Investimentos em infraestrutura como instrumento de política industrial
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-27032009-113110/ |
Resumo: | As mudanças na eficiência relativa de setores produtivos ao longo do tempo direcionam a reorganização de atividades econômicas entre países desenvolvidos e emergentes. Essas mudanças resultam de dois movimentos complementares. Primeiro, o desenvolvimento setorial autônomo, decorrente da combinação de acumulação de capital físico e humano, eficiência transacional e curva de aprendizagem. O segundo movimento refere-se a choques exógenos, produzidos por inovações tecnológicas ou por intervenções autônomas do setor público. Tais intervenções, que alteram de forma planejada a dinâmica das trajetórias setoriais, são denominadas de política industrial. Por sua importância para o crescimento e desenvolvimento econômico, constituem o objeto de análise deste trabalho. A análise de investimentos em infraestrutura como instrumento de política industrial é desenvolvida em três etapas. Na primeira etapa propomos a estruturação de um modelo de organização epistemológica em política industrial a partir das relações instrumentoobjetivo. Com base na sistematização das principais linhas de pesquisa, utilizamos este modelo para estabelecer a vinculação normativa entre investimentos em infraestrutura e instrumentos de política industrial. Em complemento, o modelo permite posicionar a metodologia de pesquisa por meio da combinação entre modelos teóricos positivos e testes econométricos. Na segunda etapa desenvolvemos o vínculo teórico, fundamentado em um arcabouço hipotético-dedutivo, para estabelecer as condições nas quais investimentos em infraestrutura influenciam as trajetórias de crescimento e de comércio exterior de diferentes setores. Este arcabouço combina duas categorias de modelos. Seguindo a metodologia de Aschauer (1989), utilizamos variações de modelos de crescimento de Solow (1956), considerando investimentos em infraestrutura tanto como acúmulo de capital quanto como choque tecnológico, para avaliar seus impactos sobre dinâmicas setoriais. Combinamos esses modelos com os de Frankel e Romer (1999) para avaliar esses investimentos sob a ótica teórica do comércio internacional, desta forma criando o vínculo entre investimentos em infraestrutura e competitividade setorial. A terceira etapa estabelece o vínculo empírico entre investimentos em infraestrutura e objetivos da política industrial, testando as predições teóricas por meio de diferentes especificações de modelos de dados em painel aplicados a uma amostra de 85 países no período de 1960 a 2005. No plano do crescimento econômico, a produção per capita em diferentes setores é regredida em relação a investimentos em infraestrutura, mediante o uso de variáveis de controle tradicionais. No plano do comércio internacional, a variável dependente é a participação setorial na balança comercial; no plano tecnológico, a variável dependente é a produtividade do trabalho; e no plano social, a variável dependente é a equidade na distribuição de renda. Os testes empíricos indicam que investimentos em infraestrutura produzem um impacto positivo e estatisticamente relevante no crescimento de longo prazo do produto interno per capita, especialmente em economias em desenvolvimento. Avaliando setorialmente os resultados, esses investimentos geram aceleração expressiva e robusta no setor de serviços e menor aceleração no setor industrial. No setor agrícola, investimentos em infraestrutura auxiliam na sustentação do padrão histórico de crescimento. No plano tecnológico, investimentos em infraestrutura apresentaram efeitos expressivos sobre a produtividade marginal do trabalho na indústria, efeitos menores sobre a produtividade marginal do trabalho no setor de serviços, não indicando efeitos sobre a produtividade marginal do setor agrícola. Dentre os segmentos que compõem o setor de infraestrutura, verificamos que as telecomunicações atuam mais fortemente como instrumento indutor de crescimento econômico, indicando que esse segmento representa um instrumento de política industrial. Não foram encontradas evidências de que os segmentos de rodovias e geração de energia elétrica exerçam o mesmo papel do setor de telecomunicações. No plano do comércio internacional, os investimentos em infraestrutura não se mostraram relevantes na identificação de tendências de longo prazo. No plano social, investimentos em infraestrutura apresentaram efeitos relevantes na redução das desigualdades de renda. A composição das três etapas normativa, teórica e empírica, sugere que investimentos em infraestrutura podem produzir resultados relevantes de acordo com os objetivos propostos pela política econômica, materializando-se em importante instrumento a ser considerado no âmbito da administração pública. |
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Investimentos em infraestrutura como instrumento de política industrialInvestments in infrastructure as an instrument of industrial policy trialComércio exteriorDesenvolvimento econômicoEconomic developmentIndicadores sócio-econômicosIndustrial policyPolítica industrialSocio-economic indicatorsTrade outsideAs mudanças na eficiência relativa de setores produtivos ao longo do tempo direcionam a reorganização de atividades econômicas entre países desenvolvidos e emergentes. Essas mudanças resultam de dois movimentos complementares. Primeiro, o desenvolvimento setorial autônomo, decorrente da combinação de acumulação de capital físico e humano, eficiência transacional e curva de aprendizagem. O segundo movimento refere-se a choques exógenos, produzidos por inovações tecnológicas ou por intervenções autônomas do setor público. Tais intervenções, que alteram de forma planejada a dinâmica das trajetórias setoriais, são denominadas de política industrial. Por sua importância para o crescimento e desenvolvimento econômico, constituem o objeto de análise deste trabalho. A análise de investimentos em infraestrutura como instrumento de política industrial é desenvolvida em três etapas. Na primeira etapa propomos a estruturação de um modelo de organização epistemológica em política industrial a partir das relações instrumentoobjetivo. Com base na sistematização das principais linhas de pesquisa, utilizamos este modelo para estabelecer a vinculação normativa entre investimentos em infraestrutura e instrumentos de política industrial. Em complemento, o modelo permite posicionar a metodologia de pesquisa por meio da combinação entre modelos teóricos positivos e testes econométricos. Na segunda etapa desenvolvemos o vínculo teórico, fundamentado em um arcabouço hipotético-dedutivo, para estabelecer as condições nas quais investimentos em infraestrutura influenciam as trajetórias de crescimento e de comércio exterior de diferentes setores. Este arcabouço combina duas categorias de modelos. Seguindo a metodologia de Aschauer (1989), utilizamos variações de modelos de crescimento de Solow (1956), considerando investimentos em infraestrutura tanto como acúmulo de capital quanto como choque tecnológico, para avaliar seus impactos sobre dinâmicas setoriais. Combinamos esses modelos com os de Frankel e Romer (1999) para avaliar esses investimentos sob a ótica teórica do comércio internacional, desta forma criando o vínculo entre investimentos em infraestrutura e competitividade setorial. A terceira etapa estabelece o vínculo empírico entre investimentos em infraestrutura e objetivos da política industrial, testando as predições teóricas por meio de diferentes especificações de modelos de dados em painel aplicados a uma amostra de 85 países no período de 1960 a 2005. No plano do crescimento econômico, a produção per capita em diferentes setores é regredida em relação a investimentos em infraestrutura, mediante o uso de variáveis de controle tradicionais. No plano do comércio internacional, a variável dependente é a participação setorial na balança comercial; no plano tecnológico, a variável dependente é a produtividade do trabalho; e no plano social, a variável dependente é a equidade na distribuição de renda. Os testes empíricos indicam que investimentos em infraestrutura produzem um impacto positivo e estatisticamente relevante no crescimento de longo prazo do produto interno per capita, especialmente em economias em desenvolvimento. Avaliando setorialmente os resultados, esses investimentos geram aceleração expressiva e robusta no setor de serviços e menor aceleração no setor industrial. No setor agrícola, investimentos em infraestrutura auxiliam na sustentação do padrão histórico de crescimento. No plano tecnológico, investimentos em infraestrutura apresentaram efeitos expressivos sobre a produtividade marginal do trabalho na indústria, efeitos menores sobre a produtividade marginal do trabalho no setor de serviços, não indicando efeitos sobre a produtividade marginal do setor agrícola. Dentre os segmentos que compõem o setor de infraestrutura, verificamos que as telecomunicações atuam mais fortemente como instrumento indutor de crescimento econômico, indicando que esse segmento representa um instrumento de política industrial. Não foram encontradas evidências de que os segmentos de rodovias e geração de energia elétrica exerçam o mesmo papel do setor de telecomunicações. No plano do comércio internacional, os investimentos em infraestrutura não se mostraram relevantes na identificação de tendências de longo prazo. No plano social, investimentos em infraestrutura apresentaram efeitos relevantes na redução das desigualdades de renda. A composição das três etapas normativa, teórica e empírica, sugere que investimentos em infraestrutura podem produzir resultados relevantes de acordo com os objetivos propostos pela política econômica, materializando-se em importante instrumento a ser considerado no âmbito da administração pública.The changes in the relative efficiency of economic sectors are drivers of the redistribution of economic activities between developing and developed countries. These changes are the result of two complementary factors. The first factor is the autonomous development of industry efficiency as a result of physical and human capital accumulation, transactional efficiency and learning curve. The second factor accounts for exogenous impacts produced by disruptive technologies and, mainly, by public sector interventions. Those interventions are, in a broad sense, denominated industrial policy and constitute the focus of the research. Such interventions, that change in a planned manner the dynamics of the sectors, are called industrial policy. For their importance for growth and economic development, they constitute the focus of this work. The analysis of investments in infrastructure as a tool of industrial policy is developed in three stages. In the first stage we structure an epistemological model of organization in industrial policy from the instrument-objectives relationships. Based on the systematization of the main fields of research, we use this model to establish the normative link between investments in infrastructure and industrial policy instruments. In addition, the model allows positioning the research methodology through the combination of positive models and generalizable empirical tests. In the second stage we develop the theoretical link, based on a hypothetical-deductive framework in order to establish the conditions under which investments in infrastructure affect the growth and foreign trade trajectories in different sectors. This framework combines two categories of models. Following the methodology of Aschauer (1989), we use variations of models of growth of Solow (1956), considering investments in infrastructure as much as accumulation of capital and technological shocks to assess its impacts on sectors dynamics. Further, we combine this effort with models by Frankel and Romer (1999) to evaluate these investments from the perspective of international trade theory, thus creating the link between investments in infrastructure and sector competitiveness. The third stage provides the empirical link between investments in infrastructure and industrial policy objectives, testing the theoretical predictions by using different specifications of data panel models applied to a sample of 85 countries covering period from 1960 to 2005. In terms of economic growth, the per capita production in different sectors is regressed against investments in infrastructure, using traditional control variables. In terms of international trade, the dependent variable used in the model is the participation of each sector in trade balance of a country. On the technological framework, the dependent variable is labor productivity and finally, the social objectives are tested using the fairness in the income distribution as the dependent variable. The empirical tests suggest that the infrastructure projects have a positive and statistically significant impact on long-term growth of GDP per capita, what is especially relevant for developing economies. Evaluating the results for different sectors, these investments generate significant and robust acceleration in the services sector and smaller acceleration in the industrial sector. In agriculture, investments in infrastructure help support the historical growth pattern. Considering technology, investment in infrastructure had significant effects on the marginal productivity of labor in industry, weaker effects on the labor marginal productivity in the service sector and indicated no effects on the labor marginal productivity of the agricultural sector. Among the components of the infrastructure sector, telecommunications act more strongly as an inducer of economic growth, indicating that this is an instrument of industrial policy. In terms of international trade, investments in infrastructure were not relevant to identify long run trends. In the social framework, investment in infrastructure had relevant effects in reducing income inequalities. The composition of the three stages - normative, theoretical and empirical, suggests that investments in infrastructure can produce relevant results, according to the objectives proposed by the economic policy. Investments in infrastructure can also be materialized in an important public policy instrument.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPWright, James Terence CoulterFleury, Fernando Leme2009-02-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-27032009-113110/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:58Zoai:teses.usp.br:tde-27032009-113110Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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As mudanças na eficiência relativa de setores produtivos ao longo do tempo direcionam a reorganização de atividades econômicas entre países desenvolvidos e emergentes. Essas mudanças resultam de dois movimentos complementares. Primeiro, o desenvolvimento setorial autônomo, decorrente da combinação de acumulação de capital físico e humano, eficiência transacional e curva de aprendizagem. O segundo movimento refere-se a choques exógenos, produzidos por inovações tecnológicas ou por intervenções autônomas do setor público. Tais intervenções, que alteram de forma planejada a dinâmica das trajetórias setoriais, são denominadas de política industrial. Por sua importância para o crescimento e desenvolvimento econômico, constituem o objeto de análise deste trabalho. A análise de investimentos em infraestrutura como instrumento de política industrial é desenvolvida em três etapas. Na primeira etapa propomos a estruturação de um modelo de organização epistemológica em política industrial a partir das relações instrumentoobjetivo. Com base na sistematização das principais linhas de pesquisa, utilizamos este modelo para estabelecer a vinculação normativa entre investimentos em infraestrutura e instrumentos de política industrial. Em complemento, o modelo permite posicionar a metodologia de pesquisa por meio da combinação entre modelos teóricos positivos e testes econométricos. Na segunda etapa desenvolvemos o vínculo teórico, fundamentado em um arcabouço hipotético-dedutivo, para estabelecer as condições nas quais investimentos em infraestrutura influenciam as trajetórias de crescimento e de comércio exterior de diferentes setores. Este arcabouço combina duas categorias de modelos. Seguindo a metodologia de Aschauer (1989), utilizamos variações de modelos de crescimento de Solow (1956), considerando investimentos em infraestrutura tanto como acúmulo de capital quanto como choque tecnológico, para avaliar seus impactos sobre dinâmicas setoriais. Combinamos esses modelos com os de Frankel e Romer (1999) para avaliar esses investimentos sob a ótica teórica do comércio internacional, desta forma criando o vínculo entre investimentos em infraestrutura e competitividade setorial. A terceira etapa estabelece o vínculo empírico entre investimentos em infraestrutura e objetivos da política industrial, testando as predições teóricas por meio de diferentes especificações de modelos de dados em painel aplicados a uma amostra de 85 países no período de 1960 a 2005. No plano do crescimento econômico, a produção per capita em diferentes setores é regredida em relação a investimentos em infraestrutura, mediante o uso de variáveis de controle tradicionais. No plano do comércio internacional, a variável dependente é a participação setorial na balança comercial; no plano tecnológico, a variável dependente é a produtividade do trabalho; e no plano social, a variável dependente é a equidade na distribuição de renda. Os testes empíricos indicam que investimentos em infraestrutura produzem um impacto positivo e estatisticamente relevante no crescimento de longo prazo do produto interno per capita, especialmente em economias em desenvolvimento. Avaliando setorialmente os resultados, esses investimentos geram aceleração expressiva e robusta no setor de serviços e menor aceleração no setor industrial. No setor agrícola, investimentos em infraestrutura auxiliam na sustentação do padrão histórico de crescimento. No plano tecnológico, investimentos em infraestrutura apresentaram efeitos expressivos sobre a produtividade marginal do trabalho na indústria, efeitos menores sobre a produtividade marginal do trabalho no setor de serviços, não indicando efeitos sobre a produtividade marginal do setor agrícola. Dentre os segmentos que compõem o setor de infraestrutura, verificamos que as telecomunicações atuam mais fortemente como instrumento indutor de crescimento econômico, indicando que esse segmento representa um instrumento de política industrial. Não foram encontradas evidências de que os segmentos de rodovias e geração de energia elétrica exerçam o mesmo papel do setor de telecomunicações. No plano do comércio internacional, os investimentos em infraestrutura não se mostraram relevantes na identificação de tendências de longo prazo. No plano social, investimentos em infraestrutura apresentaram efeitos relevantes na redução das desigualdades de renda. A composição das três etapas normativa, teórica e empírica, sugere que investimentos em infraestrutura podem produzir resultados relevantes de acordo com os objetivos propostos pela política econômica, materializando-se em importante instrumento a ser considerado no âmbito da administração pública. |
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