Ecologia alimentar e reprodutiva de duas espécies de Tropidodryas (Serpentes, Colubridae) da Mata Atlântica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-02062008-134553/ |
Resumo: | Foram caracterizadas e comparadas a morfologia, a dieta, a utilização do substrato, a atividade sazonal e a biologia reprodutiva de Tropidodryas serra e T. striaticeps ao longo de toda sua distribuição na Mata Atlântica. Há segregação altitudinal na maior parte da distribuição geográfica das duas espécies-irmãs, T. serra habita predominantemente áreas de baixada e T. striaticeps ocupa as porções mais elevadas. Em localidades onde ocorrem em simpatria, há diferenciações na morfologia, na utilização do hábitat, nos tipos de presas consumidas e na extensão dos ciclos reprodutivos, possibilitando a partilha de recursos entre as duas espécies afins. As fêmeas das duas espécies foram maiores que os machos, indicando que não há combate ritual. Os machos em ambas as espécies apresentaram maiores comprimentos relativos da cauda, da cabeça e do olho que as fêmeas conspecíficas. Nas duas espécies as fêmeas foram mais robustas que os machos. Com relação às diferenças interespecíficas, T. serra é maior e mais pesada e T. striaticeps tem cauda, cabeça e olhos maiores. Nas duas espécies, os juvenis apresentaram a ponta da cauda branca. Os adultos de T. serra alteraram a coloração da ponta da cauda com a mudança nos tipos de presas ingeridas, ao passo que os adultos de T. striaticeps mantiveram a ponta da cauda branca mesmo com a variação na dieta. Poucos foram os indivíduos, em ambas as espécies, com mutilações na ponta da cauda. As duas espécies são diurnas, procuram ativamente por suas presas no solo e sobre a vegetação. Parecem utilizar mais a vegetação para repousar. Tropidodryas serra utiliza a vegetação com maior freqüência que T. striaticeps. Alimentam-se principalmente de mamíferos, mas incluem também aves, lagartos, anuros e serpentes na sua dieta. Tropidodryas serra apresentou maior equitabilidade na freqüência de captura de diferentes itens alimentares. Tropidodryas striaticeps apresentou maior freqüência de indivíduos com alimento no trato digestivo. Há variação ontogenética na dieta: juvenis se alimentam de presas ectotérmicas e adultos, em sua maioria, de endotérmicas. As fêmeas de T. serra foram coletadas com mais freqüência durante os meses mais quentes e chuvosos e os machos tiveram um pico de atividade entre fevereiro e abril. Os machos e as fêmeas de T. striaticeps não apresentaram diferenças na abundância ao longo do ano. Em T. serra as fêmeas atingiram a maturidade sexual antes que os machos coespecíficos, já em T. striaticeps ocorreu o contrário, os machos maturaram antes que as fêmeas. As fêmeas das duas espécies apresentam ciclos sazonais, com vitelogênese secundária e ovos durante a estação chuvosa. Nas fêmeas de T. serra o ciclo reprodutivo é mais restrito, as ninhadas são menores, os recém-nascidos maiores e a freqüência reprodutiva é maior que nas fêmeas de T. striaticeps. O ciclo espermatogênico é contínuo em ambas as espécies. O volume dos testículos e o diâmetro dos ductos deferentes se mantiveram elevados durante todo o ano nas duas espécies congêneres. Portanto, o ciclo sazonal nas fêmeas é pós-nupcial (a produção de ovos é dissociada da época de cópula) e o ciclo contínuo nos machos é pré-nupcial (a cópula ocorre simultaneamente com a produção de espermatozóides). |
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Ecologia alimentar e reprodutiva de duas espécies de Tropidodryas (Serpentes, Colubridae) da Mata AtlânticaDiet and reproduction of two snakes of the genus Tropidodryas (Serpentes, Colubridae) from the Atlantic ForestAlimentaçãoAtlantic ForestDietReproduçãoReproductionSerpentes TropidodryasSnakes TropidodryasForam caracterizadas e comparadas a morfologia, a dieta, a utilização do substrato, a atividade sazonal e a biologia reprodutiva de Tropidodryas serra e T. striaticeps ao longo de toda sua distribuição na Mata Atlântica. Há segregação altitudinal na maior parte da distribuição geográfica das duas espécies-irmãs, T. serra habita predominantemente áreas de baixada e T. striaticeps ocupa as porções mais elevadas. Em localidades onde ocorrem em simpatria, há diferenciações na morfologia, na utilização do hábitat, nos tipos de presas consumidas e na extensão dos ciclos reprodutivos, possibilitando a partilha de recursos entre as duas espécies afins. As fêmeas das duas espécies foram maiores que os machos, indicando que não há combate ritual. Os machos em ambas as espécies apresentaram maiores comprimentos relativos da cauda, da cabeça e do olho que as fêmeas conspecíficas. Nas duas espécies as fêmeas foram mais robustas que os machos. Com relação às diferenças interespecíficas, T. serra é maior e mais pesada e T. striaticeps tem cauda, cabeça e olhos maiores. Nas duas espécies, os juvenis apresentaram a ponta da cauda branca. Os adultos de T. serra alteraram a coloração da ponta da cauda com a mudança nos tipos de presas ingeridas, ao passo que os adultos de T. striaticeps mantiveram a ponta da cauda branca mesmo com a variação na dieta. Poucos foram os indivíduos, em ambas as espécies, com mutilações na ponta da cauda. As duas espécies são diurnas, procuram ativamente por suas presas no solo e sobre a vegetação. Parecem utilizar mais a vegetação para repousar. Tropidodryas serra utiliza a vegetação com maior freqüência que T. striaticeps. Alimentam-se principalmente de mamíferos, mas incluem também aves, lagartos, anuros e serpentes na sua dieta. Tropidodryas serra apresentou maior equitabilidade na freqüência de captura de diferentes itens alimentares. Tropidodryas striaticeps apresentou maior freqüência de indivíduos com alimento no trato digestivo. Há variação ontogenética na dieta: juvenis se alimentam de presas ectotérmicas e adultos, em sua maioria, de endotérmicas. As fêmeas de T. serra foram coletadas com mais freqüência durante os meses mais quentes e chuvosos e os machos tiveram um pico de atividade entre fevereiro e abril. Os machos e as fêmeas de T. striaticeps não apresentaram diferenças na abundância ao longo do ano. Em T. serra as fêmeas atingiram a maturidade sexual antes que os machos coespecíficos, já em T. striaticeps ocorreu o contrário, os machos maturaram antes que as fêmeas. As fêmeas das duas espécies apresentam ciclos sazonais, com vitelogênese secundária e ovos durante a estação chuvosa. Nas fêmeas de T. serra o ciclo reprodutivo é mais restrito, as ninhadas são menores, os recém-nascidos maiores e a freqüência reprodutiva é maior que nas fêmeas de T. striaticeps. O ciclo espermatogênico é contínuo em ambas as espécies. O volume dos testículos e o diâmetro dos ductos deferentes se mantiveram elevados durante todo o ano nas duas espécies congêneres. Portanto, o ciclo sazonal nas fêmeas é pós-nupcial (a produção de ovos é dissociada da época de cópula) e o ciclo contínuo nos machos é pré-nupcial (a cópula ocorre simultaneamente com a produção de espermatozóides).Morphology, diet, habitat use, seasonal activity and reproductive biology were analyzed and compared between Tropidodryas serra and T. striaticeps along their geographical distribution in the Atlantic Forest. The distribution of these sister species do not overlap in most of their range, T. serra have its distribution in lower altitude areas\' while T. striaticeps occurs in higher ones. In some localities where both species occur in sympatry they develop differences in body size, habitat preferences, food items and extension of reproductive cycles allowing them to share the resources. Mature females attained larger body sizes than mature males in T. striaticeps and T. serra, such differences in body length suggest that the ritual combat is absent. Males attained larger lengths of tail, head and eye than did females. In both species females have stouter body than males. Interespecific comparison shows that T. serra has the largest body size and is stouter whereas T. striaticeps has the largest tail, head and eye and is more slender. The juveniles present the tip of the tail white. Tail tip of adults T. serra is suffused with cryptic colors but in T. striaticeps the whitish tail tip remains until adult stage although the ontogenetic dietary changes take place. There were few individuals with tail injures. Both species are diurnal and forage actively on the ground and upon the vegetation. They may use the vegetation to rest. Tropidodryas serra seems to inhabit more frequently the lower branches of the vegetation instead T. striaticeps may use the canopy trees. They feed mainly on mammals, but also prey birds, lizards, anurans and snakes. Tropidodryas serra has a more equitable frequency of capture of food items whereas T. striaticeps shows a higher frequency of individuals with preys in their gut. The ontogenetic shift in diet is present, juveniles prey upon ectothermics and adults feed on endothermic preys. Females of T. serra show a peak of abundance during the warmest and rainy periods of the year and males show a peak of activity in February and April. Both sexes in T. striaticeps were equally distributed among seasons, showing no differences between rainy and dry one. Females attained sexual maturity before males in T. serra, the converse occur to T. striaticeps where males where mature before the co-specific females. Both females of these two closely related species present seasonal reproductive cycles with vitellogenesis and egg-laying occurring at the rainy season. In T. serra females the reproductive cycle is more restrict, the clutch size is smaller, the newborns are bigger and the frequency of reproduction higher than T. striaticeps. The spermatogenic cycle is continuous, testes volume and deferent ducts diameter did not vary throughout the year for both species. The seasonal cycle in females is postnuptial (mating seems to be dissociated from vitellogenesis and egg production) and the continuous cycle in males is prenuptial (the produced sperm is used immediately during the mating).Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMartins, Marcio Roberto CostaOliveira, Fernanda Stender de2008-04-08info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-02062008-134553/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:55Zoai:teses.usp.br:tde-02062008-134553Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:55Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Foram caracterizadas e comparadas a morfologia, a dieta, a utilização do substrato, a atividade sazonal e a biologia reprodutiva de Tropidodryas serra e T. striaticeps ao longo de toda sua distribuição na Mata Atlântica. Há segregação altitudinal na maior parte da distribuição geográfica das duas espécies-irmãs, T. serra habita predominantemente áreas de baixada e T. striaticeps ocupa as porções mais elevadas. Em localidades onde ocorrem em simpatria, há diferenciações na morfologia, na utilização do hábitat, nos tipos de presas consumidas e na extensão dos ciclos reprodutivos, possibilitando a partilha de recursos entre as duas espécies afins. As fêmeas das duas espécies foram maiores que os machos, indicando que não há combate ritual. Os machos em ambas as espécies apresentaram maiores comprimentos relativos da cauda, da cabeça e do olho que as fêmeas conspecíficas. Nas duas espécies as fêmeas foram mais robustas que os machos. Com relação às diferenças interespecíficas, T. serra é maior e mais pesada e T. striaticeps tem cauda, cabeça e olhos maiores. Nas duas espécies, os juvenis apresentaram a ponta da cauda branca. Os adultos de T. serra alteraram a coloração da ponta da cauda com a mudança nos tipos de presas ingeridas, ao passo que os adultos de T. striaticeps mantiveram a ponta da cauda branca mesmo com a variação na dieta. Poucos foram os indivíduos, em ambas as espécies, com mutilações na ponta da cauda. As duas espécies são diurnas, procuram ativamente por suas presas no solo e sobre a vegetação. Parecem utilizar mais a vegetação para repousar. Tropidodryas serra utiliza a vegetação com maior freqüência que T. striaticeps. Alimentam-se principalmente de mamíferos, mas incluem também aves, lagartos, anuros e serpentes na sua dieta. Tropidodryas serra apresentou maior equitabilidade na freqüência de captura de diferentes itens alimentares. Tropidodryas striaticeps apresentou maior freqüência de indivíduos com alimento no trato digestivo. Há variação ontogenética na dieta: juvenis se alimentam de presas ectotérmicas e adultos, em sua maioria, de endotérmicas. As fêmeas de T. serra foram coletadas com mais freqüência durante os meses mais quentes e chuvosos e os machos tiveram um pico de atividade entre fevereiro e abril. Os machos e as fêmeas de T. striaticeps não apresentaram diferenças na abundância ao longo do ano. Em T. serra as fêmeas atingiram a maturidade sexual antes que os machos coespecíficos, já em T. striaticeps ocorreu o contrário, os machos maturaram antes que as fêmeas. As fêmeas das duas espécies apresentam ciclos sazonais, com vitelogênese secundária e ovos durante a estação chuvosa. Nas fêmeas de T. serra o ciclo reprodutivo é mais restrito, as ninhadas são menores, os recém-nascidos maiores e a freqüência reprodutiva é maior que nas fêmeas de T. striaticeps. O ciclo espermatogênico é contínuo em ambas as espécies. O volume dos testículos e o diâmetro dos ductos deferentes se mantiveram elevados durante todo o ano nas duas espécies congêneres. Portanto, o ciclo sazonal nas fêmeas é pós-nupcial (a produção de ovos é dissociada da época de cópula) e o ciclo contínuo nos machos é pré-nupcial (a cópula ocorre simultaneamente com a produção de espermatozóides). |
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