Os canhões de Ipanema: tecnologia, indústria, logística e política em 1840
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Data de Publicação: | 2021 |
Outros Autores: | , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Anais do Museu Paulista (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/178172 |
Resumo: | Este trabalho apresenta informações de documentos inéditos de 1840, com as descrições da fabricação de três canhões, um fato técnico a ser rememorado, pelo ineditismo, pelos desafios técnicos que superou e pelos registros descritivos na Fábrica de Ferro de Ipanema, realizados pelo major João Bloem, o então diretor, e das agruras resultantes da Revolta Liberal. Nesse momento, a expansão da indústria paulista do açúcar coincide com a aplicação de recursos na Fábrica durante a regência Feijó, para suprir a demanda por máquinas e componentes em ferro fundido utilizados na moagem da cana por centenas de engenhos paulistas e mineiros. Não se faziam canhões de ferro no país e as armas foram fundidas, usinadas e submetidas a testes de resistência a disparos com cargas de pólvora. Até o final do século XIX, ocorre uma proliferação de fundições de ferro em muitas cidades brasileiras. Como única produtora da matéria-prima das fundições – o ferro-gusa – a Fábrica de Ipanema produziu ferro e fundiu os canhões, o que demonstra a presença das competências técnica e metalúrgica, relacionadas aos investimentos no período da Regência e à intenção de retomar o projeto militar original da produção de equipamentos bélicos. Essa soma de conhecimentos e habilidades levou o diretor a defender uma proposta de estabelecer uma filial em Juquiá, perto do porto de Iguape, não aceita pelo Ministério da Marinha. Ao apresentar a história desses canhões, este trabalho rememora alguns dos obstáculos que se interpuseram ao sonho de trazer a primeira Revolução Industrial ao Brasil. |
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Os canhões de Ipanema: tecnologia, indústria, logística e política em 1840Cannons from Ipanema: technology, industry, logistics, and politics in 1840 Fábrica de Ferro de IpanemaFoundriesCannonCast ironJoão BloemFábrica de Ferro de IpanemaFundições CanhãoFerro fundidoJoão BloemEste trabalho apresenta informações de documentos inéditos de 1840, com as descrições da fabricação de três canhões, um fato técnico a ser rememorado, pelo ineditismo, pelos desafios técnicos que superou e pelos registros descritivos na Fábrica de Ferro de Ipanema, realizados pelo major João Bloem, o então diretor, e das agruras resultantes da Revolta Liberal. Nesse momento, a expansão da indústria paulista do açúcar coincide com a aplicação de recursos na Fábrica durante a regência Feijó, para suprir a demanda por máquinas e componentes em ferro fundido utilizados na moagem da cana por centenas de engenhos paulistas e mineiros. Não se faziam canhões de ferro no país e as armas foram fundidas, usinadas e submetidas a testes de resistência a disparos com cargas de pólvora. Até o final do século XIX, ocorre uma proliferação de fundições de ferro em muitas cidades brasileiras. Como única produtora da matéria-prima das fundições – o ferro-gusa – a Fábrica de Ipanema produziu ferro e fundiu os canhões, o que demonstra a presença das competências técnica e metalúrgica, relacionadas aos investimentos no período da Regência e à intenção de retomar o projeto militar original da produção de equipamentos bélicos. Essa soma de conhecimentos e habilidades levou o diretor a defender uma proposta de estabelecer uma filial em Juquiá, perto do porto de Iguape, não aceita pelo Ministério da Marinha. Ao apresentar a história desses canhões, este trabalho rememora alguns dos obstáculos que se interpuseram ao sonho de trazer a primeira Revolução Industrial ao Brasil.Unpublished documents from 1840 describe the fabrication of three cannons – a technical fact to be remembered due to its uniqueness, the technical challenges and the detailed descriptions provided by major João Bloem, the director of the Fábrica de Ferro de Ipanema, and the difficulties after the 1842 Liberal Revolt. The expansion of the sugar industry in São Paulo is concurrent with the investments in cast iron machines and components used to grind sugarcane for hundreds of sugar mills from Sorocaba to the South of Minas Gerais, made during Feijó Regency. The iron cannons were the only ones made in Brazil; they were cast, milled, and submitted to firing tests with gunpowder charges three times higher than the regularly used.Although iron foundries spread to many Brazilian cities, they all used imported cast iron, for until the end of the 19th century Ipanema was the only place where the raw material, cast iron, was produced from iron ore. The casting of cannons demonstrates the presence of sophisticated metallurgical and technical competence, related to the investments of the Regency period and the intention to regain the original objective of producing military supplies in that plant. This experience and the developed competences led the director to propose a subsidiary in Juquiá, near the port of Iguape, which was not accepted by the Navy ministry. In presenting the history of these cannons, this paper discusses some of the situations that hindered the dream of bringing the first industrial revolution to Brazil.Universidade de São Paulo. Museu Paulista2021-12-13info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/17817210.1590/1982-02672021v29e57Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material; v. 29 (2021); 1-361982-02670101-4714reponame:Anais do Museu Paulista (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/178172/178256Copyright (c) 2021 Fernando Jose Gomes Landgraf, Adler Homero Fonseca de Castro, Paulo Eduardo Martins Araujo, Luciano Bonatti Regalado http://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessLandgraf, Fernando Jose GomesCastro, Adler Homero Fonseca de Araujo, Paulo Eduardo Martins Regalado , Luciano Bonatti 2021-12-14T10:55:03Zoai:revistas.usp.br:article/178172Revistahttp://anais.mp.usp.br/PUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.php||anaismp@usp.br1982-02670101-4714opendoar:2021-12-14T10:55:03Anais do Museu Paulista (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Este trabalho apresenta informações de documentos inéditos de 1840, com as descrições da fabricação de três canhões, um fato técnico a ser rememorado, pelo ineditismo, pelos desafios técnicos que superou e pelos registros descritivos na Fábrica de Ferro de Ipanema, realizados pelo major João Bloem, o então diretor, e das agruras resultantes da Revolta Liberal. Nesse momento, a expansão da indústria paulista do açúcar coincide com a aplicação de recursos na Fábrica durante a regência Feijó, para suprir a demanda por máquinas e componentes em ferro fundido utilizados na moagem da cana por centenas de engenhos paulistas e mineiros. Não se faziam canhões de ferro no país e as armas foram fundidas, usinadas e submetidas a testes de resistência a disparos com cargas de pólvora. Até o final do século XIX, ocorre uma proliferação de fundições de ferro em muitas cidades brasileiras. Como única produtora da matéria-prima das fundições – o ferro-gusa – a Fábrica de Ipanema produziu ferro e fundiu os canhões, o que demonstra a presença das competências técnica e metalúrgica, relacionadas aos investimentos no período da Regência e à intenção de retomar o projeto militar original da produção de equipamentos bélicos. Essa soma de conhecimentos e habilidades levou o diretor a defender uma proposta de estabelecer uma filial em Juquiá, perto do porto de Iguape, não aceita pelo Ministério da Marinha. Ao apresentar a história desses canhões, este trabalho rememora alguns dos obstáculos que se interpuseram ao sonho de trazer a primeira Revolução Industrial ao Brasil. |
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