em terreno alheio: umas vezes por não levar em conta os limites das cartas de doação (São Paulo, Santana de Parnaíba, Mogi das Cruzes, São Sebastião, Taubaté, Paranaguá, por exemplo); outras por ocupação indevida, mas necessária (Rio de Janeiro); por dolo ou extrapolação de poderes (Cabo Frio); ou mesmo em terras de Castela (Curitiba). A isso veio somar-se a questão de jurisdição sobre a Capitania de Santo Amaro (a querela entre as casas de Monsanto e Vimieiro); a questão da extrapolação de jurisdição (Angra dos Reis e Paraty); e finalmente a má-fé e as tropelias de juízes, capitães-gerais e da Coroa. O entendimento dessas questões, facilitada pela cartografia histórica, permitiu revelar pontos desconhecidos da história das capitanias, explicar melhor a formação dos limites dos atuais Estados e aprofundar-se no entendimento dos conceitos da época para indicar o território: termo, sertões, fundos e outros. We analyze the limits of the southern Captaincies (1534-1700), reaching interesting conclusions. The Terras de Santana Captaincy, depending on the estimate of the longitude of the Tordesillas line, or belonged to Spain or are formed by small discrete portions. The northern limit of the Captaincy of São Tomé (Pero de Gois) defined by agreement between the two neighbors affected a third territory, something that was not perceived. The southern boundary of this Captaincy in the Donation Letter indicated a line running directly to the west, while in his neighbor Letter (Martim Afonso) indicated a line running northwest. This same direction is also set to the southern limit of that lot, complicating the partition of the lands. These artificial boundaries have never been demarcated or taken into account, and both the donatories, as the crown, were creating towns and cities in foreign land: sometimes for not taking into account the limits of the Donation Letters (São Paulo, Santana de Parnaiba, Mogi das Cruzes, São Sebastião, Taubaté, Paranaguá, for example); others by improper occupation, even when necessary (Rio de Janeiro); intentionally or extrapolation of powers (Cabo Frio); or even in the land of Castile (Curitiba). To this has added up the question of jurisdiction over the Captaincy of Santo Amaro (the quarrel between the houses of Monsanto and Vimieiro); the question of extrapolation jurisdiction (Angra dos Reis and Paraty) and finally the bad faith and mischief of judges, general captains and the crown. The understanding of these issues, facilitated by historical cartography, allows us to understand unknown point of the history of the captaincies; a better explain of the formation of the limits of current States and a deeper the understanding of the concepts of that time to indicate the territory: termo, sertão (hinterlands), fundos (funds) and others.Universidade de São Paulo. Museu Paulista2017-08-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/13969510.1590/1982-02672017v25n0208Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material; v. 25 n. 2 (2017); 203-2231982-02670101-4714reponame:Anais do Museu Paulista (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/139695/134976Copyright (c) 2018 Anais do Museu Paulista: História e Cultura Materialinfo:eu-repo/semantics/openAccessCintra, Jorge Pimentel2018-01-17T13:15:40Zoai:revistas.usp.br:article/139695Revistahttp://anais.mp.usp.br/PUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.php||anaismp@usp.br1982-02670101-4714opendoar:2018-01-17T13:15:40Anais do Museu Paulista (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de território
title Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de território
spellingShingle Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de território
Cintra, Jorge Pimentel
Hereditary Captaincies
Borders between the Hereditary Captaincy
Captaincy of São Vicente
Limits of the Rio de Janeiro State
The Captaincies and their territory
Capitanias hereditárias
Limites entre as capitanias hereditárias
Capitania de São Vicente
Limites do Rio de Janeiro
As capitanias e seu território
title_short Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de território
title_full Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de território
title_fullStr Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de território
title_full_unstemmed Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de território
title_sort Os limites das capitanias hereditárias do sul e o conceito de território
author Cintra, Jorge Pimentel
author_facet Cintra, Jorge Pimentel
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Cintra, Jorge Pimentel
dc.subject.por.fl_str_mv Hereditary Captaincies
Borders between the Hereditary Captaincy
Captaincy of São Vicente
Limits of the Rio de Janeiro State
The Captaincies and their territory
Capitanias hereditárias
Limites entre as capitanias hereditárias
Capitania de São Vicente
Limites do Rio de Janeiro
As capitanias e seu território
topic Hereditary Captaincies
Borders between the Hereditary Captaincy
Captaincy of São Vicente
Limits of the Rio de Janeiro State
The Captaincies and their territory
Capitanias hereditárias
Limites entre as capitanias hereditárias
Capitania de São Vicente
Limites do Rio de Janeiro
As capitanias e seu território
description Analisam-se os limites das capitanias do sul (1534-1700), chegando a interessantes conclusões. As terras da Capitania de Santana, em função da estimativa que se faça para a longitude de Tordesilhas, ou pertenciam à Espanha ou formavam pequenas parcelas descontínuas. O limite norte da Capitania de São Tomé (Pero de Góis), definido por acordo entre os dois confrontantes, afetava um terceiro território, coisa que não se percebeu. O limite sul dessa capitania na carta de doação indicava uma linha correndo diretamente para oeste, enquanto que na de seu vizinho (Martim Afonso) indicava uma linha correndo a noroeste. Essa mesma direção também está definida para o limite sul desse lote, complicando a partição das terras. Essas fronteiras artificiais nunca foram demarcadas nem tidas em conta, e tanto os donatários como a Coroa foram criando vilas e cidades em terreno alheio: umas vezes por não levar em conta os limites das cartas de doação (São Paulo, Santana de Parnaíba, Mogi das Cruzes, São Sebastião, Taubaté, Paranaguá, por exemplo); outras por ocupação indevida, mas necessária (Rio de Janeiro); por dolo ou extrapolação de poderes (Cabo Frio); ou mesmo em terras de Castela (Curitiba). A isso veio somar-se a questão de jurisdição sobre a Capitania de Santo Amaro (a querela entre as casas de Monsanto e Vimieiro); a questão da extrapolação de jurisdição (Angra dos Reis e Paraty); e finalmente a má-fé e as tropelias de juízes, capitães-gerais e da Coroa. O entendimento dessas questões, facilitada pela cartografia histórica, permitiu revelar pontos desconhecidos da história das capitanias, explicar melhor a formação dos limites dos atuais Estados e aprofundar-se no entendimento dos conceitos da época para indicar o território: termo, sertões, fundos e outros.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-08-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/139695
10.1590/1982-02672017v25n0208
url https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/139695
identifier_str_mv 10.1590/1982-02672017v25n0208
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/139695/134976
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2018 Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2018 Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Museu Paulista
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Museu Paulista
dc.source.none.fl_str_mv Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material; v. 25 n. 2 (2017); 203-223
1982-0267
0101-4714
reponame:Anais do Museu Paulista (Online)
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Anais do Museu Paulista (Online)
collection Anais do Museu Paulista (Online)
repository.name.fl_str_mv Anais do Museu Paulista (Online) - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv ||anaismp@usp.br
_version_ 1800222816687095808