Brigas de galo pelo avesso: Fazendo “sexo” e desfazendo “gênero” em Chatila, Líbano
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/39643 |
Resumo: | Uma oficina de ONG na temática de “gênero” e a atividade de criar pombos dão as deixas para que este artigo exponha as dificuldades envolvidas na caracterização das experiências de rapazes (shabâb) do campo de refugiados palestinos de Chatila, no Líbano, como “performance de gênero”. O conceito de “gênero”, com efeito, não funciona em todos os contextos e momentos. Se serve para iluminar as biografias dos pais dos atuais shabâb de Chatila – os fidâ(iyyîn (combatentes), cuja passagem à vida adulta foi acentuadamente informada pela luta para retornar à terra natal – não dá conta de apreender a experiência daqueles que dispõem de acesso muito limitado a elementos de poder, caso dos shabâb. Em lugar de tomá-los como “emasculados”, por não poderem “performatizar” adequadamente um “gênero” devido aos constrangimentos político-econômicos a que estão submetidos, o que antes faço é problematizar o próprio conceito de “gênero”. Assim, o estudo sugere que tal conceito, na medida em que se move num universo semântico definido pela busca de poder político, levanta questionamentos quando aplicado a ambientes anti-Estado, como é o caso de Chatila nos dias correntes – uma problemática não de todo estranha à linha clastriana de pensamento. |
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Brigas de galo pelo avesso: Fazendo “sexo” e desfazendo “gênero” em Chatila, LíbanoNon-Cock Fights: On Doing "Sex" and Undoing "Gender" in Shatila, LebanonMasculinidade/gênerorefugiados palestinosLíbanoanti-EstadoClastres.Masculinity/GenderPalestinian RefugeesLebanonAnti- StateClastres.Uma oficina de ONG na temática de “gênero” e a atividade de criar pombos dão as deixas para que este artigo exponha as dificuldades envolvidas na caracterização das experiências de rapazes (shabâb) do campo de refugiados palestinos de Chatila, no Líbano, como “performance de gênero”. O conceito de “gênero”, com efeito, não funciona em todos os contextos e momentos. Se serve para iluminar as biografias dos pais dos atuais shabâb de Chatila – os fidâ(iyyîn (combatentes), cuja passagem à vida adulta foi acentuadamente informada pela luta para retornar à terra natal – não dá conta de apreender a experiência daqueles que dispõem de acesso muito limitado a elementos de poder, caso dos shabâb. Em lugar de tomá-los como “emasculados”, por não poderem “performatizar” adequadamente um “gênero” devido aos constrangimentos político-econômicos a que estão submetidos, o que antes faço é problematizar o próprio conceito de “gênero”. Assim, o estudo sugere que tal conceito, na medida em que se move num universo semântico definido pela busca de poder político, levanta questionamentos quando aplicado a ambientes anti-Estado, como é o caso de Chatila nos dias correntes – uma problemática não de todo estranha à linha clastriana de pensamento.Using a workshop on “gender” held at a NGO and pigeonraising as cues, this article exposes the difficulties entailed by framing the experiences of the young men (shabâb) from the Shatila Palestinian Refugee Camp in Lebanon as “gender-performance”. Indeed, “gender” as a concept does not work at all settings and at all times. While it serves to illuminate the biographies of the shabâb’s fathers, the fidâ(iyyîn (fighters), whose coming-of-age was very much informed by the fight to return to their homeland, it fails to capture the experience of those, like today’s shabâb from Shatila, with very limited access to elements of power. Rather than framing the shabâb as “emasculated”, for not being able to properly “perform” a “gender”, due to the political-economic constraints placed upon them, I rather take issue with “gender” itself. Accordingly, this study suggests that as “gender” circulates in a semantic universe defined by the quest for political power, the concept raises issues when applied to anti-State settings like today’s Shatila – a problematic not at all alien to Clastres’s line of reasoning.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2012-08-24info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/3964310.11606/2179-0892.ra.2011.39643Revista de Antropologia; v. 54 n. 2 (2011)Revista de Antropologia; Vol. 54 No 2 (2011)Revista de Antropologia; Vol. 54 Núm. 2 (2011)Revista de Antropologia; Vol. 54 No. 2 (2011)1678-98570034-7701reponame:Revista de antropologia (São Paulo. Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/39643/43140Barbosa, Gustavoinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-07-03T04:00:52Zoai:revistas.usp.br:article/39643Revistahttp://www.revistas.usp.br/raPUBhttp://www.revistas.usp.br/ra/oairevista.antropologia.usp@gmail.com||revant@edu.usp.br1678-98570034-7701opendoar:2020-07-03T04:00:52Revista de antropologia (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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