Teleaudiologia: análise da comunicação profissional/paciente no processo de seleção e adaptação de aparelhos de amplificação sonora individuais via teleconsulta

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Campos, Patricia Danieli
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25143/tde-16082016-102746/
Resumo: Pesquisas demonstraram que a teleconsulta síncrona com vídeo interativo e compartilhamento remoto de aplicativos pode ser utilizada com sucesso na programação e verificação de aparelhos de amplificação sonora individuais (AASIs). Entretanto, esta consulta, mediada via tecnologia de informação e comunicação, pode dificultar a efetiva comunicação profissional/paciente, com consequente impacto negativo na compreensão e retenção da informação, adesão e bem-estar psicológico do paciente durante o tratamento. Este estudo comparou a comunicação nas consultas para adaptação do AASI realizadas face a face e a distância. Participaram do estudo 60 deficientes auditivos, com idades entre 50 e 89 anos (média=69), candidatos ao uso do AASI, divididos em dois grupos conforme a modalidade de atendimento: face a face (n=30) e teleconsulta (n=30). Estes participantes foram atendidos por cinco fonoaudiólogas com experiência na adaptação do AASI e, nas teleconsultas, por mais quatro facilitadores. O software TeamViewer 10© foi utilizado para a transmissão de áudio e vídeo e compartilhamento de dados (conexão via LAN USP, velocidade de 384 Kbps), entre o computador localizado no ambiente de teste, onde estavam o paciente e facilitador, e o ambiente remoto, onde estava a fonoaudióloga. Assim, a fonoaudióloga conduziu os procedimentos de programaçã e verificação do AASI à distância, com auxílio do facilitador. Todas as consultas foram gravadas em formato de vídeo. Dois avaliadores independentes analisaram os vídeos e atribuíram uma pontuação de 0 a 24 pontos para a comunicação ocorrida nas consultas, de acordo com a Escala Global de Pontuação de Consultas (Global Consultation Rating Scale GCRS). Pontuações maiores indicam resultados mais favoráveis. Em média, a duração das teleconsultas foi 10 minutos maior que a das consultas presenciais. Problemas técnicos ocorreram em 27% das teleconsultas, sendo necessário interrompê-las e reiniciá-las. A pontuação média da GCRS foi de 15,3 (presencial) e 12,6 (teleconsulta), sendo esta diferença significativa. Pontuações máximas ou próximas ao máximo não foram encontradas em nenhum dos casos. Para complementar os resultados, foi realizada análise qualitativa de 10 gravações das consultas, face a face (n=5) e a distância (n=5). A análise de conteúdo temático-categorial foi realizada utilizando o software NVivo 10. Nas duas modalidades de consulta, a análise da frequência de ocorrência das categorias indicou predominância da fala do profissional e, quando presente, do facilitador. O teor desta comunicação foi de caráter biomédico, sobressaindo o fornecimento de explicações sobre o uso e manuseio do AASI. A ocorrência de back channels, que podem indicar uma postura de escuta, foi mais frequente para os pacientes e acompanhantes. Concluiu-se que a comunicação nas consultas para adaptação do AASI não foi centrada no paciente, conforme atualmente preconizado. Além disto, esta comunicação sofreu a influência do uso das tecnologias de informação e comunicação. Sendo assim, é reforçada a recomendação da literatura quanto à necessidade de treinamento dos fonoaudiólogos para o uso de habilidades de comunicação efetivas, assim como de estratégias para contornar potenciais obstáculos advindos da interação via teleconsulta.
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Este estudo comparou a comunicação nas consultas para adaptação do AASI realizadas face a face e a distância. Participaram do estudo 60 deficientes auditivos, com idades entre 50 e 89 anos (média=69), candidatos ao uso do AASI, divididos em dois grupos conforme a modalidade de atendimento: face a face (n=30) e teleconsulta (n=30). Estes participantes foram atendidos por cinco fonoaudiólogas com experiência na adaptação do AASI e, nas teleconsultas, por mais quatro facilitadores. O software TeamViewer 10© foi utilizado para a transmissão de áudio e vídeo e compartilhamento de dados (conexão via LAN USP, velocidade de 384 Kbps), entre o computador localizado no ambiente de teste, onde estavam o paciente e facilitador, e o ambiente remoto, onde estava a fonoaudióloga. Assim, a fonoaudióloga conduziu os procedimentos de programaçã e verificação do AASI à distância, com auxílio do facilitador. Todas as consultas foram gravadas em formato de vídeo. Dois avaliadores independentes analisaram os vídeos e atribuíram uma pontuação de 0 a 24 pontos para a comunicação ocorrida nas consultas, de acordo com a Escala Global de Pontuação de Consultas (Global Consultation Rating Scale GCRS). Pontuações maiores indicam resultados mais favoráveis. Em média, a duração das teleconsultas foi 10 minutos maior que a das consultas presenciais. Problemas técnicos ocorreram em 27% das teleconsultas, sendo necessário interrompê-las e reiniciá-las. A pontuação média da GCRS foi de 15,3 (presencial) e 12,6 (teleconsulta), sendo esta diferença significativa. Pontuações máximas ou próximas ao máximo não foram encontradas em nenhum dos casos. Para complementar os resultados, foi realizada análise qualitativa de 10 gravações das consultas, face a face (n=5) e a distância (n=5). A análise de conteúdo temático-categorial foi realizada utilizando o software NVivo 10. Nas duas modalidades de consulta, a análise da frequência de ocorrência das categorias indicou predominância da fala do profissional e, quando presente, do facilitador. O teor desta comunicação foi de caráter biomédico, sobressaindo o fornecimento de explicações sobre o uso e manuseio do AASI. A ocorrência de back channels, que podem indicar uma postura de escuta, foi mais frequente para os pacientes e acompanhantes. Concluiu-se que a comunicação nas consultas para adaptação do AASI não foi centrada no paciente, conforme atualmente preconizado. Além disto, esta comunicação sofreu a influência do uso das tecnologias de informação e comunicação. Sendo assim, é reforçada a recomendação da literatura quanto à necessidade de treinamento dos fonoaudiólogos para o uso de habilidades de comunicação efetivas, assim como de estratégias para contornar potenciais obstáculos advindos da interação via teleconsulta.Researches have shown that the synchronous teleconsultation with interactive video and remote application sharing can be used successfully in programming and verification of hearing aids (HAs). However, this consultation, mediated via information and communication technology and communication, may difficult the effective communication professional/patient, with consequent negative impact on patients comprehension and retention of information, adherence and psychological welfare of the patient during the treatment. This study compared the communication in HA fitting consultations performed face-to-face and at distance. Participated in this study 60 hearing impaired, aged between 50 and 89 years (average=69), candidates to the HA use, divided into two groups according to the attendance modality: face to face (n=30) and teleconsultation (n=30). These participants were attended by five audiologists with expertise in hearing aid fitting and, in the teleconsultations, for another four facilitators. The TeamViewer software 10© was used to transmit audio and video and data sharing (connection via LAN USP, 384 Kbps speed), amongst the computer located in the test environment, where were the patient and the facilitator, and the remote environment, where was the audiologist. Thus, the audiologists conducted the programming procedures and examination of the hearing aid at the distance, with the facilitators assistance. All consultations were recorded in video format. Two independent examiners evaluated the videos and assigned a score of 0 to 24 points for communication occurred in the consultations, according to the Global Consultation Rating Scale GCRS. Higher scores indicate better results. On average, the duration of the teleconsultation was 10 minutes longer than the face to face consultations. Technical problems occurred in 27% of teleconsultation, being necessary to interrupt and restart them. The average score of the GCRS was 15.3 (in-person) and 12.6 (teleconsultation), and this is a significant difference. High scores or close to the maximum were not found in any of the cases. To complement the results, was performed qualitative analysis of 10 recordings of the consultations, face to face (n=5) and teleconsultation (n=5). The thematic categorical content analysis was performed using the NVivo software 10. In the two modalities of consultation, the categories\' occurrences frequency\'s analysis indicated a predominance of the professional speech and, when presence, of the facilitator. The contente of this communication was biomedical, protruding the providing explanations about the using and the HA handling. The occurrence of back channels, which can indicate a listening posture, was more common for patients and their companions. It was concluded that the communication in HA fitting consultations was not patient centered, as currently recommended. Furthermore, this communication has suffered the influence of the use of information and communication technologies. Thus, is strengthened the recommendation of literature regarding the need for training of audiologists to use effective communication abilities, as well as strategies to avoid potential obstacles arising from the interaction via teleconsultation.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFerrari, Deborah VivianeCampos, Patricia Danieli2016-03-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25143/tde-16082016-102746/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-09T13:16:04Zoai:teses.usp.br:tde-16082016-102746Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-09T13:16:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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