Sujeito e sentido nas produções textuais das séries iniciais do Ensino Fundamental: o que quer, o que pode essa escrita?
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-19082009-165445/ |
Resumo: | Filiados às construções teóricas da Análise do Discurso de filiação francesa, pretendemos investigar as possibilidades de movimento do sujeito-aluno na produção e leitura dos textos, a saber, as posições de autor e leitor, assumidas, ou não, por alunos do Ensino Fundamental, de uma escola particular de Jaboticabal-SP. Entendemos que, ao ler e interpretar o sujeito assume determinados lugares discursivos, denominados por Pacífico (2002) como fôrma-leitor (repetição do sentido do texto) ou como função-leitor (historicização dos sentidos). Muitas vezes, constatamos, na prática, que estes conceitos não são conhecidos pelos professores, os quais trabalham a linguagem sem perceber se a criança assume uma determinada posição discursiva ou outra, ao ler e escrever. Nesse sentido, a Análise do Discurso fornece um dispositivo teórico que permite ao analista, mesmo sendo interpelado pela ideologia, duvidar dos sentidos legitimados e buscar os indícios presentes nos textos e a inscrição do sujeito em determinado espaço sócio-ideológico, a fim de compreender a singularidade da existência do enunciado produzido. Com base nessas considerações, este trabalho propõe-se a analisar redações de alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental, observando, por meio das marcas linguísticas presentes nos textos, quais posições discursivas eles podem ocupar ao construir sentidos, se eles repetem os sentidos dos textos lidos (fôrma-leitor) ou se eles podem disputar os sentidos postos em jogo, questionar, historicizar o dizer (função-leitor). As análises que realizamos nos mostram que as possibilidades de o sujeito movimentar-se ao produzir ou interpretar um texto estão relacionadas às formações discursivas dominantes que circulam no contexto escolar. Há uma tentativa de naturalização de determinados sentidos e o silenciamento de outros, o que leva o sujeito, pelo efeito ideológico de evidência, a não questionar o sentido legitimado pelas instituições sociais. O resultado da nossa pesquisa mostra-nos que, a maioria dos sujeitos-alunos ficou na posição discursiva de fôrma-leitor e isso, a nosso ver, está relacionado a uma prática pedagógica pautada na interdição do sujeito ao arquivo (Pêcheux, 1997), ao interdiscurso, ao discurso polêmico (Orlandi, 1996). A partir desta pesquisa, entendemos que, trabalhar o interdiscurso no intradiscurso coloca em jogo o funcionamento da linguagem, as condições de produção discursivas, as quais nos levaram à interpretação de que, mesmo inseridos num contexto autoritário como o escolar, sujeitos e sentidos movimentam-se na construção do discurso e as posições discursivas fôrma-leitor/função-leitor ou função-leitor/fôrma-leitor são possíveis para o sujeito, desde que o discurso autoritário abra espaço para o discurso polêmico, permitindo ao sujeito estar em contato com uma multiplicidade de sentidos acerca de determinado tema. |
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Sujeito e sentido nas produções textuais das séries iniciais do Ensino Fundamental: o que quer, o que pode essa escrita?Subject and meaning in the textual production at the starting levels in the fundamental school: What is whiling, what can do this writing?discoursediscurso-sujeito-sentido-leitura-escritameaningreadingsubjectwriting.Filiados às construções teóricas da Análise do Discurso de filiação francesa, pretendemos investigar as possibilidades de movimento do sujeito-aluno na produção e leitura dos textos, a saber, as posições de autor e leitor, assumidas, ou não, por alunos do Ensino Fundamental, de uma escola particular de Jaboticabal-SP. Entendemos que, ao ler e interpretar o sujeito assume determinados lugares discursivos, denominados por Pacífico (2002) como fôrma-leitor (repetição do sentido do texto) ou como função-leitor (historicização dos sentidos). Muitas vezes, constatamos, na prática, que estes conceitos não são conhecidos pelos professores, os quais trabalham a linguagem sem perceber se a criança assume uma determinada posição discursiva ou outra, ao ler e escrever. Nesse sentido, a Análise do Discurso fornece um dispositivo teórico que permite ao analista, mesmo sendo interpelado pela ideologia, duvidar dos sentidos legitimados e buscar os indícios presentes nos textos e a inscrição do sujeito em determinado espaço sócio-ideológico, a fim de compreender a singularidade da existência do enunciado produzido. Com base nessas considerações, este trabalho propõe-se a analisar redações de alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental, observando, por meio das marcas linguísticas presentes nos textos, quais posições discursivas eles podem ocupar ao construir sentidos, se eles repetem os sentidos dos textos lidos (fôrma-leitor) ou se eles podem disputar os sentidos postos em jogo, questionar, historicizar o dizer (função-leitor). As análises que realizamos nos mostram que as possibilidades de o sujeito movimentar-se ao produzir ou interpretar um texto estão relacionadas às formações discursivas dominantes que circulam no contexto escolar. Há uma tentativa de naturalização de determinados sentidos e o silenciamento de outros, o que leva o sujeito, pelo efeito ideológico de evidência, a não questionar o sentido legitimado pelas instituições sociais. O resultado da nossa pesquisa mostra-nos que, a maioria dos sujeitos-alunos ficou na posição discursiva de fôrma-leitor e isso, a nosso ver, está relacionado a uma prática pedagógica pautada na interdição do sujeito ao arquivo (Pêcheux, 1997), ao interdiscurso, ao discurso polêmico (Orlandi, 1996). A partir desta pesquisa, entendemos que, trabalhar o interdiscurso no intradiscurso coloca em jogo o funcionamento da linguagem, as condições de produção discursivas, as quais nos levaram à interpretação de que, mesmo inseridos num contexto autoritário como o escolar, sujeitos e sentidos movimentam-se na construção do discurso e as posições discursivas fôrma-leitor/função-leitor ou função-leitor/fôrma-leitor são possíveis para o sujeito, desde que o discurso autoritário abra espaço para o discurso polêmico, permitindo ao sujeito estar em contato com uma multiplicidade de sentidos acerca de determinado tema.Adopted by the theoretical constructions of French Analysis of Discourse, we intend to research possibilities of movement subject-student in production and reading of texts, more specifically the position reader-writer, taken or not by fundamental school students, in a private school in Jaboticabal- SP/Brazil. We understand that, while reading and interpreting the subject determinates discursive places, denominates by Pacífico (2002) as pattern-reader (repeating of text meaning) or like function-reader (historical view of the meanings). Many times, we realize in practice that these concepts are not known by teachers, the ones whom use the languages not noticing if the children hold on determinate discursive position or other, while reading or writing. In these sense, the Analysis of Discourse provides one theoretical device that allows the analyst, even been interpolate by ideology, to doubt the legitimated meanings and look for traces presents in the text and the subscription of the subject in determinate socio-ideological space, aiming to comprehend the singularity of existence of the produced enunciation. Based on these considerations, this work aim to analyze fundamental first grades students redaction, observing trough linguistics labels present in the text, which discursive positions they could occupy when building meaning, if they repeat the meaning from the read text (pattern-reader) or if they could quarrel the meanings presented, questioning them, putting the speech in a historical way (function-reader). Our analysis show that the possibilities of the subject to make moves while producing or interpreting a text are related to the discursive forms dominating that circulate on the school context. There is a tempting to naturalize determinate meanings and silence others that lead the subject, by the ideological evidence, to do not question the social institutional legitimated meaning. The results of our research show us that mostly students-subject stays on the discursive position of pattern-reader and that, to our sight, it is related to one pedagogical praxis guided by the closure of the subject to the file (Pêcheux, 1997), to the interspeech, to the polemical discourse (Orlandi, 1996). From this research we understand that to work with interspeech on the intraspeech put in risk the language function, the discursive production condition, that has leaded us to interpret that, even inserted in a authoritarian context, such as the school one, subject and meanings interact in the construction of the discourse and the discursive positions pattern-reader/function-reader are possible to the subject, since the authoritative speech open space to the polemical discourse, allowing the subject to be in contact with the multiplicity of meanings around determinate subject.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPacifico, Soraya Maria RomanoIamamoto, Elisangela Nascimento2009-07-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-19082009-165445/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:00Zoai:teses.usp.br:tde-19082009-165445Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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