Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Halpern, Elizabeth Espindola
Data de Publicação: 2014
Outros Autores: Leite, Ligia Costa
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Saúde e Sociedade (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/84854
Resumo: O alcoolismo entre os militares passou a ser objeto de atenção especial na Marinha do Brasil a partir da criação do Centro de Dependência Química em 1997. Este estudo se desenvolveu a partir do método etnográfico, através da observação participante em 2010, no decorrer de 24 sessões, em dois grupos terapêuticos, cada qual composto por cerca de dez integrantes. Os registros foram feitos em um diário de campo após as sessões grupais. Os resultados apontaram que existe uma importante influência de fatores socioculturais na produção de seu alcoolismo. Constatou-se que o beber a bordo é uma tradição aprendida, considerando que existem: oportunidades de beber e o fácil acesso a bebidas alcoólicas; normas favoráveis que apoiam o consumo, inclusive no ambiente de trabalho; e tradições navais que, de forma contínua e sutil, difundem crenças e mitos sobre a inquestionável presença do álcool na vida naval. Enfim, a Marinha brasileira tem um posicionamento ambivalente que, de forma alternada, estimula e proíbe o consumo de etílicos a bordo, aplicando medidas administrativas e punitivas, sem critérios claros. Com efeito, modos de consumir bebidas, geralmente em grupo, encontram-se associados à execução das tarefas marinheiras, facilitando a produção da dependência do álcool.
id USP-6_71f30467aa42766e17ad6891ad88ecdb
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/84854
network_acronym_str USP-6
network_name_str Saúde e Sociedade (Online)
repository_id_str
spelling Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval Alcoholism in the working day: peculiarities of naval life O alcoolismo entre os militares passou a ser objeto de atenção especial na Marinha do Brasil a partir da criação do Centro de Dependência Química em 1997. Este estudo se desenvolveu a partir do método etnográfico, através da observação participante em 2010, no decorrer de 24 sessões, em dois grupos terapêuticos, cada qual composto por cerca de dez integrantes. Os registros foram feitos em um diário de campo após as sessões grupais. Os resultados apontaram que existe uma importante influência de fatores socioculturais na produção de seu alcoolismo. Constatou-se que o beber a bordo é uma tradição aprendida, considerando que existem: oportunidades de beber e o fácil acesso a bebidas alcoólicas; normas favoráveis que apoiam o consumo, inclusive no ambiente de trabalho; e tradições navais que, de forma contínua e sutil, difundem crenças e mitos sobre a inquestionável presença do álcool na vida naval. Enfim, a Marinha brasileira tem um posicionamento ambivalente que, de forma alternada, estimula e proíbe o consumo de etílicos a bordo, aplicando medidas administrativas e punitivas, sem critérios claros. Com efeito, modos de consumir bebidas, geralmente em grupo, encontram-se associados à execução das tarefas marinheiras, facilitando a produção da dependência do álcool. Alcoholism among military personnel became an object of special attention in Brazilian Navy since the creation of the Center for Chemical Dependency in 1997. The present study was developed using the ethnographic method, through participant observation, in the course of 24 sessions during 2010, in two treatment groups, each consisting of around ten members. The records were made in a field diary after the group sessions. The results showed that there is an important influence of sociocultural factors in the production of their alcoholism. It was found that drinking on board is a learned tradition, considering that there are: drinking opportunities and easy access to alcoholic beverages; norms that support consumption, including in the workplace; and naval traditions that continuously and subtly disseminate beliefs and myths about the unquestionable presence of alcohol in naval life. Finally, Brazilian Navy has an ambivalent positioning that, alternately, encourages and prohibits the consumption of alcohol on board, applying administrative and punitive measures without clear criteria. In fact, modes of consuming liquor, generally in groups, are related to the performance of naval tasks, encouraging the development of alcohol addiction. Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública2014-03-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/8485410.1590/S0104-12902014000100010Saúde e Sociedade; v. 23 n. 1 (2014); 131-145Saúde e Sociedade; Vol. 23 No. 1 (2014); 131-145Saúde e Sociedade; Vol. 23 Núm. 1 (2014); 131-1451984-04700104-1290reponame:Saúde e Sociedade (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/84854/87574Halpern, Elizabeth Espindola Leite, Ligia Costa info:eu-repo/semantics/openAccess2014-09-25T16:23:30Zoai:revistas.usp.br:article/84854Revistahttp://www.scielo.br/sausocPUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phpsaudesoc@usp.br||lena@usp.br1984-04700104-1290opendoar:2014-09-25T16:23:30Saúde e Sociedade (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval
Alcoholism in the working day: peculiarities of naval life
title Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval
spellingShingle Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval
Halpern, Elizabeth Espindola
title_short Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval
title_full Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval
title_fullStr Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval
title_full_unstemmed Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval
title_sort Etilismo na jornada laboral: peculiaridades da vida naval
author Halpern, Elizabeth Espindola
author_facet Halpern, Elizabeth Espindola
Leite, Ligia Costa
author_role author
author2 Leite, Ligia Costa
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Halpern, Elizabeth Espindola
Leite, Ligia Costa
description O alcoolismo entre os militares passou a ser objeto de atenção especial na Marinha do Brasil a partir da criação do Centro de Dependência Química em 1997. Este estudo se desenvolveu a partir do método etnográfico, através da observação participante em 2010, no decorrer de 24 sessões, em dois grupos terapêuticos, cada qual composto por cerca de dez integrantes. Os registros foram feitos em um diário de campo após as sessões grupais. Os resultados apontaram que existe uma importante influência de fatores socioculturais na produção de seu alcoolismo. Constatou-se que o beber a bordo é uma tradição aprendida, considerando que existem: oportunidades de beber e o fácil acesso a bebidas alcoólicas; normas favoráveis que apoiam o consumo, inclusive no ambiente de trabalho; e tradições navais que, de forma contínua e sutil, difundem crenças e mitos sobre a inquestionável presença do álcool na vida naval. Enfim, a Marinha brasileira tem um posicionamento ambivalente que, de forma alternada, estimula e proíbe o consumo de etílicos a bordo, aplicando medidas administrativas e punitivas, sem critérios claros. Com efeito, modos de consumir bebidas, geralmente em grupo, encontram-se associados à execução das tarefas marinheiras, facilitando a produção da dependência do álcool.
publishDate 2014
dc.date.none.fl_str_mv 2014-03-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/84854
10.1590/S0104-12902014000100010
url https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/84854
identifier_str_mv 10.1590/S0104-12902014000100010
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/84854/87574
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública
dc.source.none.fl_str_mv Saúde e Sociedade; v. 23 n. 1 (2014); 131-145
Saúde e Sociedade; Vol. 23 No. 1 (2014); 131-145
Saúde e Sociedade; Vol. 23 Núm. 1 (2014); 131-145
1984-0470
0104-1290
reponame:Saúde e Sociedade (Online)
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Saúde e Sociedade (Online)
collection Saúde e Sociedade (Online)
repository.name.fl_str_mv Saúde e Sociedade (Online) - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv saudesoc@usp.br||lena@usp.br
_version_ 1800237459540279296