“Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mitchell, Gregory
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Plural (São Paulo. Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/125109
Resumo: Durante a preparação para a Copa do Mundo de 2014, setores da mídia, ONGs e o Estado contribuíram para criar um pânico crescente sobre a prostituição. Incursões policiais violentas em locais lícitos de comércio sexual aumentaram e a polícia convidou a imprensa para transmitir o fechamento do local de turismo sexual de maior visibilidade no dia da abertura da Copa. Na verdade, a prostituição não aumentou no Rio de Janeiro e não houve casos confirmados de tráfico sexual associados ao evento na cidade. A “limpeza” das zonas de prostituição foi uma apropriação das terras com o objetivo de promover a limpeza social e a “renovação urbana” em Copacabana (Rio de Janeiro). Este artigo analisa como atores estatais e não-estatais construíram imagens de “gringos” – frequentemente como invasores predatórios –, criando um pânico moral para promover suas próprias agendas. Baseando-se em trabalho de campo etnográfico realizado com profissionais do sexo e clientes antes, durante e depois da Copa, a pesquisa analisa as fantasias projetadas sobre os “gringos” por vários atores – profissionais do sexo, setores da mídia, cristãos evangélicos e feministas, entre outros. Argumenta-se que os clientes “gringos” durante a Copa podem ser entendidos como turistas sexuais atípicos, que possuem uma agência limitada e que vivenciaram diferenças importantes no capital social e na competência cultural. A crença nas ideias preconcebidas sobre a masculinidade do “gringo” gerou consequências sociais imprevistas, incluindo a marginalização ainda maior das mulheres vulneráveis que trabalham na economia sexual do Rio.
id USP-61_05f0191a070d2e85c80b697119b65cdc
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/125109
network_acronym_str USP-61
network_name_str Plural (São Paulo. Online)
repository_id_str
spelling “Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro“Gringo panic”: predatory foreigners, global sports events and prostitution in Rio de JaneirogringosprostitutionWorld Cupsexual panicsgringosprostituiçãoCopa do Mundopânicos sexuaisDurante a preparação para a Copa do Mundo de 2014, setores da mídia, ONGs e o Estado contribuíram para criar um pânico crescente sobre a prostituição. Incursões policiais violentas em locais lícitos de comércio sexual aumentaram e a polícia convidou a imprensa para transmitir o fechamento do local de turismo sexual de maior visibilidade no dia da abertura da Copa. Na verdade, a prostituição não aumentou no Rio de Janeiro e não houve casos confirmados de tráfico sexual associados ao evento na cidade. A “limpeza” das zonas de prostituição foi uma apropriação das terras com o objetivo de promover a limpeza social e a “renovação urbana” em Copacabana (Rio de Janeiro). Este artigo analisa como atores estatais e não-estatais construíram imagens de “gringos” – frequentemente como invasores predatórios –, criando um pânico moral para promover suas próprias agendas. Baseando-se em trabalho de campo etnográfico realizado com profissionais do sexo e clientes antes, durante e depois da Copa, a pesquisa analisa as fantasias projetadas sobre os “gringos” por vários atores – profissionais do sexo, setores da mídia, cristãos evangélicos e feministas, entre outros. Argumenta-se que os clientes “gringos” durante a Copa podem ser entendidos como turistas sexuais atípicos, que possuem uma agência limitada e que vivenciaram diferenças importantes no capital social e na competência cultural. A crença nas ideias preconcebidas sobre a masculinidade do “gringo” gerou consequências sociais imprevistas, incluindo a marginalização ainda maior das mulheres vulneráveis que trabalham na economia sexual do Rio.In the run-up to the 2014 World Cup, sectors of the media, NGOs, and the state contributed to a growing panic about prostitution. Violent police raids on legal commercial sex venues increased and police invited the media to broadcast them closing the most visible sexual tourist venue on the opening day of the Cup. In truth, prostitution did not increase in Rio de Janeiro and there were no proven instances of sex trafficking linked to the event in that city. The “clean-up” of red light districts was a land grab aimed at social cleansing and “urban renewal” in Copacabana (Rio de Janeiro). This paper examines how state and non-state actors constructed images of gringos – often as predatory interlopers – to create a moral panic in order to further their own agendas. Drawing on ethnographic fieldwork conducted among sex workers and clients before, during and after the Cup, this research examines the fantasies projected onto gringos by various constituents – sex workers, media sectors, evangelical Christians, feminists, and others. It argues that gringo clients during the Cup are best understood as atypical sex tourists with diminished agency who experienced key differences in social capital and cultural competency. The reliance on misinformed ideas of gringo masculinity has unintended social consequences, including the further marginalization of vulnerable women working in Rio’s sexual economy.Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas2016-10-11info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdftext/xmlhttps://www.revistas.usp.br/plural/article/view/12510910.11606/issn.2176-8099.pcso.2016.125109Plural; v. 23 n. 2 (2016): Mobilidades Turísticas; 33-64Plural; Vol. 23 Núm. 2 (2016): Mobilidades Turísticas; 33-64Plural; Vol. 23 No. 2 (2016): Mobilidades Turísticas; 33-642176-80990104-6721reponame:Plural (São Paulo. Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/plural/article/view/125109/122182https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/125109/180233Copyright (c) 2016 Política de direitos compartilhadoshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessMitchell, Gregory2023-10-26T11:49:30Zoai:revistas.usp.br:article/125109Revistahttp://www.revistas.usp.br/pluralPUBhttp://www.revistas.usp.br/plural/oaiplural@usp.br||2176-80992176-8099opendoar:2023-10-26T11:49:30Plural (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv “Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro
“Gringo panic”: predatory foreigners, global sports events and prostitution in Rio de Janeiro
title “Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro
spellingShingle “Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro
Mitchell, Gregory
gringos
prostitution
World Cup
sexual panics
gringos
prostituição
Copa do Mundo
pânicos sexuais
title_short “Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro
title_full “Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro
title_fullStr “Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro
title_full_unstemmed “Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro
title_sort “Gringo panic”: estrangeiros predadores, eventos esportivos globais e prostituição no Rio de Janeiro
author Mitchell, Gregory
author_facet Mitchell, Gregory
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Mitchell, Gregory
dc.subject.por.fl_str_mv gringos
prostitution
World Cup
sexual panics
gringos
prostituição
Copa do Mundo
pânicos sexuais
topic gringos
prostitution
World Cup
sexual panics
gringos
prostituição
Copa do Mundo
pânicos sexuais
description Durante a preparação para a Copa do Mundo de 2014, setores da mídia, ONGs e o Estado contribuíram para criar um pânico crescente sobre a prostituição. Incursões policiais violentas em locais lícitos de comércio sexual aumentaram e a polícia convidou a imprensa para transmitir o fechamento do local de turismo sexual de maior visibilidade no dia da abertura da Copa. Na verdade, a prostituição não aumentou no Rio de Janeiro e não houve casos confirmados de tráfico sexual associados ao evento na cidade. A “limpeza” das zonas de prostituição foi uma apropriação das terras com o objetivo de promover a limpeza social e a “renovação urbana” em Copacabana (Rio de Janeiro). Este artigo analisa como atores estatais e não-estatais construíram imagens de “gringos” – frequentemente como invasores predatórios –, criando um pânico moral para promover suas próprias agendas. Baseando-se em trabalho de campo etnográfico realizado com profissionais do sexo e clientes antes, durante e depois da Copa, a pesquisa analisa as fantasias projetadas sobre os “gringos” por vários atores – profissionais do sexo, setores da mídia, cristãos evangélicos e feministas, entre outros. Argumenta-se que os clientes “gringos” durante a Copa podem ser entendidos como turistas sexuais atípicos, que possuem uma agência limitada e que vivenciaram diferenças importantes no capital social e na competência cultural. A crença nas ideias preconcebidas sobre a masculinidade do “gringo” gerou consequências sociais imprevistas, incluindo a marginalização ainda maior das mulheres vulneráveis que trabalham na economia sexual do Rio.
publishDate 2016
dc.date.none.fl_str_mv 2016-10-11
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/125109
10.11606/issn.2176-8099.pcso.2016.125109
url https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/125109
identifier_str_mv 10.11606/issn.2176-8099.pcso.2016.125109
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/125109/122182
https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/125109/180233
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2016 Política de direitos compartilhados
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2016 Política de direitos compartilhados
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
text/xml
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
dc.source.none.fl_str_mv Plural; v. 23 n. 2 (2016): Mobilidades Turísticas; 33-64
Plural; Vol. 23 Núm. 2 (2016): Mobilidades Turísticas; 33-64
Plural; Vol. 23 No. 2 (2016): Mobilidades Turísticas; 33-64
2176-8099
0104-6721
reponame:Plural (São Paulo. Online)
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Plural (São Paulo. Online)
collection Plural (São Paulo. Online)
repository.name.fl_str_mv Plural (São Paulo. Online) - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv plural@usp.br||
_version_ 1797221634513305600