Prefiro mexer no coração a mexer na boca”: reflexões sobre o cuidado em saúde bucal
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Data de Publicação: | 2022 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
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Título da fonte: | Saúde e Sociedade (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/197991 |
Resumo: | Este artigo tem como objetivo compartilhar as reflexões sobre o cuidado em saúde bucal produzidas a partir da relação dialética entre a prática profissional e as pesquisas teóricas. Propomos a problematização da concepção de cuidado difundida pelo discurso biomédico, que o remete a uma certa tecnicidade voltada à cura. Apostamos no cuidado em sua dimensão ontológica, como característica intrínseca ao ser humano, a partir da qual os sujeitos se constituem e se realizam no mundo. Para tanto, utilizamos o conceito da bucalidade para localizar a boca humana enquanto território que está inserido no processo de produção e reprodução social, sendo completamente penetrado pela cultura e pelo psiquismo. Apresentamos, portanto, a boca que é socialmente produzida, um território-corpo dotado de subjetividade e que é atravessado por uma multiplicidade de experiências ao longo da vida. Por esse motivo, a ideia odontologizada de cuidado não dá conta de apreender o cuidado em saúde bucal em sua complexidade, tornando-se necessária a renúncia ao a priori odontológico, compreendendo que é na boca em que se materializam as realidades e experiências histórico-sociais dos sujeitos, abrindo-se espaço para o cuidado enquanto encontro intersubjetivo atravessado por afecções, com enorme potencial transformador. |
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Prefiro mexer no coração a mexer na boca”: reflexões sobre o cuidado em saúde bucal“I rather operate my heart than my mouth”: reflections on oral health careBucalidadeAfetoSaúde bucalBuccalityAffectOral healthEste artigo tem como objetivo compartilhar as reflexões sobre o cuidado em saúde bucal produzidas a partir da relação dialética entre a prática profissional e as pesquisas teóricas. Propomos a problematização da concepção de cuidado difundida pelo discurso biomédico, que o remete a uma certa tecnicidade voltada à cura. Apostamos no cuidado em sua dimensão ontológica, como característica intrínseca ao ser humano, a partir da qual os sujeitos se constituem e se realizam no mundo. Para tanto, utilizamos o conceito da bucalidade para localizar a boca humana enquanto território que está inserido no processo de produção e reprodução social, sendo completamente penetrado pela cultura e pelo psiquismo. Apresentamos, portanto, a boca que é socialmente produzida, um território-corpo dotado de subjetividade e que é atravessado por uma multiplicidade de experiências ao longo da vida. Por esse motivo, a ideia odontologizada de cuidado não dá conta de apreender o cuidado em saúde bucal em sua complexidade, tornando-se necessária a renúncia ao a priori odontológico, compreendendo que é na boca em que se materializam as realidades e experiências histórico-sociais dos sujeitos, abrindo-se espaço para o cuidado enquanto encontro intersubjetivo atravessado por afecções, com enorme potencial transformador.This article shares reflections on oral health care that emerged from the dialect relation between professional practice and theoretical research. It interrogates the concept of care disseminated by the biomedical discourse, in which care is a technique geared towards cure. We believe care to be an ontological dimension, an intrinsic characteristic of the human being from which they constitute themselves in the world. As such, we use the notion of buccality to situate the mouth as a territory that take part in the social production and reproduction process, completely penetrated by the culture and psychism. The mouth is, therefore, socially produced—a body-territory endowed with subjectivity that is crossed by multiple experiences throughout life. Hence, dentistry’s concept of care fails to encompass oral health care in all its complexity, making it necessary to renounce an a priori dentistry to understand that people’s socio-historical realities and experiences are materialized on their mouths, opening space to understand care as an intersubjective encounter crossed by potent and transformative affections.Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública2022-05-19info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/19799110.1590/S0104-12902022210709ptSaúde e Sociedade; v. 31 n. 2 (2022); e210709ptSaúde e Sociedade; Vol. 31 No. 2 (2022); e210709ptSaúde e Sociedade; Vol. 31 Núm. 2 (2022); e210709pt1984-04700104-1290reponame:Saúde e Sociedade (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/197991/182098Copyright (c) 2022 Saúde e Sociedadehttp://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessCouto, Joaquim Gabriel de AndradeBotazzo, CarlosCouto, Joaquim Gabriel de AndradeBotazzo, CarlosCouto, Joaquim Gabriel de AndradeBotazzo, Carlos2022-07-01T13:20:14Zoai:revistas.usp.br:article/197991Revistahttp://www.scielo.br/sausocPUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phpsaudesoc@usp.br||lena@usp.br1984-04700104-1290opendoar:2022-07-01T13:20:14Saúde e Sociedade (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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