O dom e a dádiva entre parteiras do Amapá: uma abordagem etnográfica
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Data de Publicação: | 2019 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por eng |
Título da fonte: | Saúde e Sociedade (Online) |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/160278 |
Resumo: | Este artigo trata das visões de mundo e práticas das parteiras tradicionais que moram em Santana (AP, Brasil). Tendo como base pesquisa de campo de caráter etnográfico e entrevistas semiestruturadas, apresentamos o entendimento dessas mulheres acerca do seu ofício, destacando a centralidade desempenhada pelas noções nativas de dom e de divino nesse universo. Também apresentamos e interpretamos a dimensão simbólica das relações estabelecidas entre essas mulheres, as parturientes e a entidade nomeada por elas como Deus. Neste contexto, observamos que as obrigações relacionadas aos endividamentos não compulsórios no dar-receber-retribuir, apontado na maioria dos estudos sobre parteiras, não se restringem à relação entre família da parturiente e parteira. Na concepção local, as relações relevantes de obrigação concatenadas ao dom para o ofício se estabelecem entre humanos e Deus. Grosso modo, a contradádiva é efetivada no atendimento às gestantes, mas como uma espécie de obrigação diante de Deus. Assim, o atendimento às mulheres que procuram as parteiras é entendido como o meio adequado de saldar a dívida adquirida com o ser divino. |
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O dom e a dádiva entre parteiras do Amapá: uma abordagem etnográficaThe dom and gift among midwives from Amapá: an ethnographic approachTraditional MidwivesGiftReciprocityParteiras TradicionaisDádivaReciprocidadeEste artigo trata das visões de mundo e práticas das parteiras tradicionais que moram em Santana (AP, Brasil). Tendo como base pesquisa de campo de caráter etnográfico e entrevistas semiestruturadas, apresentamos o entendimento dessas mulheres acerca do seu ofício, destacando a centralidade desempenhada pelas noções nativas de dom e de divino nesse universo. Também apresentamos e interpretamos a dimensão simbólica das relações estabelecidas entre essas mulheres, as parturientes e a entidade nomeada por elas como Deus. Neste contexto, observamos que as obrigações relacionadas aos endividamentos não compulsórios no dar-receber-retribuir, apontado na maioria dos estudos sobre parteiras, não se restringem à relação entre família da parturiente e parteira. Na concepção local, as relações relevantes de obrigação concatenadas ao dom para o ofício se estabelecem entre humanos e Deus. Grosso modo, a contradádiva é efetivada no atendimento às gestantes, mas como uma espécie de obrigação diante de Deus. Assim, o atendimento às mulheres que procuram as parteiras é entendido como o meio adequado de saldar a dívida adquirida com o ser divino.This article studies the world conceptions and practices of traditional midwives who live and work in Santana (Amapá, Brazil). Based on an ethnographic fieldwork including semi-structured interviews, we present how these women perceive their craft, highlighting the centrality of the category dom and the notion of divine in this universe. We also discuss the symbolic dimension of the relationships established between the midwives, the pregnant women and the entity known by them as God. In this regard, the obligations associated to the non-compulsory debts in the giving, receiving and returning cycle, pointed out by most studies on traditional midwives, are not restricted to the relation between the patient’s family and the midwife. According to the local conception, the most relevant relations of obligation associated to the dom for their craft are those established between humans and God. The counter-gift is accomplished through patient care, but as a sort of obligation towards God. Assisting the women who seek midwives is, thus, understood as the adequate means to settle the debt with this divine entity.Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública2019-07-25info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfapplication/xmlhttps://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/16027810.1590/S0104-12902019170010Saúde e Sociedade; v. 28 n. 1 (2019); 235-249Saúde e Sociedade; Vol. 28 No. 1 (2019); 235-249Saúde e Sociedade; Vol. 28 Núm. 1 (2019); 235-2491984-04700104-1290reponame:Saúde e Sociedade (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporenghttps://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/160278/154616https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/160278/154617Copyright (c) 2019 Saúde e Sociedadeinfo:eu-repo/semantics/openAccessCardoso, Marcus André de SouzaNascimento, Raysa2019-07-25T18:48:19Zoai:revistas.usp.br:article/160278Revistahttp://www.scielo.br/sausocPUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phpsaudesoc@usp.br||lena@usp.br1984-04700104-1290opendoar:2019-07-25T18:48:19Saúde e Sociedade (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false |
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