Vigiar e narrar: sobre formas de observação, narração e julgamento de movimentações
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de antropologia (São Paulo. Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/89110 |
Resumo: | A partir de pesquisas em duas regiões rurais de Minas Gerais, este artigo aborda modalidades de movimentação e de observação mútua no cotidiano de comunidades morais multilocalizadas. Aborda também as formas narrativas e as dinâmicas de julgamento moral indissociáveis de tais modalidades de observação. Narrativas e julgamentos morais são constitutivos das próprias movimentações, uma vez que para narrar ou para ouvir narrativas, para julgar e saber de julgamentos, é necessário movimentar-se, o que por sua vez potencializa novas observações e narrativas. Essa sistemática de movimentação, conhecimento, recriação narrativa dos eventos, crítica moral, e governo dos movimentos próprios ou alheios, é adensada em momentos ou locais de excepcional movimento ou animação. Pode ser descrita como uma prática de operações de mapeamento dinâmicas e polêmicas, nas quais casas e os modos de movimentação entre elas são um foco de grande interesse e elaboração. Nesse aspecto, as casas são aqui abordadas como locais de onde, de maneiras diversas, se pode sair (ou não), para onde se pode ir (ou não), onde se pode permanecer (por mais ou menos tempo), e internamente às quais também há movimentações significativamente observadas e comentadas. Com essa abordagem, pretende-se contribuir para um ponto de partida etnográfico para a abordagem da movimentação, tomada como socialidade ou modo de sociação, evitando desta forma pré-definir grades de classificação espacial e formas de categorização de movimentos, bem como deixando de supor causalidades relativas a domínios preestabelecidos da vida social. |
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Vigiar e narrar: sobre formas de observação, narração e julgamento de movimentaçõesTo watch and to tell: On forms of observing, narrating and judging movementsMovimentosocialidademoralidadenarrativafamília e parentescoMinas GeraisAntropologiaMovementsocialitymoralitynarrativefamily and kinshipMinas GeraisAnthropologyA partir de pesquisas em duas regiões rurais de Minas Gerais, este artigo aborda modalidades de movimentação e de observação mútua no cotidiano de comunidades morais multilocalizadas. Aborda também as formas narrativas e as dinâmicas de julgamento moral indissociáveis de tais modalidades de observação. Narrativas e julgamentos morais são constitutivos das próprias movimentações, uma vez que para narrar ou para ouvir narrativas, para julgar e saber de julgamentos, é necessário movimentar-se, o que por sua vez potencializa novas observações e narrativas. Essa sistemática de movimentação, conhecimento, recriação narrativa dos eventos, crítica moral, e governo dos movimentos próprios ou alheios, é adensada em momentos ou locais de excepcional movimento ou animação. Pode ser descrita como uma prática de operações de mapeamento dinâmicas e polêmicas, nas quais casas e os modos de movimentação entre elas são um foco de grande interesse e elaboração. Nesse aspecto, as casas são aqui abordadas como locais de onde, de maneiras diversas, se pode sair (ou não), para onde se pode ir (ou não), onde se pode permanecer (por mais ou menos tempo), e internamente às quais também há movimentações significativamente observadas e comentadas. Com essa abordagem, pretende-se contribuir para um ponto de partida etnográfico para a abordagem da movimentação, tomada como socialidade ou modo de sociação, evitando desta forma pré-definir grades de classificação espacial e formas de categorização de movimentos, bem como deixando de supor causalidades relativas a domínios preestabelecidos da vida social. Based on research in two rural areas in the state of Minas Gerais, Southeastern Brazil, this article approaches ways of moving, and of mutual and systematic observation of movements, in the daily life of multi-local moral communities. It also approaches narrative forms and the dynamics of moral judgment that cannot be separated from those ways of moving and observing movements. Narratives and moral judgments actually constitute movements, as people move to narrate or to listen to narratives, to judge and to listen to judgments, thus affording further observation and narrative. This systematic way of moving, knowing movements, re-creat- ing events through narratives, making moral critique and governing one’s own or other’s movements, becomes denser in moments or places with an exceptional amount of movement (movimento) or liveliness (animação). It can be described as dynamic and polemical mapping procedures, in which houses and the movements between them become a focus of much attention and elaboration. Thus, houses are approached as places one can, in various manners, leave (or not leave), come to (or avoid coming to), and stay (for a lot or a little time), and inside of which there are movements that are also significantly observed and commented upon. This approach intends to contribute to an ethnographic starting point regarding movements as sociality or modes of sociation, thus avoiding predefinition of spatial classification grids and forms of categorizing movements, as well as avoiding to assume causal relations concerning previously established domains of social life. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2014-12-19info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/8911010.11606/2179-0892.ra.2014.89110Revista de Antropologia; v. 57 n. 2 (2014); 107-142Revista de Antropologia; Vol. 57 No 2 (2014); 107-142Revista de Antropologia; Vol. 57 Núm. 2 (2014); 107-142Revista de Antropologia; Vol. 57 No. 2 (2014); 107-1421678-98570034-7701reponame:Revista de antropologia (São Paulo. Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/ra/article/view/89110/91999Comerford, Johninfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-07-03T03:59:26Zoai:revistas.usp.br:article/89110Revistahttp://www.revistas.usp.br/raPUBhttp://www.revistas.usp.br/ra/oairevista.antropologia.usp@gmail.com||revant@edu.usp.br1678-98570034-7701opendoar:2020-07-03T03:59:26Revista de antropologia (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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