Figura e fundo no pensamento cigano contra o Estado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferrari, Florencia
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de antropologia (São Paulo. Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/39644
Resumo: O artigo busca refletir sobre a atualidade e os sentidos da formulação da “sociedade contra o Estado”, de Pierre Clastres, no seio da etnografia que realizei com uma rede de parentes de ciganos Calon no estado de São Paulo. Para além das analogias mais evidentes entre o chefe calon e o líder indígena, e do imaginário de senso comum de uma vida nômade, “fora da lei”, livre das amarras da sociedade, é possível falar, com motivação etnográfica, de uma “socialidade contra o Estado” no contexto calon. Para tanto, é preciso adentrar a etnografia e conhecer categorias fundamentais do pensamento calon, especialmente aquelas que dizem respeito às suas relações com os brasileiros, ou gadje [não ciganos]. Os Calon se pensam imersos no mundo dos brasileiros, a partir do qual se fazem calon. Noções como a de vergonha, ligada ao corpo feminino, e de sozinho, em contraste com a vida entre parentes, aliadas à onomástica e a concepções de tempo-espaço permitem ter acesso ao modo pelo qual os Calon se concebem como pessoas e como socialidade, contra um gadje-Estado.
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