Antropofagia ritual e identidade cultural entre os Tupinambá
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2002 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27151 |
Resumo: | A alimentação do homem é um dado cultural que tem uma importância pelo menos igual àquele pura e simplesmente alimentar. Reservando uma atenção particular à relação que encontramos, entre dado cultural e dado alimentar/"natural", o presente artigo levará em consideração o fato de que estamos falando de um alimento muito particular: trata-se do homem que se torna, dentro de uma estrutura altamente ritualizada, alimento para outro homem, o qual, por sua vez, vive na perspectiva, altamente significativa para sua cultura, de se tornar, um dia, ele mesmo alimento para os outros. Pelo fato de reconhecer a importância do dado cultural no que diz respeito à alimentação do homem, a Antropologia se apresenta como perspectiva de análise imprescindível. Por outro lado, ela constituirá o esboço de um estudo crítico sobre sua própria caraterística de compreensão/digestão da alteridade cultural. Além do mais, a colocação da antropofagia ritual ("sagrada") no centro de nosso trabalho nos impõe o ponto de vista de uma metodologia de estudo histórico-religiosa. A utilidade dessa perspectiva de estudos está toda contida na adjetivação "ritual", que acompanha esta forma específica de antropofagia. Trata-se, conseqüentemente, de esclarecer esses termos/conceitos (aos quais a escola histórico-religiosa tem dedicado tanta atenção), muitas vezes assumidos de forma acrítica, oferecendo uma significativa contribuição e problematização aos estudos históricos e antropológicos contemporâneos. O presente texto propõe, portanto, uma análise da antropofagia no Novo Mundo nos séculos XVI e XVII, em relação a uma perspectiva, a indagação antropológica, problematizada por uma metodologia de indagação: a História das Religiões. Para tal debate, entendemos nos referir àquela que é conhecida pelo nome de "Escola Italiana de História das Religiões" e que se reconhece no trabalho pioneirístico empreendido por Raffaele Pettazzoni e proficuamente levado para frente por Brelich, De Martino, Lanternari, Sabbatucci, Massenzio. |
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Antropofagia ritual e identidade cultural entre os Tupinambá Culturas TupiAntropofagiaHistória das Religiõessacrifícioritualidadelógica do mitotrocas ritualísticasTupi CulturesAnthropophagyHistory of Religionssacrificeritualitylogic of mithritualistic exchange A alimentação do homem é um dado cultural que tem uma importância pelo menos igual àquele pura e simplesmente alimentar. Reservando uma atenção particular à relação que encontramos, entre dado cultural e dado alimentar/"natural", o presente artigo levará em consideração o fato de que estamos falando de um alimento muito particular: trata-se do homem que se torna, dentro de uma estrutura altamente ritualizada, alimento para outro homem, o qual, por sua vez, vive na perspectiva, altamente significativa para sua cultura, de se tornar, um dia, ele mesmo alimento para os outros. Pelo fato de reconhecer a importância do dado cultural no que diz respeito à alimentação do homem, a Antropologia se apresenta como perspectiva de análise imprescindível. Por outro lado, ela constituirá o esboço de um estudo crítico sobre sua própria caraterística de compreensão/digestão da alteridade cultural. Além do mais, a colocação da antropofagia ritual ("sagrada") no centro de nosso trabalho nos impõe o ponto de vista de uma metodologia de estudo histórico-religiosa. A utilidade dessa perspectiva de estudos está toda contida na adjetivação "ritual", que acompanha esta forma específica de antropofagia. Trata-se, conseqüentemente, de esclarecer esses termos/conceitos (aos quais a escola histórico-religiosa tem dedicado tanta atenção), muitas vezes assumidos de forma acrítica, oferecendo uma significativa contribuição e problematização aos estudos históricos e antropológicos contemporâneos. O presente texto propõe, portanto, uma análise da antropofagia no Novo Mundo nos séculos XVI e XVII, em relação a uma perspectiva, a indagação antropológica, problematizada por uma metodologia de indagação: a História das Religiões. Para tal debate, entendemos nos referir àquela que é conhecida pelo nome de "Escola Italiana de História das Religiões" e que se reconhece no trabalho pioneirístico empreendido por Raffaele Pettazzoni e proficuamente levado para frente por Brelich, De Martino, Lanternari, Sabbatucci, Massenzio. Human nutrition is a cultural datum with the same relevance at least as the merely and simply alimentary datum. Giving particular attention to the relationship between cultural datum and alimentary/"natural" datum, this article considers a very uncommon food, the man. The man becomes, in a highly ritualistic structure, food for another man, who his turn lives in the prospect, highly significant for his culture, to become himself food for other man one day. Due to the fact that Anthropology recognizes the importance of the cultural datum related to human nutrition, it becomes an essential prospect of analysis. On the other hand, alimentary paradigms themselves will be the outline of the critical study about the characteristic of comprehension/digestion of the cultural difference by Anthropology. Furthermore, putting ritual ("holy") anthropophagy at the centre of our work, we are obliged to adopt the historical-religious methodology of study point of view. The usefulness of this prospect of analysis is completely contained in the adjective "ritual", that is related to this specific form of anthropophagy. Consequently we have to clarify these terms/concepts - to which the historical-religious school dedicated big attention -, many times assumed without criticism, giving a appreciable contribution to contemporary historical and anthropological studies. Therefore this text intends to analyse anthropophagy in the New World during the XVI and XVII centuries, related to an anthropological prospect of study and examined through a methodology of research, i. e. History of Religions. As far as this debate concerns, we refer to the "Italian School of History of Religions", recognizable in the pioneering work of Raffaele Pettazzoni and profitably carried on by Brelich, De Martino, Lanternari, Sabbattucci, Massenzio. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2002-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/2715110.1590/S0034-77012002000100005Revista de Antropologia; v. 45 n. 1 (2002); 131-185Revista de Antropologia; Vol. 45 No 1 (2002); 131-185Revista de Antropologia; Vol. 45 Núm. 1 (2002); 131-185Revista de Antropologia; Vol. 45 No. 1 (2002); 131-1851678-98570034-7701reponame:Revista de antropologia (São Paulo. 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