"Capitalismo, desigualdade e pobreza na América Latina"

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Luis Enrique Rambalducci Estenssoro
Data de Publicação: 2003
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.8.2003.tde-23102003-072125
Resumo: Argumentamos que a superação da crise do modelo neoliberal de crescimento econômico, da crise do padrão de acumulação dependente e da crise do modo de produção capitalista tende a se dar por meio de mudanças estruturais vinculadas à situação dos 211 milhões de pobres na América Latina. Desta forma, encaramos a possibilidade da erradicação da pobreza como uma mudança social capaz de dar um mínimo de cidadania possível a essa população e de criar condições para futuras transformações. Afirmamos que a pobreza e a desigualdade, não sendo exclusivas do capitalismo, persistem e crescem neste modo de produção hegemônico no planeta devido a dois processos: 1) o crescimento econômico capitalista, ou seja, a expansão comercial e o investimento externo como processos que extraem o excedente dos setores e classes não-capitalistas (mercados externos) e constituem e consolidam nas áreas periféricas do sistema o imperialismo e sua contrapartida interna, a dependência; e, por outro lado, 2) a superexploração dos trabalhadores por meio da extração crescente de mais-valia (intensificando o trabalho e diminuindo os salários com relação ao valor da força de trabalho), e o processo simultâneo de inclusão marginal no sistema dos desempregados e pobres que trabalham (working poor). Isto é, o desenvolvimento e a dinâmica decorrente da própria expansão do capitalismo produz um exército industrial de reserva e, concomitantemente, um lumpemproletariado considerável. O exército de reserva é classicamente associado ao funcionamento econômico do sistema capitalista. Sustentamos aqui que o lumpemproletariado constitui-se também num produto do sistema capitalista, enquanto população economicamente marginalizada, socialmente excluída, e politicamente destituída dos seus direitos básicos. Em suma, uma transformação na condição dessa pobreza estrutural implica em mudanças estruturais que superem a condição de subcidadãos ou lumpencidadãos desses grupos excluídos.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis "Capitalismo, desigualdade e pobreza na América Latina" "Capitalism, Inequality and Poverty in Latin America" 2003-09-02Sedi HiranoRicardo Luiz Coltro AntunesAlvaro Augusto CominLucio Felix Frederico KowarickMarcio PochmannLuis Enrique Rambalducci EstenssoroUniversidade de São PauloSociologiaUSPBR América Latina capitalism capitalismo dependência dependency desigualdade exclusão social inequality Latin America lumpemproletariado lumpenproletariat pobreza poverty social exclusion Argumentamos que a superação da crise do modelo neoliberal de crescimento econômico, da crise do padrão de acumulação dependente e da crise do modo de produção capitalista tende a se dar por meio de mudanças estruturais vinculadas à situação dos 211 milhões de pobres na América Latina. Desta forma, encaramos a possibilidade da erradicação da pobreza como uma mudança social capaz de dar um mínimo de cidadania possível a essa população e de criar condições para futuras transformações. Afirmamos que a pobreza e a desigualdade, não sendo exclusivas do capitalismo, persistem e crescem neste modo de produção hegemônico no planeta devido a dois processos: 1) o crescimento econômico capitalista, ou seja, a expansão comercial e o investimento externo como processos que extraem o excedente dos setores e classes não-capitalistas (mercados externos) e constituem e consolidam nas áreas periféricas do sistema o imperialismo e sua contrapartida interna, a dependência; e, por outro lado, 2) a superexploração dos trabalhadores por meio da extração crescente de mais-valia (intensificando o trabalho e diminuindo os salários com relação ao valor da força de trabalho), e o processo simultâneo de inclusão marginal no sistema dos desempregados e pobres que trabalham (working poor). Isto é, o desenvolvimento e a dinâmica decorrente da própria expansão do capitalismo produz um exército industrial de reserva e, concomitantemente, um lumpemproletariado considerável. O exército de reserva é classicamente associado ao funcionamento econômico do sistema capitalista. Sustentamos aqui que o lumpemproletariado constitui-se também num produto do sistema capitalista, enquanto população economicamente marginalizada, socialmente excluída, e politicamente destituída dos seus direitos básicos. Em suma, uma transformação na condição dessa pobreza estrutural implica em mudanças estruturais que superem a condição de subcidadãos ou lumpencidadãos desses grupos excluídos. We argue that in order to overcome the crisis of the neoliberal model of economic growth, the crisis of dependent-capitalist accumulation and the crisis of the capitalist mode of production we require structural changes linked to the livelihood of 211 million Latin American poor. In this way, we envisage the possibility of eradicating poverty as a social change capable to give a minimum of possible citizenship to this population and to create conditions for future transformations. We affirm that poverty and inequality, though not exclusively a capitalist phenomena, persists and grows in this global and hegemonic production model due the two processes: 1) Capitalist economic growth, such as the commercial expansion and the foreign investment, as processes extracting surpluses from non-capitalists sectors and classes (external markets) that constitute and consolidate the peripheral areas of the imperialist system, and its internal counterpart, dependency; on the other side, 2) the over-exploration of the workers by means of increasing extraction of plus-value (intensifying the work and diminishing the wages in relation to the value of the work force), and the simultaneous process of marginal inclusion in the system of the unemployed and the working poor. The development and the dynamics of the capitalist expansion produce an industrial reserve army together with a sizable lumpenproletariat. The reserve army is typically associated with the economic functioning of the capitalist system. We argue that the lumpenproletariat is also a by-product of the capitalist system, as a population economically marginalized, socially excluded, and politically destitute of its basic rights. In short, a transformation of the conditions of such structural poverty implies structural changes able to overcome the condition of sub-citizenship or lumpencitizenship of these excluded groups. https://doi.org/10.11606/T.8.2003.tde-23102003-072125info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:59:45Zoai:teses.usp.br:tde-23102003-072125Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T13:12:30.808405Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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