A tristeza no espelho: reflexões sobre o olhar materno a bebês malformados

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gallo, Mirian Arantes
Data de Publicação: 2003
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-23112022-181321/
Resumo: O objetivo deste trabalho é investigar sobre o estado mental de puérperas de bebês com malformação congênita. Este trabalho qualitativo propôs-se conhecer os sentimentos, a mecanismos de defesa, capacidade de identificação maternae de exercício da maternagem de três mães de bebês com malformação congênita, diagnosticada durante os primeiros quatro meses após o parto, através de entrevistas psicológicas e da aplicação do Procedimento Desenhos-Estórias sem tema, de Walter Trinca. Os dados obtidos revelam que as mães, ao receberem a notícia diagnóstica, sentem um \"choque\" e se desorganizam internamente. Mas gradativamente são capazes de se organizar através de mecanismos de defesa neuróticos como repressão, negação, racionalização, formação reativa e ou anulação. São capazes de se identificar com seus bebês e vivenciar o estado de preocupação materna primária, apesar da intensa dor e tristeza sentidas. Sentem-se sozinhas em muitos momentos e necessitam de maior apoio ambiental, seja de seus familiares, seja dos profissionais que as assistem, assim como de atendimento especializado, para melhor organizarem a ambigüidade de emoções vivenciadas. O estado mental vivenciado pelas mães, o que o olhar materno é capaz de refletir e o lugar que cada bebê ocupa na vida de suas mães estão relacionados com a história de vida pregressa de cada mãe. O nascimento de um filho malformado provoca uma ferida narcísica que se soma às feridas anteriores abre e específicas de cada mãe, abrindo-as e intensificando-as. Porém, o encontro e as trocas vivenciadas com o bebê, mesmo que diferente do idealizado, estimulam e proporcionam satisfação e prazer às mães. )O exercício das funções maternas assim como o recebimento de respostas do bebê são capazes de favorecer a criação de um vínculo amoroso com o bebê real, apesar da tristeza que é subliminar. Pode-se concluir que, além do olhar materno funcionar como um espelho e ser fundamental para a constituição do bebê como indivíduo, o \"olhar\" que o bebê é capaz de retornar a seu precursor do espelho é também constitutivo da mãe, enquanto mãe. Este \"olhar\" funciona como um elo que liga olhares recebidos pelas mães de suas respectivas mães. Isto é, o olhar materno atravessa as gerações
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