Monitoramento materno-fetal em éguas gestantes submetidas a protocolo de anestesia geral

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Brito, Pedro Henrique Salles
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/74/74135/tde-03052021-160337/
Resumo: Na medicina veterinária, diversas vezes, necessitamos realizar procedimentos cirúrgicos em animais gestantes, sejam eletivos ou emergenciais. Durante a anestesia geral inalatória em éguas prenhes, existe o risco de que alterações hemodinâmicas e hemogasométricas maternas possam comprometer a perfusão uteroplacentária e/ou oxigenação fetal, aumentando o risco de abortamentos ou partos prematuros. Geralmente, apenas emergências e cirurgias eletivas que não levem risco ao feto são realizadas, evitando-se, ao máximo, a anestesia geral em humanos ou animais gestantes. Em se tratando de equinos, quadros como abdômen agudo, são muitas vezes emergências cirúrgicas, sendo necessária a realização de anestesia geral inalatória na égua prenhe, já com alterações sistêmicas oriundas da afecção envolvida. Neste estudo objetivou-se avaliar as alterações maternas e fetais durante anestesia geral inalatória. Foram anestesiadas 9 éguas em terço final de gestação (>300 dias) e foram analisados parâmetros hemodinâmicos e hemogasométricos ao longo de 90 minutos de anestesia geral inalatória com isoflurano a 1,5 concentração alveolar mínima (CAM) para a espécie, comparando-se simultaneamente com os dados de monitoração fetal, a fim de verificar sofrimento fetal ao longo do procedimento anestésico. Após a recuperação anestésica, as éguas e fetos foram diariamente monitoradas e tiveram todos os partos acompanhados, sendo realizado o escore APGAR para determinar a vitalidade neonatal. Além disso foi coletado sangue do neonato para avaliação de hemograma e perfil bioquímico hepático e renal. Observou-se, ao longo do tempo a redução do pH sanguíneo materno (T0 7,33 ± 0,08, tendo os valores reduzidos em T60 7,24 ± 0,04 e T75 7,24 ± 0,06), a pressão arterial de gás carbônico, apresentou valores a cima dos de referência para a espécie em T30 (60,7 ± 6,26) e T60 (64,15 ± 5,07), a pressão arterial de oxigênio, se elevando apenas em T60 (Fi 100% 149 ± 56,45 mmHg). Com relação à monitoração fetal, observou-se redução da frequência cardíaca a partir de T30 (62,38 ± 7,05), que persistiu ao longo do período anestésico (T75 60,75 ± 5,92), com recuperação dos valores após recuperação anestésica (TPré 84,5 ± 12,07; Tpós 78,11 ± 14,82), demonstrando efeitos deletérios da anestesia nos parâmetros circulatórios fetais. Todas as éguas apresentaram parto dentro do período esperado e os potros receberam pontuação, ao nascimento, APGAR 8, avaliação máxima para todos os potros. Não foram observadas alterações hepáticas e renais nos neonatos. Conclui-se que, apesar das anestesias não ocasionarem perdas gestacionais ou alterações que influenciem o momento do parto, são evidentes as alterações hemodinâmicas maternas transanestésicas e, consequentemente, o sofrimento fetal, evidenciado por redução de frequência cardíaca. Recomenda-se minimizar ao máximo o período em que éguas em terço final de gestação sejam mantidas sob decúbito dorsal e sob efeito de fármacos anestésicos que deprimem o sistema cardiorrespiratório, a fim de minimizar os efeitos deletérios da depressão respiratória e hemodinâmica materna sob o feto.
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Em se tratando de equinos, quadros como abdômen agudo, são muitas vezes emergências cirúrgicas, sendo necessária a realização de anestesia geral inalatória na égua prenhe, já com alterações sistêmicas oriundas da afecção envolvida. Neste estudo objetivou-se avaliar as alterações maternas e fetais durante anestesia geral inalatória. Foram anestesiadas 9 éguas em terço final de gestação (>300 dias) e foram analisados parâmetros hemodinâmicos e hemogasométricos ao longo de 90 minutos de anestesia geral inalatória com isoflurano a 1,5 concentração alveolar mínima (CAM) para a espécie, comparando-se simultaneamente com os dados de monitoração fetal, a fim de verificar sofrimento fetal ao longo do procedimento anestésico. Após a recuperação anestésica, as éguas e fetos foram diariamente monitoradas e tiveram todos os partos acompanhados, sendo realizado o escore APGAR para determinar a vitalidade neonatal. Além disso foi coletado sangue do neonato para avaliação de hemograma e perfil bioquímico hepático e renal. Observou-se, ao longo do tempo a redução do pH sanguíneo materno (T0 7,33 ± 0,08, tendo os valores reduzidos em T60 7,24 ± 0,04 e T75 7,24 ± 0,06), a pressão arterial de gás carbônico, apresentou valores a cima dos de referência para a espécie em T30 (60,7 ± 6,26) e T60 (64,15 ± 5,07), a pressão arterial de oxigênio, se elevando apenas em T60 (Fi 100% 149 ± 56,45 mmHg). Com relação à monitoração fetal, observou-se redução da frequência cardíaca a partir de T30 (62,38 ± 7,05), que persistiu ao longo do período anestésico (T75 60,75 ± 5,92), com recuperação dos valores após recuperação anestésica (TPré 84,5 ± 12,07; Tpós 78,11 ± 14,82), demonstrando efeitos deletérios da anestesia nos parâmetros circulatórios fetais. Todas as éguas apresentaram parto dentro do período esperado e os potros receberam pontuação, ao nascimento, APGAR 8, avaliação máxima para todos os potros. Não foram observadas alterações hepáticas e renais nos neonatos. Conclui-se que, apesar das anestesias não ocasionarem perdas gestacionais ou alterações que influenciem o momento do parto, são evidentes as alterações hemodinâmicas maternas transanestésicas e, consequentemente, o sofrimento fetal, evidenciado por redução de frequência cardíaca. Recomenda-se minimizar ao máximo o período em que éguas em terço final de gestação sejam mantidas sob decúbito dorsal e sob efeito de fármacos anestésicos que deprimem o sistema cardiorrespiratório, a fim de minimizar os efeitos deletérios da depressão respiratória e hemodinâmica materna sob o feto.In veterinary medicine, several times, we need to perform surgical procedures on pregnant animals, whether elective or emergency. During general inhalation anesthesia in pregnant mares, there is a risk that maternal hemodynamic and hemogasometric changes may compromise uteroplacental perfusion and fetal oxygenation, increasing the risk of abortions or premature births. Generally, only emergencies and elective surgeries that do not puts at risk the fetus are performed, avoiding, as much as possible, general anesthesia in pregnant human or animals. In horses, cases such as acute abdomen, are often surgical emergencies, requiring general inhalation anesthesia in the pregnant mare, with all systemic changes from the disease involved. This study aimed to assess maternal and fetal changes during general inhalation anesthesia. Nine mares were anesthetized in the final third of gestation (> 300 days) and hemodynamic and hemogasometric parameters were analyzed over 90 minutes of general inhalation anesthesia with isoflurane at 1.5 minimum alveolar concentration (MAC) for the species, comparing simultaneously with fetal monitoring data, in order to check fetal distress throughout the anesthetic procedure. After anesthetic recovery, mares and fetuses were monitored daily and had all births monitored, with the APGAR score being performed to determine neonatal vitality. In addition, blood was collected from the newborn to assess blood count, hepatic and renal biochemical profile. Over time, a reduction in maternal blood pH was observed (T0 7.33 ± 0.08 - T75 7.24 ± 0.06, with values reduced in T60 and T75), arterial carbon dioxide pressure, showed values above the reference for the species in T30 (60.7 ± 6.26) and T60 (64.15 ± 5.07), the arterial oxygen pressure, rising only in T60 (FiO2 100% 149 ± 56.45 mmHg). Regarding fetal monitoring, a reduction in heart rate was observed from T30 (62.38 ± 7.05), which persisted throughout the anesthetic period (T75 60.75 ± 5.92), with recovery of values after anesthetic recovery (TPré 84.5 ± 12.07; Tpos after 78.11 ± 14.82), showing deleterious effects of anesthesia on fetal circulatory parameters. All mares had full term delivery and the foals received APGAR 8 score at birth, maximum rating for all foals. No hepatic and renal changes were observed in these neonates. It is concluded that, although anesthesia does not cause pregnancy losses or changes that influence the moment of delivery, trans-anesthetic maternal hemodynamic changes are evident and, consequently, fetal distress, evidenced by reduced heart rate. It is recommended to minimize as much as possible the period in which mares in the final third of gestation are kept in the dorsal recumbency and under the effect of anesthetic drugs that depress the cardiorespiratory system, in order to minimize the deleterious effects of maternal respiratory sistem and hemodynamic depression on the fetus.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPDória, Renata Gebara SampaioBrito, Pedro Henrique Salles2020-06-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/74/74135/tde-03052021-160337/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-05-04T19:36:02Zoai:teses.usp.br:tde-03052021-160337Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-05-04T19:36:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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