Contribuição ao conhecimento dos nectários de algumas espécies da flora apícola
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1954 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20231122-092818/ |
Resumo: | Para melhor compreensão do estudo que fizemos em torno de algumas plantas apícolas que vegetam em terreno da Escola adjacências, dividimos o presente trabalho em duas partes. Na primeira, apresentamos um resumo histórico das várias concepções relativas aos nectários, fazendo a seguir, algumas considerações sobre a importância da flora nectarífera, fatores que afetam a secreção do néctar, tipos gerais de nectários e sua estrutura anatômica. Das diversas concepções sobre nectários, esposadas pelos autores citados, concluímos que o vocábulo nectário tem um sentido muito amplo, abrangendo desde simples tecidos, glândulas secretoras de néctar, ate órgãos morfologicamente definidos, especializados na produção de nectar. Na segunda, tratamos do estudo feito sobre 27 espécies apícolas, considerando seus caracteres botânicos, época de florescimento, localização, forma, estrutura anatômica dos nectários, bem como a produção e concentração do néctar. Investigamos, também, se as flores, pela sua conformação, eram ou não de fácil acesso às abelhas (Apis e Trigona) para a coleta do néctar. Os nectários encontrados nas 27 espécies estudadas foram divididos em dois grandes grupos: a) nectários extra-florais; b) nectários florais. No primeiro, citamos o nectário do invólucro globoso do, ciátio de Euphorbia pulcherrima, cuja estrutura interna se apresenta, com células epidérmicas bem unidas entre si e com paredes periclinais finas. No segundo grupo, estão incluídos os seguintes nectários: a) conjunto de pêlos glandulares, formados por haste e cabeça, situados nas sépalas de Hibiscus rosa sinensis e Dombeya Wallichii e no tubo estaminal de Antigonum leptopus; b) representados pela superfície do receptáculo de Prunus persica, Crotalaria, paulinia, Caesalpinia sepiaria e Aberia caffra, revestida de epiderme com células de paredes periclinais, e espessas, cutinisadas e com estômatos; c) Órgãos de consistência carnosa, situados no receptáculo floral de: 1) Coffea arábica var. semper florens, Citrus aurantifolia, Cinchona sp e Pyrostegia ígnea, recobertos por epidermes com células de paredes periclinais, levemente espessadas e com estômatos; 2) Leonurus sibiricus, Batocydia unguis, Ipomoea purpurea, Vernonia polyanthes, Montanoa bipinatifida, Eucalyptus tereticornis e Eucalyptus rostrata,, apresentando epidermes com células de membranas periclinais pouco desenvolvidas e sem estômatos; 3) Grevillea Thelemanniana, Dolichos lablab, como uma emergência semi-circular do receptáculo; 4) Eruca sativa, Brassica juncea, sendo 2 com a forma globosa e 2 com a forma de uma clava, de epiderme com células de membranas finas e sem estômatos; 5) Salvia splendens com a forma de um elmo e também de epidermes com células de membranas finas e sem estômatos; d) representados pela base do ovário de Buddleia brasiliensis e Petrea subserrata, com epiderme de células de paredes periclinais finas, sem estômatos e dispostas em paliçada; e) representados pela base do estame, de origem estaminal, de Persea Americana, com estrutura papilhosa. Conclui-se, portanto, que a maioria dos nectários e de natureza floral e todos estão situados no receptáculo como um apêndice do mesmo, de consistência carnosa, com formas variadas (disco, elmo, emergências laminares, globosos, etc.). Do ponto de vista anatômico, verifica-se que a maioria dos nectários estudados possui um tecido secretor externo formado por células epidérmicas, de paredes periclinais finas e sem estômatos, o qual recobre os tecidos subjacentes que possuem reservas de açúcares em suas células. As espécies estudadas têm, na maioria, o seu florescimento, durante o período de maio a outubro e permitem fácil acesso as abelhas (Apis e Trigona). Quanto à concentração do néctar das 27 espécies, verificamos que 3 delas (Eucalyptus tereticornis, Eucalyptus rostrata e Caesalpinia sepiaria) apresentavam elevadíssima concentração (70 a 80%), e 3 (Crotalaria paulinia, Dolichos lablab e Buddleia brasiliensis) um pouco menos elevada (50 a 70%), 10 (Petrea subserrata, Montanoa bipinatifida, Ipomoea purpúrea, Coffea arábica var. semper florens, Citrus aurantifolia, Antigonum leptopus, Batocydia unguis, Vernonia polyanthes, Brassica juncea e Persea Americana) de concentração média ( 35 a 50%) e as demais com baixa concentração (menos de 35%). Levando em consideração a quantidade e a concentração do néctar, época de florescimento, conformação da flor, posição, forma e estrutura dos nectários, facilidade para a coleta do néctar pelas abelhas, concluímos que a maioria das espécies estudadas merece figurar na categoria de plantas nectaríferas de valor apícola. |
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Na segunda, tratamos do estudo feito sobre 27 espécies apícolas, considerando seus caracteres botânicos, época de florescimento, localização, forma, estrutura anatômica dos nectários, bem como a produção e concentração do néctar. Investigamos, também, se as flores, pela sua conformação, eram ou não de fácil acesso às abelhas (Apis e Trigona) para a coleta do néctar. Os nectários encontrados nas 27 espécies estudadas foram divididos em dois grandes grupos: a) nectários extra-florais; b) nectários florais. No primeiro, citamos o nectário do invólucro globoso do, ciátio de Euphorbia pulcherrima, cuja estrutura interna se apresenta, com células epidérmicas bem unidas entre si e com paredes periclinais finas. No segundo grupo, estão incluídos os seguintes nectários: a) conjunto de pêlos glandulares, formados por haste e cabeça, situados nas sépalas de Hibiscus rosa sinensis e Dombeya Wallichii e no tubo estaminal de Antigonum leptopus; b) representados pela superfície do receptáculo de Prunus persica, Crotalaria, paulinia, Caesalpinia sepiaria e Aberia caffra, revestida de epiderme com células de paredes periclinais, e espessas, cutinisadas e com estômatos; c) Órgãos de consistência carnosa, situados no receptáculo floral de: 1) Coffea arábica var. semper florens, Citrus aurantifolia, Cinchona sp e Pyrostegia ígnea, recobertos por epidermes com células de paredes periclinais, levemente espessadas e com estômatos; 2) Leonurus sibiricus, Batocydia unguis, Ipomoea purpurea, Vernonia polyanthes, Montanoa bipinatifida, Eucalyptus tereticornis e Eucalyptus rostrata,, apresentando epidermes com células de membranas periclinais pouco desenvolvidas e sem estômatos; 3) Grevillea Thelemanniana, Dolichos lablab, como uma emergência semi-circular do receptáculo; 4) Eruca sativa, Brassica juncea, sendo 2 com a forma globosa e 2 com a forma de uma clava, de epiderme com células de membranas finas e sem estômatos; 5) Salvia splendens com a forma de um elmo e também de epidermes com células de membranas finas e sem estômatos; d) representados pela base do ovário de Buddleia brasiliensis e Petrea subserrata, com epiderme de células de paredes periclinais finas, sem estômatos e dispostas em paliçada; e) representados pela base do estame, de origem estaminal, de Persea Americana, com estrutura papilhosa. Conclui-se, portanto, que a maioria dos nectários e de natureza floral e todos estão situados no receptáculo como um apêndice do mesmo, de consistência carnosa, com formas variadas (disco, elmo, emergências laminares, globosos, etc.). Do ponto de vista anatômico, verifica-se que a maioria dos nectários estudados possui um tecido secretor externo formado por células epidérmicas, de paredes periclinais finas e sem estômatos, o qual recobre os tecidos subjacentes que possuem reservas de açúcares em suas células. As espécies estudadas têm, na maioria, o seu florescimento, durante o período de maio a outubro e permitem fácil acesso as abelhas (Apis e Trigona). Quanto à concentração do néctar das 27 espécies, verificamos que 3 delas (Eucalyptus tereticornis, Eucalyptus rostrata e Caesalpinia sepiaria) apresentavam elevadíssima concentração (70 a 80%), e 3 (Crotalaria paulinia, Dolichos lablab e Buddleia brasiliensis) um pouco menos elevada (50 a 70%), 10 (Petrea subserrata, Montanoa bipinatifida, Ipomoea purpúrea, Coffea arábica var. semper florens, Citrus aurantifolia, Antigonum leptopus, Batocydia unguis, Vernonia polyanthes, Brassica juncea e Persea Americana) de concentração média ( 35 a 50%) e as demais com baixa concentração (menos de 35%). 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