Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Brant, Luiz Carlos
Data de Publicação: 2009
Outros Autores: Minayo-Gomez, Carlos
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Saúde e Sociedade (Online)
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/29595
Resumo: O presente artigo visa a identificar e compreender as formas de resistências, a partir das manifestações do sofrimento, na gestão do trabalho. Empreendemos uma investigação numa empresa pública, do setor de serviços, numa metrópole da região Sudeste do Brasil. Recorremos a entrevistas abertas com trabalhadores, gestores e profissionais de saúde dessa empresa. Para a análise dos relatos obtidos, empregamos como metodologia a hermenêutica-dialética. Constatamos que algumas das concepções do sofrimento na literatura especializada relegam o trabalhador à posição de doente ou de vítima, negligenciando a sua capacidade de resistência e a positividade proporcionada pela manifestação do sofrimento. Os depoimentos evidenciaram a existência de resistência reativa, que se apresentava sob as formas catártica e ambivalente, e uma resistência ativa. Concluímos que as formas reativas criam condições mínimas para a permanência no emprego, são capazes de evitar o estigma de doente, entretanto, não conseguem evitar as situações favorecedoras do sofrimento. No âmbito da gestão não se reconhece a existência do processo de adoecimento no trabalho e seus dispositivos de atribuição da identidade de doente; os modelos teóricos que orientam as avaliações de serviços não contemplam os benefícios e avanços originários das diferentes formas de resistência.
id USP-6_a434ed383e631e5c31fd9e1afd712422
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/29595
network_acronym_str USP-6
network_name_str Saúde e Sociedade (Online)
repository_id_str
spelling Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho Manifestation of suffering and resistance to the illness process in work management Resistências no trabalhoSaúde do trabalhadorAdoecimentoSofrimentoResistance at the WorkplaceWorker's HealthIllness ProcessSuffering O presente artigo visa a identificar e compreender as formas de resistências, a partir das manifestações do sofrimento, na gestão do trabalho. Empreendemos uma investigação numa empresa pública, do setor de serviços, numa metrópole da região Sudeste do Brasil. Recorremos a entrevistas abertas com trabalhadores, gestores e profissionais de saúde dessa empresa. Para a análise dos relatos obtidos, empregamos como metodologia a hermenêutica-dialética. Constatamos que algumas das concepções do sofrimento na literatura especializada relegam o trabalhador à posição de doente ou de vítima, negligenciando a sua capacidade de resistência e a positividade proporcionada pela manifestação do sofrimento. Os depoimentos evidenciaram a existência de resistência reativa, que se apresentava sob as formas catártica e ambivalente, e uma resistência ativa. Concluímos que as formas reativas criam condições mínimas para a permanência no emprego, são capazes de evitar o estigma de doente, entretanto, não conseguem evitar as situações favorecedoras do sofrimento. No âmbito da gestão não se reconhece a existência do processo de adoecimento no trabalho e seus dispositivos de atribuição da identidade de doente; os modelos teóricos que orientam as avaliações de serviços não contemplam os benefícios e avanços originários das diferentes formas de resistência. The present article aims to identify and understand resistance forms based on suffering manifestations in work management. We undertook an investigation in a public company from the services sector, located in a metropolis of the Southeastern region of Brazil. We conducted open interviews with workers, managers, and health professionals from this company. For the analysis of the obtained accounts, we used dialectical hermeneutics as the methodological strategy. We found that some of the suffering conceptions in the specialized literature relegate the worker to the position of victim or sick person, neglecting his capacity for resistance and the positiveness deriving from the suffering manifestation. The accounts revealed the existence of reactive resistance, which emerged through cathartic and ambivalent forms, and of active resistance. We concluded that the reactive forms create minimum conditions for permanence in the job, and can prevent the sick person stigma, but they are not able to prevent situations which favor suffering. In fact, in the management sphere, the existence of the illness process in the workplace is not recognized, nor are its devices of attribution of the sick person's identity. The theoretical models that guide services evaluations do not take into account the benefits and advances coming from the different forms of resistance. Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública2009-06-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/2959510.1590/S0104-12902009000200007Saúde e Sociedade; v. 18 n. 2 (2009); 237-247 Saúde e Sociedade; Vol. 18 No. 2 (2009); 237-247 Saúde e Sociedade; Vol. 18 Núm. 2 (2009); 237-247 1984-04700104-1290reponame:Saúde e Sociedade (Online)instname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPporhttps://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/29595/31463Brant, Luiz CarlosMinayo-Gomez, Carlosinfo:eu-repo/semantics/openAccess2012-07-05T00:48:36Zoai:revistas.usp.br:article/29595Revistahttp://www.scielo.br/sausocPUBhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phpsaudesoc@usp.br||lena@usp.br1984-04700104-1290opendoar:2012-07-05T00:48:36Saúde e Sociedade (Online) - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho
Manifestation of suffering and resistance to the illness process in work management
title Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho
spellingShingle Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho
Brant, Luiz Carlos
Resistências no trabalho
Saúde do trabalhador
Adoecimento
Sofrimento
Resistance at the Workplace
Worker's Health
Illness Process
Suffering
title_short Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho
title_full Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho
title_fullStr Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho
title_full_unstemmed Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho
title_sort Manifestação do sofrimento e resistência ao adoecimento na gestão do trabalho
author Brant, Luiz Carlos
author_facet Brant, Luiz Carlos
Minayo-Gomez, Carlos
author_role author
author2 Minayo-Gomez, Carlos
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Brant, Luiz Carlos
Minayo-Gomez, Carlos
dc.subject.por.fl_str_mv Resistências no trabalho
Saúde do trabalhador
Adoecimento
Sofrimento
Resistance at the Workplace
Worker's Health
Illness Process
Suffering
topic Resistências no trabalho
Saúde do trabalhador
Adoecimento
Sofrimento
Resistance at the Workplace
Worker's Health
Illness Process
Suffering
description O presente artigo visa a identificar e compreender as formas de resistências, a partir das manifestações do sofrimento, na gestão do trabalho. Empreendemos uma investigação numa empresa pública, do setor de serviços, numa metrópole da região Sudeste do Brasil. Recorremos a entrevistas abertas com trabalhadores, gestores e profissionais de saúde dessa empresa. Para a análise dos relatos obtidos, empregamos como metodologia a hermenêutica-dialética. Constatamos que algumas das concepções do sofrimento na literatura especializada relegam o trabalhador à posição de doente ou de vítima, negligenciando a sua capacidade de resistência e a positividade proporcionada pela manifestação do sofrimento. Os depoimentos evidenciaram a existência de resistência reativa, que se apresentava sob as formas catártica e ambivalente, e uma resistência ativa. Concluímos que as formas reativas criam condições mínimas para a permanência no emprego, são capazes de evitar o estigma de doente, entretanto, não conseguem evitar as situações favorecedoras do sofrimento. No âmbito da gestão não se reconhece a existência do processo de adoecimento no trabalho e seus dispositivos de atribuição da identidade de doente; os modelos teóricos que orientam as avaliações de serviços não contemplam os benefícios e avanços originários das diferentes formas de resistência.
publishDate 2009
dc.date.none.fl_str_mv 2009-06-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/29595
10.1590/S0104-12902009000200007
url https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/29595
identifier_str_mv 10.1590/S0104-12902009000200007
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/29595/31463
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública
dc.source.none.fl_str_mv Saúde e Sociedade; v. 18 n. 2 (2009); 237-247
Saúde e Sociedade; Vol. 18 No. 2 (2009); 237-247
Saúde e Sociedade; Vol. 18 Núm. 2 (2009); 237-247
1984-0470
0104-1290
reponame:Saúde e Sociedade (Online)
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Saúde e Sociedade (Online)
collection Saúde e Sociedade (Online)
repository.name.fl_str_mv Saúde e Sociedade (Online) - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv saudesoc@usp.br||lena@usp.br
_version_ 1800237455723462656