Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27285 |
Resumo: | Neste artigo, discuto a"farmaceuticalização" da saúde mental no Brasil e registro os efeitos coletareis sociais e subjetivos que resultam do uso de novas tecnologias médicas em contextos urbanos de baixa renda. Analiso como uma mulher jovem e abandonada chamada Catarina reflete sobre os psicofármacos - a constelação de drogas para a qual foi levada - e como busca encontrar, sobretudo através da escrita, uma alternativa para o experimento mortal no qual literalmente se transforrmou. Ela afirma que sua"ex-família" a vê como um tratamento médico que não deu certo. A família depende desta explicação para se desculpar por tê-la abandonado. Em seus próprios termos:"Querer meu corpo como um remédio, meu corpo." A vida de Catarina, portanto, conta uma história mais ampla sobre a mudança de um sistema de valores e o destino dos laços sociais no atual modo de subjetivação dominante a serviço do capitalismo e da ciência global. Mas a linguagem e o desejo permanecem e Catarina integra sua experiência com as drogas numa nova percepção de si e em seu trabalho literário. Sua "literatura menor" sustenta uma ética etnográfica e nos dá um sentido de devir que os modelos dominantes de saúde considerariam impossíveis. |
id |
USP-55_573be423ed6a225292ff79c5c1faa698 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:revistas.usp.br:article/27285 |
network_acronym_str |
USP-55 |
network_name_str |
Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo ciência médica e capitalismosubjetividade e sublimaçãoteoria etnográficaMedical Science and CapitalismSubjectivity and SublimationEthnographic Theory Neste artigo, discuto a"farmaceuticalização" da saúde mental no Brasil e registro os efeitos coletareis sociais e subjetivos que resultam do uso de novas tecnologias médicas em contextos urbanos de baixa renda. Analiso como uma mulher jovem e abandonada chamada Catarina reflete sobre os psicofármacos - a constelação de drogas para a qual foi levada - e como busca encontrar, sobretudo através da escrita, uma alternativa para o experimento mortal no qual literalmente se transforrmou. Ela afirma que sua"ex-família" a vê como um tratamento médico que não deu certo. A família depende desta explicação para se desculpar por tê-la abandonado. Em seus próprios termos:"Querer meu corpo como um remédio, meu corpo." A vida de Catarina, portanto, conta uma história mais ampla sobre a mudança de um sistema de valores e o destino dos laços sociais no atual modo de subjetivação dominante a serviço do capitalismo e da ciência global. Mas a linguagem e o desejo permanecem e Catarina integra sua experiência com as drogas numa nova percepção de si e em seu trabalho literário. Sua "literatura menor" sustenta uma ética etnográfica e nos dá um sentido de devir que os modelos dominantes de saúde considerariam impossíveis. In this article, I discuss the"pharmaceuticalization" of mental health care in Brazil and chart the social and subjective side-effects that come with the encroachment of new medical technologies in urban poor settings. I focus on how an abandoned young woman named Catarina talks about psychopharmaceuticals - the drug constellations that she was brought into - and how she tries to find, mainly through writing, an alternative to the deadly experiment she literally became. Her"ex-family", she claims, thinks of her as a failed medication regimen. The family was dependent on this explanation to excuse itself from her abandonment. In her words:"To want my body as a medication, my body." Catarina's life thus tells a larger story about shifting value systems and the fate of social bonds in today's dominant mode of subjectification at the service of global science and capitalism. But language and desire continue and Catarina integrates her drug experience into a new self-perception and literary work. Her"minor literature" grounds an ethnographic ethics and gives us a sense of becoming that dominant health models would render impossible. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2008-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/2728510.1590/S0034-77012008000200002Revista de Antropologia; v. 51 n. 2 (2008); 413-449 Revista de Antropologia; Vol. 51 No 2 (2008); 413-449 Revista de Antropologia; Vol. 51 Núm. 2 (2008); 413-449 Revista de Antropologia; Vol. 51 No. 2 (2008); 413-449 1678-98570034-7701reponame:Revista de antropologia (São Paulo. Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27285/29057Biehl, Joãoinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-07-03T04:02:22Zoai:revistas.usp.br:article/27285Revistahttp://www.revistas.usp.br/raPUBhttp://www.revistas.usp.br/ra/oairevista.antropologia.usp@gmail.com||revant@edu.usp.br1678-98570034-7701opendoar:2020-07-03T04:02:22Revista de antropologia (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo |
title |
Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo |
spellingShingle |
Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo Biehl, João ciência médica e capitalismo subjetividade e sublimação teoria etnográfica Medical Science and Capitalism Subjectivity and Sublimation Ethnographic Theory |
title_short |
Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo |
title_full |
Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo |
title_fullStr |
Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo |
title_full_unstemmed |
Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo |
title_sort |
Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo |
author |
Biehl, João |
author_facet |
Biehl, João |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Biehl, João |
dc.subject.por.fl_str_mv |
ciência médica e capitalismo subjetividade e sublimação teoria etnográfica Medical Science and Capitalism Subjectivity and Sublimation Ethnographic Theory |
topic |
ciência médica e capitalismo subjetividade e sublimação teoria etnográfica Medical Science and Capitalism Subjectivity and Sublimation Ethnographic Theory |
description |
Neste artigo, discuto a"farmaceuticalização" da saúde mental no Brasil e registro os efeitos coletareis sociais e subjetivos que resultam do uso de novas tecnologias médicas em contextos urbanos de baixa renda. Analiso como uma mulher jovem e abandonada chamada Catarina reflete sobre os psicofármacos - a constelação de drogas para a qual foi levada - e como busca encontrar, sobretudo através da escrita, uma alternativa para o experimento mortal no qual literalmente se transforrmou. Ela afirma que sua"ex-família" a vê como um tratamento médico que não deu certo. A família depende desta explicação para se desculpar por tê-la abandonado. Em seus próprios termos:"Querer meu corpo como um remédio, meu corpo." A vida de Catarina, portanto, conta uma história mais ampla sobre a mudança de um sistema de valores e o destino dos laços sociais no atual modo de subjetivação dominante a serviço do capitalismo e da ciência global. Mas a linguagem e o desejo permanecem e Catarina integra sua experiência com as drogas numa nova percepção de si e em seu trabalho literário. Sua "literatura menor" sustenta uma ética etnográfica e nos dá um sentido de devir que os modelos dominantes de saúde considerariam impossíveis. |
publishDate |
2008 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2008-01-01 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27285 10.1590/S0034-77012008000200002 |
url |
https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27285 |
identifier_str_mv |
10.1590/S0034-77012008000200002 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27285/29057 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista de Antropologia; v. 51 n. 2 (2008); 413-449 Revista de Antropologia; Vol. 51 No 2 (2008); 413-449 Revista de Antropologia; Vol. 51 Núm. 2 (2008); 413-449 Revista de Antropologia; Vol. 51 No. 2 (2008); 413-449 1678-9857 0034-7701 reponame:Revista de antropologia (São Paulo. Online) instname:Universidade de São Paulo (USP) instacron:USP |
instname_str |
Universidade de São Paulo (USP) |
instacron_str |
USP |
institution |
USP |
reponame_str |
Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
collection |
Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Revista de antropologia (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP) |
repository.mail.fl_str_mv |
revista.antropologia.usp@gmail.com||revant@edu.usp.br |
_version_ |
1797242186109026304 |