Paulistanidade e racialização - o caso nordestino

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rego, Marina Chaves de Macedo
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-25022019-121511/
Resumo: Apresento nesta dissertação a pesquisa que realizei sobre as relações entre a paulistanidade e o preconceito contra nordestinos. Exponho como o ideal de superioridade paulista foi historicamente acompanhado por uma narrativa racial, econômica e política que aponta a racionalidade, a branquidade e o mérito como virtudes diferenciais desta população. Apresento, da mesma maneira, a estigmatização dos nordestinos como um fenômeno social de grande alcance, associado à ideia de inaptidão econômica, política e racial imputada a este grupo regional, que aparece com frequência como contraponto da moralidade paulista. Analiso como noções de progresso e civilização, restritivas e racializadas, se adequam e se relacionam de formas distintas a identidades regionais variadas. Trato os regionalismos brasileiros de modo que seja possível investigar a ascensão da questão regional como um processo de racialização e demarcação econômica das populações brasileiras, notadamente simbolizadas por uma gama de marcadores sociais da diferença. Interessa-me entender tanto o caráter homogeneizador das narrativas regionalistas quanto as mobilizações em torno de raça e classe que estas possam abarcar. Focando no caso paulista, apresento o histórico da paulistanidade em torno de uma superioridade que frequentemente se apresentou como questão racial. Da mesma maneira, empreendo uma análise comprometida em averiguar as continuidades e descontinuidades deste regionalismo. A ascensão do discurso da democracia racial com seu consequente padrão de preconceito e discriminação que se estabelece de forma velada é, portanto, um marco importante para esta análise. Para destrinchar estas questões, focalizo a corrente crise política brasileira e os grupos separatistas paulistas que surgiram nesta década (2010). A tese que orienta esta pesquisa é de que a paulistanidade não somente recrudesce em momentos de disputa política, como aparece enquanto perpetradora de uma hierarquia nacional marcada por assimetrias raciais, regionais e de classe. Defendo, deste modo, que a contraposição histórica entre paulistas e nordestinos pode se apresentar como uma narrativa eficaz do conservadorismo nacional. Esta narrativa seria capaz de extrapolar o plano discursivo, possuindo materialidade política notável. Torna-se importante salientar que o regionalismo paulista é pensado de forma relacional aos outros regionalismos brasileiros.
id USP_000a31d9359fb2e93d9a6b91ff72d76e
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-25022019-121511
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Paulistanidade e racialização - o caso nordestinoPaulistanity and racialization: the case of Brazil NortheastPaulistanidadePaulistanityPreconceito contra nordestinosPrejudice against northeastern braziliansRacializaçãoRacializationRegionalismRegionalismoSeparatismSeparatismoApresento nesta dissertação a pesquisa que realizei sobre as relações entre a paulistanidade e o preconceito contra nordestinos. Exponho como o ideal de superioridade paulista foi historicamente acompanhado por uma narrativa racial, econômica e política que aponta a racionalidade, a branquidade e o mérito como virtudes diferenciais desta população. Apresento, da mesma maneira, a estigmatização dos nordestinos como um fenômeno social de grande alcance, associado à ideia de inaptidão econômica, política e racial imputada a este grupo regional, que aparece com frequência como contraponto da moralidade paulista. Analiso como noções de progresso e civilização, restritivas e racializadas, se adequam e se relacionam de formas distintas a identidades regionais variadas. Trato os regionalismos brasileiros de modo que seja possível investigar a ascensão da questão regional como um processo de racialização e demarcação econômica das populações brasileiras, notadamente simbolizadas por uma gama de marcadores sociais da diferença. Interessa-me entender tanto o caráter homogeneizador das narrativas regionalistas quanto as mobilizações em torno de raça e classe que estas possam abarcar. Focando no caso paulista, apresento o histórico da paulistanidade em torno de uma superioridade que frequentemente se apresentou como questão racial. Da mesma maneira, empreendo uma análise comprometida em averiguar as continuidades e descontinuidades deste regionalismo. A ascensão do discurso da democracia racial com seu consequente padrão de preconceito e discriminação que se estabelece de forma velada é, portanto, um marco importante para esta análise. Para destrinchar estas questões, focalizo a corrente crise política brasileira e os grupos separatistas paulistas que surgiram nesta década (2010). A tese que orienta esta pesquisa é de que a paulistanidade não somente recrudesce em momentos de disputa política, como aparece enquanto perpetradora de uma hierarquia nacional marcada por assimetrias raciais, regionais e de classe. Defendo, deste modo, que a contraposição histórica entre paulistas e nordestinos pode se apresentar como uma narrativa eficaz do conservadorismo nacional. Esta narrativa seria capaz de extrapolar o plano discursivo, possuindo materialidade política notável. Torna-se importante salientar que o regionalismo paulista é pensado de forma relacional aos outros regionalismos brasileiros.Here, I present a research on the relationship between the paulistanity (ideology which states the existence of a superiority of the people from the Brazilian State of São Paulo i.e. Paulistas) and the discrimination against people from the Northeast region of Brazil. I show that the idea of a Paulista superiority was historically accompanied by a racial, economic, and political narrative that points the rationality, the whiteness, and merit as sources of this alleged superiority. In the same way, I present the Northeastern stigma as a pervasive social phenomenon, constantly associated with the imposed idea of an economic, political, and racial incapacity of this regional population which is often shown as an opposite to the Paulista morality. I analyze how narrow and racial-based notions of progress and civilization differently conform and relate to a variety of geographic regional identities. I analyze the Brazilian regionalisms in a way that allows me to investigate the rise of the regional matter as a process characterized by a wide racialization and an economic delimitation of Brazilian populations, notably characterized by a range of social markers of difference. I try to understand the racial and class aspects of regionalist narratives and I try to understand how regionalist narratives homogenize human groups. Regarding Paulistas case, I present the history of the paulistanity and the associated sense of superiority that has been frequently presented as a racial matter. In the same way, I analyze the permanence and the discontinuity of this regionalism. Accordingly, an important issue for this analysis is the rise of the mythical racial democracy, accompanied by its pattern of prejudice and discrimination, which are stablished in a veiled way. In order to disentangle these questions, I incorporate to my analyses perspectives on the current Brazilian political crisis and perspectives on the Paulista separatists groups that were founded in the 2010s. This research is based on the thesis that the expression of paulistanity would not only enhance during instances of political dispute, but it would also promote a national hierarchy characterized by racial, regional, and class asymmetries. Therefore, I propose that the historical contrast between Paulistas and Northeastern Brazilians can be presented as an efficient narrative of national conservatism. This conservative narrative is not restricted to a speech level, but can also reach notable political materiality. Additionally, it is important to highlight that, in this study, I relate Paulista regionalism to other forms of regionalism found in Brazil.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGuimaraes, Antonio Sergio AlfredoRego, Marina Chaves de Macedo2018-08-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-25022019-121511/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-09T23:21:59Zoai:teses.usp.br:tde-25022019-121511Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-09T23:21:59Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Paulistanidade e racialização - o caso nordestino
Paulistanity and racialization: the case of Brazil Northeast
title Paulistanidade e racialização - o caso nordestino
spellingShingle Paulistanidade e racialização - o caso nordestino
Rego, Marina Chaves de Macedo
Paulistanidade
Paulistanity
Preconceito contra nordestinos
Prejudice against northeastern brazilians
Racialização
Racialization
Regionalism
Regionalismo
Separatism
Separatismo
title_short Paulistanidade e racialização - o caso nordestino
title_full Paulistanidade e racialização - o caso nordestino
title_fullStr Paulistanidade e racialização - o caso nordestino
title_full_unstemmed Paulistanidade e racialização - o caso nordestino
title_sort Paulistanidade e racialização - o caso nordestino
author Rego, Marina Chaves de Macedo
author_facet Rego, Marina Chaves de Macedo
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Guimaraes, Antonio Sergio Alfredo
dc.contributor.author.fl_str_mv Rego, Marina Chaves de Macedo
dc.subject.por.fl_str_mv Paulistanidade
Paulistanity
Preconceito contra nordestinos
Prejudice against northeastern brazilians
Racialização
Racialization
Regionalism
Regionalismo
Separatism
Separatismo
topic Paulistanidade
Paulistanity
Preconceito contra nordestinos
Prejudice against northeastern brazilians
Racialização
Racialization
Regionalism
Regionalismo
Separatism
Separatismo
description Apresento nesta dissertação a pesquisa que realizei sobre as relações entre a paulistanidade e o preconceito contra nordestinos. Exponho como o ideal de superioridade paulista foi historicamente acompanhado por uma narrativa racial, econômica e política que aponta a racionalidade, a branquidade e o mérito como virtudes diferenciais desta população. Apresento, da mesma maneira, a estigmatização dos nordestinos como um fenômeno social de grande alcance, associado à ideia de inaptidão econômica, política e racial imputada a este grupo regional, que aparece com frequência como contraponto da moralidade paulista. Analiso como noções de progresso e civilização, restritivas e racializadas, se adequam e se relacionam de formas distintas a identidades regionais variadas. Trato os regionalismos brasileiros de modo que seja possível investigar a ascensão da questão regional como um processo de racialização e demarcação econômica das populações brasileiras, notadamente simbolizadas por uma gama de marcadores sociais da diferença. Interessa-me entender tanto o caráter homogeneizador das narrativas regionalistas quanto as mobilizações em torno de raça e classe que estas possam abarcar. Focando no caso paulista, apresento o histórico da paulistanidade em torno de uma superioridade que frequentemente se apresentou como questão racial. Da mesma maneira, empreendo uma análise comprometida em averiguar as continuidades e descontinuidades deste regionalismo. A ascensão do discurso da democracia racial com seu consequente padrão de preconceito e discriminação que se estabelece de forma velada é, portanto, um marco importante para esta análise. Para destrinchar estas questões, focalizo a corrente crise política brasileira e os grupos separatistas paulistas que surgiram nesta década (2010). A tese que orienta esta pesquisa é de que a paulistanidade não somente recrudesce em momentos de disputa política, como aparece enquanto perpetradora de uma hierarquia nacional marcada por assimetrias raciais, regionais e de classe. Defendo, deste modo, que a contraposição histórica entre paulistas e nordestinos pode se apresentar como uma narrativa eficaz do conservadorismo nacional. Esta narrativa seria capaz de extrapolar o plano discursivo, possuindo materialidade política notável. Torna-se importante salientar que o regionalismo paulista é pensado de forma relacional aos outros regionalismos brasileiros.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018-08-13
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-25022019-121511/
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-25022019-121511/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1809091058180554752