Um olhar sociológico sobre o privilégio epistémico da biomedicina: desconstruindo a metanarrativa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nogueira, Cláudia
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Saúde e Sociedade (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/153724
Resumo: Apesar do crescente reconhecimento público da sua incompletude e da necessidade de a fazer dialogar com outros saberes, a biomedicina continua a figurar como metanarrativa, como modelo médico epistemologicamente superior,definidor e regulador doqueseentendepor“sabermédico”.Énapersistência dessa representação de superioridade que reside um dos grandes obstáculos – senão mesmo o maior – à criação de uma efetiva ecologia de saberes no campo dos cuidados de saúde. Com base numa revisão da literatura sobre o tema, este artigo toma justamente por objetivo a desconstrução da versão essencialista da superioridade biomédica, evidenciando o modo como essa suposta superioridade é, na verdade, decorrente de um complexo quadro sociocultural de produção histórica. Assim, revisitando a literatura existente, o artigo desenvolve perspectiva condensada em torno dos principais pilares da construção do poder hegemónico da biomedicina no contexto da modernidadeocidental,asaber:(1)aligaçãoumbilical dabiomedicinaàciênciamodernaeàsuatrajetóriade colonização;(2)oprocessodeanatomoclínicaeomodo como, por esse processo, a biomedicina se estabeleceu comopodernormativo/regulador,passandoaauferir legitimidade e proteção por parte dos Estados; (3) a suposta maior eficácia da biomedicina no quadro de sua maior compatibilidade com os novos imperativos capitalistas; e (4) a constituição de forte movimento profissional biomédico e suas estratégias de fechamento na construção de sua hegemonia.
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